Slow Horses, o seriado dos pangarés

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Slow Horses, seriado da Apple TV, mostra a espionagem sob um ângulo diferente do habitual, com tramas envolventes e críticas ao sistema.

Slow Horses, seriado da Apple TV, mostra a espionagem sob um ângulo completamente diferente do habitual. A pior coisa que se pode fazer a um ser humano é botá-lo para baixo e considerá-lo um incapaz.

 

O seriado inglês “Slow Horses”, produzido pela Apple TV, chega agora à sua quarta temporada, já tendo sido exibidos dois capítulos, com uma estória nova.

O termo do título se refere a agentes do MI5, o serviço secreto inglês, que são considerados inúteis para o sistema, mas que não podem ser demitidos. O título bem que poderia ser traduzido, creio eu, pelo nosso termo “pangaré”, isto é, um cavalo incapaz de vencer qualquer corrida.

Os “pangarés”, digamos assim, do MI5 são encostados em um escritório separado, em um local sarcasticamente chamado de “Slough House” (Casa do Atoleiro). Lá dentro, as investigações são de pequena importância no sistema, mas os rejeitados ignoram isso e no final, aos trancos e barrancos, resolvem casos difíceis.

O seriado é exibido semanalmente no serviço de streaming Apple TV+. Para os interessados e/ou para os que já assistiram as temporadas anteriores, eis aí uma amostra do que vem por aí:

Slow Horses é uma mistura de comédia, espionagem e muita ironia, nas quais o clima é o oposto dos filmes de espionagem do gênero. A BBC rotulou o seriado como um “ant- James Bond”, porque desmistifica todo o suposto heroísmo dos serviços de inteligência.

Justiça seja feita, os ingleses costumam ser um povo de alta capacidade de observar e criticar a sua própria cultura e hábitos. Ainda muito jovem, eu tive a chance de ver isso nos professores que eu tive na antiga Cultura Inglesa, onde estudei por cerca de uns seis anos.

Na Grã Bretanha como um todo, a liberdade de expressão é um fato. Nem sempre foi assim, mas quem vive lá tem liberdade, por exemplo, de não querer votar em ninguém, algo impensável em um país como o nosso, que entende que democracia passa compulsoriamente pela “vontade popular”, quer dizer, obrigação e não opção! Sendo assim, a maioria que elege aqui um dado candidato nem sempre faz a escolha certa, e o os outros eleitores nem tem a oportunidade de dizer o que pensa a este respeito. Mas, a não obrigação de votar mostra claramente a indignação do eleitor frente à falta de opção entre os candidatos.

O elenco do seriado é perfeito

Eu sei que sou suspeito para opinar a respeito dos atores britânicos, mas posso lhes garantir que a tradição de lá, no sentido da formação do ator, é mantida através dos séculos. Por causa disso, todos os métodos e técnicas são estritamente observados, na interpretação dos personagens.

Em Slow Horses, o experimentado, excêntrico e versátil Gary Oldman interpreta o papel do chefe Jackson Lamb, com notável perfeição. Lamb é um homem amargo, debochado e sarcástico, no tratamento com seus subordinados, mas que, eventualmente, fica ao lado deles quando percebe que eles não merecem ser tratados como cidadãos de segunda classe.

Kristin Scott Thomas interpreta Diana Taverner, chefe suprema do MI5, que volta e meia trapaceia e engana todo mundo.

Já Jack Lowden, no papel de River Cartwright, é o próprio anti James Bond, jogado na Slough House por culpa de um incidente que depôs contra ele, mas que faz o maior esforço para se redimir, e mostrar que ele é um bom contra espião.

As narrativas de seriados deste tipo saem da mesmice. As tramas são envolventes, principalmente para aqueles que percebem ou entendem as críticas ao sistema. O seriado mostra também com clareza a fragilidade humana dos personagens, e as suas resistências a se deixarem levar pelo insucesso.

Na vida real, a pior coisa que se pode fazer a um ser humano é botá-lo para baixo e considerá-lo um incapaz. E Slow Horses mostra isso de maneira muito clara!  [Webinsider]

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A arte de escrever um bom roteiro

Paulo Roberto Elias é professor e pesquisador em ciências da saúde, Mestre em Ciência (M.Sc.) pelo Departamento de Bioquímica, do Instituto de Química da UFRJ, e Ph.D. em Bioquímica, pela Cardiff University, no Reino Unido.

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