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“O universo virtual é mais concreto do que se supõe. Ele existe ao redor de nós, como um monstro ou um anjo, dependendo do lado pelo qual o abordamos”
Carlos Heitor Cony, Folha de São Paulo, 10/04/2011

Afinal qual o limite, a fronteira entre real e virtual? Onde começa a realidade e termina o ciberespaço? Máquinas computacionais, micro-processadas, conectadas, trocando de mensagens entre si estão por toda parte. A computação pervasiva, invasiva ou consentida.

Infovias com bilhões de bits circulam pela mesma sala onde você agora, neste momento, está lendo este artigo, ele mesmo uma matriz de pixels organizada numa tela digital, cuja origem está a centenas, talvez milhares de quilômetros de você.

Um hipertexto, guardado não em arquivos de uma biblioteca, mas em servidores de dados distribuídos em rede. A rede hoje chamada de Cloud, a nuvem. Nada mais apropriado do que imaginar uma nuvem, a qual possui nenhuma e todas as formas, algo transitório, com a potência de uma tempestade e a suavidade de uma chuva fina de verão.

Bits são como gotas de chuva, movendo-se em todas as direções, essencialmente não lineares. Não é mais possível distinguir o virtual do lugar onde você está. O outro lado do espelho, o mundo de Alice agora é parte da sua realidade.

Observe, analise seu dia e você irá perceber que o ciberespaço ocupa o mesmo espaço do real, numa única arquitetura de textos, imagens, músicas e sensações. É realidade aumentada, Kinect hacks, biochips, 3G, o neuro-headset da Emotiv e milhões de telas touch-screen. Este novo estado de coisas inaugura o fim das interfaces, da intermediação homem-máquina. Neste novo território, átomos e bits coexistem, não vivemos mais o tempo da sociedade da informação, somos nós mesmos a informação.

Não tenho dúvidas que este é o exato momento de parar e refletir. Ao nos deslocarmos para os livros fora das bibliotecas, as aulas sem mestres, o amor-sexo virtual e as religiões sem as luzes da reflexão, não podemos fazê-lo sem discernimento, sem a devida experiência, sem um mentor.

No oceano da informação digital é preciso saber navegar, estar com a mente clara e aberta para não se deixar levar pelo canto das sereias. Se o mundo real está repleto de hostilidade, violência e desilusão, as areias e praias virtuais representam um perigo ainda maior, porque não é possível saber onde estão as armadilhas, tudo se move, tudo é aparência, arquiteturas binárias, sempre distantes e intangíveis.

Como bem escreveu Cony, “O universo virtual é mais concreto do que se supõe”. O ciberespaço é aqui, agora, onde você está. O que vamos fazer com o universo neutro das informações digitais, depende em última instância de uma camada acima, chamada sabedoria. [Webinsider]

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Avatar de Ricardo Murer

Ricardo Murer é graduado em Ciências da Computação (USP) e mestre em Comunicação (USP). Especialista em estratégia digital e novas tecnologias. Mantém o Twitter @rdmurer.

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2 respostas

  1. Olá, 🙂
    Interessante e importante as ideias! Precisamos aprender a navegar com criticidade para discernirmos o que nos serve ou não, o que consideramos bom ou não, o que é real ou ilusório, percebermos as armadilhas, falsas narrativas, tbm as tendenciosas, as de má fé para enganar os mais ingênuos…que somos ou fomos todos em algum momento…pois são muitas as investidas. Temos inúmeros ‘canto das sereias’ servindo a defesa ou manutenção de interesses diversos, seja próprios, egoístas e desumanos ou visando genuinamente o bem da coletividade, melhorias a condição humana.

    Não sei apenas, até que medida concordo que o mundo virtual seja mais ‘perigoso’ que o mundo chamado ‘real’… É certo que no primeiro escondendo a identidade muitos ‘aprontam’, porém, ainda penso que a questão é o ‘homem’ que, em se tratando de alguns, parecem estar perdendo o senso de humanidade e configuram o ‘bicho-do-homem’.

    Como escreveu o grande Moram, fazemos com as tecnologias o mesmo que fazemos com nossas vidas. Ou seja, se somos pessoas abertas, íntegras, se respeitamos o Outro, etc., assim agiremos para nos comunicar no universo virtual. Já não sendo… 🙁

    Deixo a indagação: Se houvesse uma regulamentação bem pensada e os espaços virtuais fossem mais criteriosos, seja exigindo a identidade dos usuários, seu IP e sei lá mais o que é possível, isso não contribuiria para coibir ações nocivas a sociedade?

    Ressalto que não defendo ‘apenas’ isso. Precisamos trabalhar essas questões do ser, fazer e interagir de modo ético no universo virtual. O que demanda ‘educação’, ok? Entretanto, sabemos que as mudanças e melhorias nesta esfera podem ser lentas, pois envolvem rupturas paradigmáticas e novas construções.
    []s

  2. A Sabedoria perfeita permite o reconhecimento da natureza humana no seu estado mais elevado, conduzindo a vida de forma leve e transformando o veneno em remédio.
    Conduzir a própria vida é como navegar em mares profundos tendo a consciência do destino a ser alcançado, sem jamais se deixar levar por tempestades ou obstáculos. Acreditar no potencial inerente ao ser humano e perseguir objetivos claros e definidos é a forma de quebrar o paradigma de que estamos sendo levados pela correnteza ou quaisquer outras circunstâncias da vida.
    Assim como conduzir a própria vida nesse mundo real, o mundo virtual segue o mesmo padrão entrópico de navegação, e se perder nesse mar infinito de informação sem ter um foco pode ser tão freqüente quanto ficar no mundo trivial e subjetivo.

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