O filme Hackers, de 1995, mostra uma realidade que desapareceu totalmente. É divertido ver como era tudo naquela época, além dos atores, hoje muito conhecidos, ainda adolescentes.
Em 1995, a Internet ainda rodava com terminal de texto para a maioria de nós da área acadêmica, mas ela estava funcionando a todo vapor. A vida on-line era finalmente a grande novidade do momento.
Dias atrás, eu recebi da Amazon-BR a cópia do Blu-Ray 4K, edição de colecionador, com o filme “Hackers” (no Brasil, com o título idiota de “Piratas do Computador”), com nova masterização tanto de áudio quanto de vídeo.
O termo “Hacker” tem uma tradução aproximada de “pirata informático”, nos jargões do computês, mas eu acho isso um exagero, porque a palavra em si fala muito mais em invasão. Durante muito tempo houve uma discussão entre os hackers e os crackers: o primeiro seria uma pessoa que se diverte invadindo sistemas e tirando ou modificando informações de lá, mas o cracker é aquele que trabalha somente para descobrir segredos, senhas, etc. A palavra cracker tem exatamente este sentido, quando se trata de solucionar ou arrumar respostas para alguma coisa.
Bem, o filme Hackers gira em torno de adolescentes que se divertem invadindo sistemas, cada um desafiando os outros para fazer melhor. Seria uma espécie de inveja do pênis freudiana, mas com uma garota que se acha o máximo metida neste grupo.
A propósito, o hacker pode ser empregado de alguma empresa, que procure brechas no seu sistema de segurança. No filme, este é o vilão da estória. A trama envolve um hacker sem escrúpulo e desonesto, que planta um vírus no super computador de uma empresa onde ele trabalha, cujo objetivo é roubar dinheiro de contas e praticar extorsões, pedindo resgates com a ameaça de colocar petroleiros à deriva.
Um dos adolescentes esbarra acidentalmente no diretório onde está o vírus e baixa o conteúdo, mas foi pego e a cópia ficou pela metade. O disquete de 3 ½ para onde a cópia foi feita o garoto a escondeu para depois examinar o conteúdo.
O roteiro, filme e atores
Uma das coisas curiosas deste filme é a presença de atores hoje maduros, mas na época de fato adolescentes. E lá se pode ver, por exemplo: Angelina Jolie (na época, com 20 anos de idade), Jonny Lee Miller (ator inglês, 23 anos), Matthew Lillard, Jesse Bradford, e outros.
O roteiro é pura ficção, com alegorias visuais de todo tipo, mas a fantasia diverte quem assiste. Claro que quem viveu esta época, percebe que muito do que é mostrado não passa de efeitos especiais fotográficos, para emular a invasão dos sistemas.
Há um certo exagero na personificação de alguns desses personagens. O de Matthew Lillard (“Cereal Killer”), por exemplo, é totalmente caricato, parece um débil mental em algumas cenas. Eu aposto que se Angelina Jolie visse o filme hoje, não iria se reconhecer na tela…
A década de 1990 mudou muita coisa na informática. Foi mais ou menos nesta época que o comércio de peças aumentou brutalmente, e todo mundo mandava montar ou montava por si próprio um novo computador, tendo que antes aprender sobre os barramentos e cabos novos. E foi uma corrida atrás de novos aperfeiçoamentos, todo mundo que montava querendo saber qual a próxima versão de uma CPU ou módulo de memória.
Vendo o filme, tendo passado por algo deste tipo, chega a ser engraçado ouvir as falas dos personagens falando sobre novas peças e novos computadores!
A edição de colecionador em 4K
A minha cópia em 4K foi lançada pelo selo Shout Factory já há algum tempo, mas só recentemente disponível na Amazon daqui há relativo pouco tempo.
Além da melhor qualidade na imagem, a trilha sonora ganhou uma amplitude bem maior, com uma presença significativa nos canais surround. A trilha original desta época foi em DTS 5.1 e aqui ela se repete com DTS HD MA 5.1 também, mas com uma dinâmica excepcional.
Eu dei azar, porque o disco 4K travou em várias cenas. Em uma dessas últimas (Capítulo 11) o filme travou, mas eu consegui ver até o fim.
Levando o disco para o computador, e rodando o programa de varredura de mídia Nero DiscSpeed, próximo do fim o programa aborta a varredura e informa que não há disco no drive! Rodando o disco para ser reproduzido no player da Cyberlink PowerDVD versão 22, a última que roda disco 4K, no Capitulo 11 o filme trava e não roda mais. Geralmente, os drives de computador têm excelente trilhagem em discos deste tipo, mas as falhas no conteúdo esbarraram em problemas quase que incontornáveis na decodificação do disco. Uma pena.
Com isso, e sem a chance de pedir a troca, eu solicitei a devolução e o reembolso, que ainda estão rolando. Importar um, nem pensar. A alfândega atual é um desastre para qualquer pessoa que importe algo que precise. A isenção dos 50 dólares foi criminosamente extinta, e não há recurso contra discos devolvidos!
Que fique de alerta aos colecionadores. No final do ano passado, eu importei um simples SACD e a alfândega mandou devolver à loja. O meu recurso foi negado sem explicações. A loja mandou outro, mesmo resultado! O SACD nunca foi fabricado no Brasil. Eu já comprei um monte deles importando. A antiga lei dizia que produtos sem similar no Brasil não pagam imposto, mas esta é uma daquelas leis rotineiramente ignoradas, se é que ela ainda existe.
E hoje em dia, o governo faz o que pode para impedir colecionadores de importar legitimamente o que precisam! A única solução é comprar em sites daqui e deixar que eles resolvam estes empecilhos. Claro que o preço será muito maior, mas as dores de cabeça bem menores. [Webinsider]
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Ataque cibernético do filme com Julia Roberts é uma realidade possível
Paulo Roberto Elias
Paulo Roberto Elias é professor e pesquisador em ciências da saúde, Mestre em Ciência (M.Sc.) pelo Departamento de Bioquímica, do Instituto de Química da UFRJ, e Ph.D. em Bioquímica, pela Cardiff University, no Reino Unido.