Os Canhões de Navarone: um clássico filme de guerra, com excelente restauração

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Depois de mais uma restauração, Os Canhões de Navarone, filme de 1961, ganha edição em Blu-Ray 4K HDR, com excelente som e imagem.

Depois de mais uma restauração, Os Canhões de Navarone, filme de 1961, ganha edição em Blu-Ray 4K HDR, com excelente qualidade de imagem e som Dolby Atmos exemplar.

Durante a minha adolescência foram vários os filmes de guerra que marcaram época, a grande maioria tendo, como pano de fundo, a Segunda Guerra Mundial. E não é à toa que esta guerra em particular tenha sido tema desses filmes, porque ela foi a mais recente de todas as grandes guerras, teve farta documentação de quase todos os eventos, e porque envolveu o lado sinistro da política radical, tanto nazistas, quanto fascistas e comunistas, ao mesmo tempo.

Entre os grandes filmes que eu assisti no passado distante nos cinemas estava Os Canhões de Navarone (The Guns of Navarone), lançado pela Columbia em 1961. O filme foi rodado em CinemaScope (35 mm, 4 canais de som estereofônico), e teve cópia ampliada para 70 mm também.

A trama compreende a destruição de super canhões alemães, sediados na ilha de Navarone, para que soldados britânicos pudessem ser resgatados. O filme é baseado na ficção de guerra escrita pelo escocês Alistair MacLean, e com roteiro realizado por Carl Foreman, que havia também escrito o icônico “A Ponte do Rio Kwai”, lançado em 1957, dirigido por David Lean. Foreman foi mais um dos que foram colocados na infame lista negra de Hollywood, suspeito de atividades comunistas.

O filme foi uma produção inglesa, dirigida por J. Lee Thompson, que contou com um elenco de grande qualidade. Entre os atores estão Anthony Quinn e Irene Papas, que iriam depois se reunir novamente na comédia dramática “Zorba o Grego”, em 1964. O elenco como um todo dá enorme credibilidade ao roteiro, que é uma obra de ficção, em torno da presença alemã na Grécia.

Alemães e italianos ocuparam as ilhas gregas, na maior parte da passagem dos mesmos pelo Mediterrâneo. No entanto, os canhões mostrados no filme e a ilha de Navarone só estão no filme ficticiamente, servindo de base para o livro de MacLean.

O enredo descreve um grupo cujos membros não se entendem ou se detestam entre si, mas que seguem no firme objetivo de destruir os super canhões e permitir o resgate das tropas inglesas encurraladas na ilha vizinha de Keros. O filme tem suspense até o fim, com excelentes efeitos sono plásticos e visuais, tendo ganhado um Oscar de efeitos especiais em 1962.

A edição em 4K e HDR

A Columbia (hoje Sony) há havia feito um esforço de restauração deste filme, mas o repetiu agora, com as novas ferramentas de recuperação dos negativos. A versão UHD em Blu-Ray exibe este último processo de restauração, transcritos literalmente para 4K HDR, com uma imagem que preserva inclusive a granulação original da fotografia capturada em CinemaScope.

Aqui cabe um parêntese importante para colecionadores brasileiros: a presença de legendas em português na versão 4K. Quero lembrar a quem me acompanha neste espaço, que eu escrevi uma carta para a Columbia, na década de 1990, quando ainda não tinham sido lançados DVDs da região 4, pedindo a inclusão de legendas, que foi atendida no disco com o filme Silverado. Portanto, a política da Columbia aparenta continuar a mesma, eu só acho uma pena que um disco 4K não tenha tido lançamento por aqui.

A nova trilha em Dolby Atmos é, na minha avaliação pessoal, estupenda! Efeitos sono plásticos foram, aparentemente, refeitos e aproveitam a tridimensionalidade do som Atmos. Logo no início do filme, os super canhões disparam com um notável realismo. Já faz tempo em que eu não me deixo surpreender por efeitos deste tipo, mas este me deu um susto, tal o realismo da reprodução da trilha sonora!

Aviões também passam com um som direcional, reproduzidos na parte superior na sala, mostrando assim as virtudes do Dolby Atmos, e tornando o filme de 1961 em uma obra moderna. Como se trata de um filme clássico, todos esses aperfeiçoamentos são mais do que bem-vindos!

O usuário pode escolher assistir o filme com ou sem o intervalo (aqui ele é denominado “Interval”, no lugar de “Intermission”). A diferença entre ambas as versões se reduz a isso. É preciso lembrar que filmes desta época com mais de duas horas e meia de duração podiam ser exibidos sem intervalos.

É preciso preservar filmes deste quilate

Qualquer esforço de restauração ou recuperação de negativos desta época é bem recebido pelo fã de cinema e/ou pelo colecionador. Na época dos seus lançamentos nos cinemas, os auditórios ficavam lotados. Neste filme em particular, uma das suas principais atrações é a dos efeitos visuais, espetaculares, até mesmo frente aos filmes de hoje, feitos com CGI.

O filme A Ponte do Rio Kwai também teve grande bilheteria nos cinemas cariocas. No cinema do meu tio em Cajuru, ele foi exibido por três noites seguidas. Segundo me contaram, as pessoas saíam assoviando a música do filme.

O roteirista Carl Foreman trabalhou um tempo na Inglaterra, depois de ser incluído na lista negra. Colaborou no roteiro do filme de David Lean, sobre a construção e sabotagem da ponte do Rio Kwai.

Os estúdios ingleses se tornaram extensões de Hollywood, inclusive por conta da significativa redução dos custos de produção. Esta extensão se prolongou por muito tempo, em projetos como 2001, Superman e Guerra nas Estrelas, todos eles feitos por lá.

As modernas ferramentas de restauração de filmes deste nível se tornaram valiosas para quem ainda coleciona filmes em vídeo. Foi através delas que negativos de câmera e até interpositivos puderam ser digitalizados com alta qualidade de imagem.

Para mim como colecionador, edições como as mencionadas acima resolvem em parte o problema de ausência nas salas de cinema nos dias de hoje. Claro que as antigas salas nunca foram páreo para o home vídeo. Porém, as telas de TV modernas e os novos projetores costumam dar um resultado superior à de muitas salas multiplex dos shopping centers. Falta apenas a presença sacralizante do público. [Webinsider]

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Paulo Roberto Elias é professor e pesquisador em ciências da saúde, Mestre em Ciência (M.Sc.) pelo Departamento de Bioquímica, do Instituto de Química da UFRJ, e Ph.D. em Bioquímica, pela Cardiff University, no Reino Unido.

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