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O Quarteto do pianista Dave Brubeck faz parte da minha memória musical e constantemente revisitado ao ouvir a chamada Time Signatures, onde é provado que a música jazzística pode ser muito bem tocada independente do compasso.

 

Bem no início da minha vida de adolescente eu tinha um vizinho no prédio, pai de um grande amigo meu de infância, que trabalhou durante anos na Companhia Industrial de Discos, fábrica onde eram prensados os discos da CBS.

Um belo dia, ele passa na minha casa e me entrega um elepê chamado Time Out, gravação do Quarteto do pianista Dave Brubeck. Isso coincidiu com a época onde eu começava a ouvir e conhecer o Jazz, de quem iria me tornar fã para o resto da minha vida. Aquele som do quarteto era novidade, e eu fiquei particularmente impressionado com a sonoridade e a criatividade do sax alto de Paul Desmond. Aliás, quando eu ouvi Desmond se envolver com o lirismo e as harmonias da Bossa Nova muito mais tarde, eu não fiquei surpreso.

Gozado é que eu conheci fãs de Jazz que relutavam em reconhecer os méritos de alguns dos grandes músicos deste gênero. Décadas atrás eu conheci o João Maurício, homem abastado e de gosto musical inquestionável, que se prezava em ter mais de 13 mil discos de Jazz. E quando ele não gostava de algum músico ou conjunto ele dizia que lhes faltavam o “espírito do Jazz”. Eu nunca perguntei a ele, infelizmente, o que ele achava do Dave Brubeck, porque não faltaram comentários negativos na minha adolescência de que a música de Brubeck não era “Jazz”.

E claramente a música de Bruneck não era e nunca foi o chamado “Jazz Tradicional”, e nem precisava. Porque se existe algo fundamentalmente importante no Jazz é a liberdade com a qual os músicos interpretam a música!

Quando “Time Out” chegou lá em casa, eu notei que estava diante de algo muito novo, sem conhecer absolutamente nada de teoria musical. Logo na primeira faixa do lado A do disco “Blue Rondo à la Turk” me mostrou claramente o que eu sentia. Na terceira faixa do mesmo lado constava “Take Five”, composta por Paul Desmond, que iria depois se tornar um standard do Jazz Moderno.

 

 

Brubeck havia inaugurado uma sequência de composições e intepretações que viria a ser conhecida como “Time Signatures”, provando inequivocamente que a música jazzística poderia ser tocada no compasso que se quisesse. Na década de 1990, uma caixa com os discos Time Out, Time Further Out, Time Changes, Countdown: Time In Outer Space e Time In, foi lançada em CD, com uma remasterização dedicada:

 

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O Quarteto de Dave Brubeck ficou por muitos anos com a mesma composição: Paul Desmond, sax alto, Eugene Wright no contrabaixo e Joe Morello na bateria:

 

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Posteriormente outros músicos se juntaram, como Gerry Mulligan, sax barítono, por exemplo, mas essencialmente a música continuou com a mesma criatividade. No disco The Real Ambassadors, de 1962, Brubeck se juntou a um grupo de músicos do Jazz tradicional e o Jazz moderno. Fez algo semelhante posteriormente com o disco Summit Sessions, ainda gravado para a CBS, mostrando assim a integração entre todos os gêneros de música.

Dave Brubeck viveu até 91 anos, tendo falecido em dezembro de 2012, vítima de insuficiência cardíaca. Deixou um enorme legado para todos aqueles que gostam do seu estilo musical. É uma pena que ninguém sobrou do seu lendário Quarteto. O mais longevo de todos foi Eugene Wright, que faleceu em dezembro de 2020 com 97 anos. Paul Desmond desapareceu em 1977, aos 52 anos e Joe Morello em 2011, aos 82 anos.

Existe ainda um site dedicado ao grande pianista, e um canal do YouTube com vídeos e assuntos da sua obra.

Para mim, a obra do seu Quarteto representou um estágio evolutivo importante na apreciação da música jazzística, e creio, até hoje, que ninguém precisa conhecer música a fundo para gostar do que foi gravado, basta apenas ter, como sempre, sensibilidade!  Outrolado_

 

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Afinal, quem criou a Bossa Nova?

 

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Avatar de Paulo Roberto Elias

Paulo Roberto Elias é professor e pesquisador em ciências da saúde, Mestre em Ciência (M.Sc.) pelo Departamento de Bioquímica, do Instituto de Química da UFRJ, e Ph.D. em Bioquímica, pela Cardiff University, no Reino Unido.

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