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Falta-nos perguntar para que serve encurtar o tempo e viver em flashes

Para que serve encurtar o tempo e viver em flashes? Para fazer o que da vida?

O cinto de segurança foi inventado por uma questão de segurança. Existe uma lei da física para justificar a obrigatoriedade de seu uso: a mesma que nos pede para permanecermos com os cintos afivelados quando um avião está voando ou para ficarmos sentados quando um trem de alta velocidade está se movimentando. A aceleração do corpo em movimento pode provocar acidentes, a não ser que fiquemos o mais imóveis possível.
Por detrás das afirmações acima, prosaicas, pode existir uma interrogação filosófica: a aceleração obriga ao imobilismo, ou a afirmação aparentemente contraditória: quanto mais rápido andarmos, mais imóveis permanecemos.Vivemos em uma sociedade faminta de tempo: somos capazes de nos locomover fisicamente cada vez mais rápido, de nos comunicarmos quase que instantaneamente, de obter respostas em um clique.
Nosso mundo de performance devora o tempo. É cronofágico.

Assim como nos exemplos, quanto mais rápido vamos, mais paralisados ficamos, pois se o mundo vem até nós, não precisamos mais ir até ele.

Nossas próteses cronofágicas—veículos, computadores, celulares—nos dotam de formidáveis ferramentas que, apesar das promessas e das crenças, nos isolam, confinam e deprimem.

Observe seus filhos devorados por uma tela – mesmo que seja numa caduca televisão de grade, seu colega hipnotizado por um feed infinito, seus amigos abduzidos por mensagens cuja urgência é um fator de notificações automáticas e burras. Onde estão? O que fazem? Será que ainda vivem? Dentro de si, imóveis, zumbis.

Indague sua própria vida: a preguiça de ler mais do que poucos caracteres resumidos, de ir ao cinema por causa do “ir ao” cinema, de debater sem invectivas apaixonadas, de conversar sem slogans, de sentir que um minuto é feito de muitos segundos.

Quando foi a última vez que você produziu, criou ou recitou algo com mais de cinco frases? Quando foi a última vez que você se concentrou por cinco minutos, prestou atenção a cinco slides seguidos, olhou nos olhos de uma pessoa por mais do que cinco segundos?

Falta-nos perguntar para que serve encurtar o tempo e viver em flashes. Para fazer o que da vida?

Vegetais vivem mais. [Webinsider]

Fernand Alphen (@Alphen) é publicitário. Mantém o Fernand Alphen's Blog.

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