A diferença entre norma culta e norma-padrão

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Nossa língua está sujeita à variação, determinada pelo contexto, seja ele histórico, geográfico ou sociocultural

 Saiba utilizar a norma culta e norma-padrão, quais são os contextos, as diferenças e porque falamos em “preconceito linguístico”.

 

Você já reparou como nossa linguagem muda de acordo com o contexto? A forma como você fala muda dependendo do interlocutor ou do local que você está. Afinal, você não fala com seus amigos da mesma forma que se comunicaria em uma entrevista de emprego, certo? O mesmo vale para a linguagem escrita — o e-mail para seu chefe é diferente do e-mail para sua mãe.

Mas, será que a linguagem inserida em cada contexto deve estar na norma culta ou norma padrão? Muitas vezes, a forma como falamos é considerada por certas pessoas como “errada”. No entanto, nem sempre isso se aplica. A língua é viva e está em constante mudança. Claro, existem padrões determinados para o Português do Brasil. Entretanto, a prática da língua também exerce influência sobre essas normas.

Neste artigo, explico o que é norma culta e norma-padrão, quais as diferenças entre cada uma, onde são normalmente utilizadas e como a língua se altera de acordo com o uso oral.

Norma culta e norma-padrão: diferenças

Para definir o que consideramos certo ou errado na língua, é necessário entender o que é norma culta e norma-padrão. Assim, podemos compreender quais são os contextos levados em conta em cada uma e qual é o histórico. Mas antes, o que é norma?

Norma é tudo que é considerado como lei, regra, como “normal”, ou próprias do uso natural. Não se pode afirmar que o que é norma é automaticamente bom, é apenas natural que aconteça em determinado grupo de pessoas.

Quando falamos em linguística, norma é um conjunto de regras que determinam o uso da língua. Existem duas: padrão e não padrão, além da culta. Esta última é resultado da prática da língua em meios sociais considerados cultos. Toma-se como base pessoas com formação de nível superior e foi desenvolvida por meio de pesquisas de campo. Desde então, como não foram feitos outros estudos, a norma culta caiu em desuso.

Já a norma-padrão é o modelo convencional estipulado por gramáticos, ou seja, estudiosos da língua. Ela segue os preceitos da transformação da língua por meio de seus falantes e por isso é sempre atualizada. Dessa forma, a norma-padrão é ensinada nas escolas e cobrada em provas como o Enem.

Além disso, quem segue a norma-padrão nem sempre é considerado como falante culto e vice versa. Uma pessoa pode falar fora da norma-padrão e escrever de acordo com a gramática, por exemplo. Tudo vai depender do que o contexto exige. Ou seja, quando quiser falar sobre “norma-padrão”, nunca se refira a ela como norma culta.

Qual norma é ensinada nas escolas

 

Como você pode ver, a ideia de que existe certo e errado na língua portuguesa é muitas vezes equivocada. A norma culta já não é mais parecida com a norma-padrão, nem mesmo em contextos que exigem formalidade. O desencontro ocorreu porque a língua se altera constantemente e vai continuar se transformando.

Claro, a norma-padrão deve ser ensinada nas escolas, assim como deve-se ensinar Matemática, Biologia, Geografia, dentre outras. Mas é importante que o professor ensine mais do que apenas uma lista de regras gramaticais, com exercícios e provas para saber se o estudante “conhece a língua”.

No entanto, estamos todos inseridos em um meio que dita as transformações da linguagem. Os alunos aprendem a falar porque ouvem seus pais que provavelmente falam em tom informal perto deles. E isso é normal! Devemos aprender a norma-padrão, mas tomar cuidados para que o que foge dela não seja sempre “errado”.

Entenda um pouco mais sobre isso a seguir.

O que é preconceito linguístico

Como você viu acima, norma culta e norma-padrão são duas coisas bem distintas. Nossa língua está sujeita à variação, determinada de acordo com o contexto, seja ele histórico, geográfico ou sociocultural.

Não há como negar as variações presentes no Brasil, que é o quinto maior país do mundo em extensão territorial. Os falantes, devido a posição geográfica, dentre outras influências, ajustam a linguagem de formas diferentes — surgem neologismos no sudeste que uma pessoa do Norte pode nunca ter ouvido falar!

Essas variações não são erros. Assim, se consideramos que algo que uma pessoa fala está “errado” por ser desconhecido para nós, cometemos o chamado “preconceito linguístico”. A verdade é que a língua é um patrimônio cultural do Brasil. A diversidade da nossa comunicação faz parte de nossa cultura e por isso não pode ser considerada como mais “feia” ou errônea.

Procure se informar sobre a riqueza da língua Portuguesa! Você com certeza vai se surpreender.

Para complementar a leitura, não deixe de ler também: Nova ortografia: a língua é um organismo vivo e incontrolável.

[Webinsider]

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Nova ortografia: a língua é um organismo vivo e incontrolável

Avatar de Íris Marinelli Pedini

Jornalista e produtora freelancer de conteúdo digital especializada em inbound marketing. Sempre em busca de coisas novas para ler e fascinada por aprender cada vez mais.

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4 respostas

  1. Agradeço muito por suas explicações, porém você fez parecer que a norma culta trata de um registro defunto da língua portuguesa e confesso que quase chorei de tamanha dor que senti. Alfabetizei minha filha, aos três anos de idade, a goles de Machado de Assis, de modo que ela lia tudo que lhe caía às mãos aos quatro anos: gibis, livrinhos da Ruth Rocha, Ana Maria Machado, Érico Veríssimo, Cecilia Meirelles, as fábulas de Esopo e Os Bich(inh)os de Miguel Torga, mas, já então, conhecia bem os superlativos do Sr. José Dias do nosso maior de todos. Custa-me crer que a norma culta venha perdendo a batalha para o registro mais informal da nossa língua. Volto, contudo, a lhe agradecer por suas explanações, motivo destes comentários.

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