A cada novo modelo de TV novos processadores de imagem são introduzidos. Os processadores α9, no caso da LG, prometem fundos e mundos no aprimoramento das imagens reproduzidas, com o uso de inteligência artificial.
Segundo o levantamento histórico da propaganda da LG 10 anos se passaram até o atual estágio de aprimoramento das telas OLED. No que me concerne, já se passaram 12 anos desde que a tecnologia OLED, de diodos orgânicos emissores de luz, se tornou promissora na construção de telas de TV.
A LG foi, de fato, a pioneira nas construções de telas OLED, mas não deixou de enfrentar problemas derivados da natureza química dos pixels, uma delas o aparecimento de manchas na tela, resultantes da deterioração das substâncias usadas para a emissão de luz. Aqui em casa, eu enfrentei este problema, com o modelo LG 65E7P. Na época, o reparo da TV teria sido a troca do painel da tela, possível de ser feito, mas por um valor acima de 30 mil reais, reparo muitíssimo mais caro do que uma TV nova.
As principais mudanças na tecnologia OLED não envolveram somente os aprimoramentos no design dos pixels, ou a inclusão de pontos quânticos, mas também a coparticipação de melhores CPUs e circuitos de vídeo dos novos modelos. E é neste último aspecto que se encaixam os processadores α9, de diversas gerações e recursos, desenvolvidos pela LG.
Esses processadores executam múltiplas funções de aprimoramentos da imagem. Impedem, por exemplo, que as tonalidades incompletas de cores exibam um faixa irregular de um tom de cor, conhecido como “color banding”, indicando assim uma baixa resolução de reprodução:
A principal introdução em todos os aperfeiçoamentos conquistados foi a construção de algoritmos de inteligência artificial. O termo “inteligência artificial” é antigo, e em algumas vezes vago! A hoje tão propalada inteligência dos computadores foi inicialmente sugerida pelo matemático Alan Turing, pioneiro no assunto, que chegou a propor um jogo da imitação, o qual pesquisava se uma pessoa seria capaz de distinguir se a resposta a uma pergunta fosse respondida por um ser humano ou pela máquina.
O conceito moderno de inteligência artificial se refere hoje muito mais à elaboração de códigos de programas capazes de analisar, modificar e arrumar soluções, diante de problemas recorrentes de uma determinada tecnologia.
E tais soluções, que hoje se fazem necessárias, se referem ao tratamento da imagem com aprimoramento HDR (High Dynamic Range), que consiste no aumento da captura e posterior exibição de imagens coloridas.
O HDR é uma conquista da tecnologia de captura da imagem digital. Filmes fotográficos foram, no passado, alvos de mudanças de produtos químicos nas emulsões, com o objetivo de melhorar a captura de luz dos objetos fotografados. Munido de uma câmera digital, é agora possível, não só capturar a imagem, mas pós processá-la em tempo real, com tratamento HDR automaticamente. Este recurso já existe, há algum tempo, nos telefones celulares dos modelos inteligentes, os “Smart phones”.
O desempenho de um processador dentro das TVs
O advento da televisão inteligente (“Smart TV”) só foi possível depois que processadores de imagem foram desenvolvidos, junto com outros chips similares, nas placas de vídeo das TVs. Tal como um computador convencional, estes processadores permitem rodar um sistema operacional e aplicativos. No caso específico da LG, o sistema operacional leva o nome de webOS, ou “WebOS”, programa de código aberto desenvolvido com linguagem Java e C++. De acordo com o modelo lançado, uma nova versão do webOS é instalada e depois atualizada. Aparentemente, a versão mais atual é a 24, incluída nas TVs LG C4, da geração mais recente.
Os processadores α9 também variam de versão, a mais nova no chip α9 Geração 7. A minha antiga TV, modelo C1, trouxe um processador Geração 4, e a mais recente, modelo C3, um chip da geração 6.
A diferença entre esses processadores pode ser drástica ou até imperceptível, de acordo com o usuário final. Teoricamente, a cada geração dos α9 a capacidade de análise da imagem é realizada por novos algoritmos de inteligência artificial. Além disso, novos recursos de ajuste de imagem, que levam nomes de fantasia sofisticados, são também introduzidos, como, por exemplo, “Dolby Vision IQ”, ou “HDR Pro”,
O usuário final pode nem tomar conhecimento desses nomes, dependendo do grau de exigência ou conhecimento de cada um. O que importa mesmo, é a qualidade da imagem obtida, e a capacidade da TV de decodificar corretamente os múltiplos formatos de áudio e vídeo. Na série C3 da LG, por exemplo, a TV já reproduz vídeos com DTS e DTS:X, o que não acontecia no modelo C1.
Um detalhe importante, mas que nem todo mundo se dá conta, é qualidade nativa, intrínseca do material a ser reproduzido. Imagens com baixa resolução nativa poderão não dar um bom resultado em upscaling para telas 4K. É, por isso, importante, escolher sempre a fonte de vídeo com a melhor resolução possível.
Nem sempre os aprimoramentos de imagem são traduzidos por melhorias na reprodução dos programas em vídeo. Eu cito, neste particular, um recurso que apareceu como a solução do judder em imagens de filmes, interpolando quadros para evitar o arraste de movimento. Este recurso, que leva nomes diversos, acaba por introduzir na tela uma falsa imagem, que se assemelha a uma imagem convencional de TV, e não a de um filme de cinema, e foi, por isso mesmo, apelidado de “soap opera effect” entre os entusiastas de home theater. O termo “soap opera” se refere às novelas transmitidas nas emissoras norte-americanas.
Outros recursos também deveriam permanecer desativados, como filtros MPEG, filtros antirruído, etc. Na reprodução nativa da alta definição, estes tipos de filtragem não têm mais nenhuma serventia, mas os fabricantes insistem em deixa-los habilitados nas TVs que saem das fábricas.
Independente da geração e do aperfeiçoamento de cada processador, LG ou de qualquer outro fabricante, cabe ao usuário explorar os recursos de tratamento de imagem, em cada entrada HDMI em uso. E, depois de observar os resultados nos ajustes, tentar decidir quais deles serão ativados ou desabilitados.
O número de telas e de recursos disponíveis já de alguns anos permite a qualquer um usufruir da melhor reprodução de imagem possível. Nós que passamos pelo tubo CRT e as miríades de calibração e ajustes dos mesmos, nem lembramos mais de erros de convergência ou desalinhamentos diversos de varredura dos tubos. O conceito de pixel e subpixel mudou tudo isso, primeiro nas TVs de plasma, e depois nas telas LCD. Passou a ser possível a construção de telas de grandes proporções, sem erros de alinhamento. Para o cinéfilo, principalmente aqueles que não conseguem mais ver a projeção de películas nos cinemas, não deixa de ser um alento! [Webinsider]
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Paulo Roberto Elias
Paulo Roberto Elias é professor e pesquisador em ciências da saúde, Mestre em Ciência (M.Sc.) pelo Departamento de Bioquímica, do Instituto de Química da UFRJ, e Ph.D. em Bioquímica, pela Cardiff University, no Reino Unido.