Aos quase 90 anos, o Maestro John Williams nos brinda com a sua obra para o cinema, em magnífico concerto com a Filarmônica de Viena. O disco em Blu-Ray contém trilha em Dolby Atmos, incluindo o formato Pure Audio.
Um amigo meu norte-americano me mandou um Blu-Ray com a gravação do concerto do compositor John Williams, conhecido de todos os fãs de cinema, realizado em Viena em 2020, regendo a orquestra Filarmônica de Viena. Depois de uma espera excruciante, cortesia do correio brasileiro, o disco finalmente chegou às minhas mãos:
Para mim, não poderia ser melhor: a união entre o cinema e a música sempre me trouxe uma experiência auditiva difícil de igualar. Eu já tinha, a convite do meu filho mais novo, uma experiência inesquecível no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, em um concerto maravilhoso da Orquestra Sinfônica Brasileira, executando magnificamente peças de John Williams, com a regência do Maestro Lee Mills.
O concerto em Blu-Ray, uma nova e fascinante experiência auditiva
Na década de 1980, o prestigiado selo Deutsche Grammophon lançou em videodisco (Laserdisc) uma série memorável de concertos de música erudita. Este lançamento em Blu-Ray me faz lembrar todas as iniciativas da gravadora neste sentido.
O Maestro Herbert Von Karajan teria um dia dito algo do tipo que o futuro da música estaria no vídeo, se referindo às gravações em salas de concerto principalmente. Pois bem: a evolução do vídeo e do áudio, a níveis nunca antes sonhados, teriam dado razão ao notável maestro. A nova edição em alta definição é agora aliada ao que há de melhor em qualidade de áudio. O ouvinte pode escolher a trilha que quiser, todas de altíssima qualidade, mas a melhor delas, sem sombra de dúvida, é aquela com Dolby Atmos.
A trilha com Dolby Atmos dá aquela sensação de “estar lá” na sala de concerto. Durante toda a vida uma das grandes ambições dos audiófilos foi a qualidade da ambiência na música gravada. O som 3D alcança este objetivo com incrível facilidade. O resultado auditivo é excepcional, em todos os sentidos: fidelidade, dinâmica e localização espacial.
A nova edição traz também consigo a versão em Pure Audio, que consiste em ouvir a música sem a imagem ao vivo, mas neste caso a trilha é a mesma em Dolby Atmos, e, no caso, está limitada a algumas das faixas. Para mim, sendo esta a primeira experiência com este tipo de formato, não achei o resultado convincente, até porque o casamento entre imagem e som neste tipo de concerto supera a mera audição do áudio, seja lá de que formato for.
A parte de vídeo é excelente, e eu passo aqui algumas capturas ilustrativas, onde aparecem o maestro e a solista Anne-Sophie Mutter, com quem John Williams trabalhou em concertos de outras praças:
Nota-se que o auditório está superlotado. A entrada do maestro na sala é cercada de um entusiasmo que parece tê-lo deixado emocionado, e isso nos mostra, entre outras das suas virtudes como compositor, a força que o cinema tem na promoção desses inegáveis valores!
O leitor pode assistir alguns clipes do concerto, divulgados promocionalmente pela gravadora. Um deles, o que talvez tenha sido de maior impacto na plateia, é o da Marcha Imperial de Star Wars:
John Williams fala em entrevista que aquela peça não tinha sido programada, mas foi solicitada inclusive pelos músicos, e no final ele ficou emocionado com a qualidade da performance e da recepção calorosa do público:
De fato, quem está assistindo ao vídeo percebe o calor da plateia frente à execução primorosa de uma das mais interessantes trilhas do cinema
A obra de John Williams é extensa, o maestro está agora próximo dos 90 anos de idade, mas felizmente continua ativo e nos brindando com a sua presença e o seu brilho como compositor e maestro.
A orquestração dos filmes foi um dos maiores avanços do cinema. Todos os formatos estereofônicos contribuíram para isso! Ouvir trilhas antigas com codecs modernos nos permitiu inclusive apreciar com mais profundidade o valor das orquestrações originais incluídas nos mais antigos dos filmes.
Gostaria eu de estar lá presente quando John Williams deu este concerto, mas estando em casa com uma edição desta qualidade não deixa de ser recompensante! Outrolado_
. . .
Concerto da OSB em noite inesquecível para os amantes do cinema
A minha primeira experiência em uma sala de cinema com Dolby Atmos
Paulo Roberto Elias
Paulo Roberto Elias é professor e pesquisador em ciências da saúde, Mestre em Ciência (M.Sc.) pelo Departamento de Bioquímica, do Instituto de Química da UFRJ, e Ph.D. em Bioquímica, pela Cardiff University, no Reino Unido.
0 resposta
Sempre gostei de música erudita, desde o barroco até a música do século XX, ou, melhor ainda, de toda música sinfônica. Há um esforço imenso para se orquestrar e executar, como o próprio nome diz em “sin fonia” tudo junto ao mesmo tempo. É um espetáculo ao vivo ver quão importantes são os músicos e sua dedicação. Um concerto é quase um culto religioso, uma cerimônia que requer respeito e atenção. O vídeo, sem dúvida, com bom áudio é onde encontro um oásis de paz, quando não é possível ver, por exemplo, na Sala São Paulo, ou no Teatro Municipal.
Oi, Felipe, eu não esqueci a sua sugestão sobre uma abordagem sobre as opções de áudio. O texto está na pauta do editor e deve ser publicado em breve.
Sempre gostei de música erudita, desde o barroco até a música do século XX, ou, melhor ainda, de toda música sinfônica. Há um esforço imenso para se orquestrar e executar, como o próprio nome diz em “sin fonia” tudo junto ao mesmo tempo. É um espetáculo ao vivo ver quão importantes são os músicos e sua dedicação. Um concerto é quase um culto religioso, uma cerimônia que requer respeito e atenção. O vídeo, sem dúvida, com bom áudio é onde encontro um oásis de paz, quando não é possível ver, por exemplo, na Sala São Paulo, ou no Teatro Municipal.
Oi, Felipe, eu não esqueci a sua sugestão sobre uma abordagem sobre as opções de áudio. O texto está na pauta do editor e deve ser publicado em breve.