A natureza do copyleft é ainda controversa para a maior parte das pessoas. O conceito não tem uma definição única e ainda carrega muita ideologia. E como toda ideologia, depende um pouco da “paixão” de quem a abraçou e da adesão de novos simpatizantes.
Não é fácil querer subverter na cabeça do mundo todo o conceito de copyright, tão natural dentro do pensamento monetarista e individualista que toma conta da sociedade há décadas. Nem é simples divulgar algo que vai contra os principais interesses da maior parte das empresas do mundo todo, uma vez que os royalties – fruto direto do copyright – financiam corporações nos quatro cantos do planeta.
Mas… (e tem sempre um mas) quando o desafio vale a luta, só desiste quem realmente não acreditava.
Um dos aspectos positivos do copyleft é a capacidade de formar comunidades em torno dos mais diversos temas. O conhecimento é compartilhado dentro das comunidades, mas não é escondido por elas. Pode ser acessado por qualquer um que abrace a causa ou ainda que se interesse em ficar melhor informado. E justamente por este motivo o copyleft ganhou a simpatia e se tornou a causa de muitos pensadores, estudantes, profissionais e acadêmicos que se interessam pela informação livre, nas mais diversas áreas do conhecimento.
Quando é distorcido. O problema é quando o copyleft é distorcido de seu objetivo inicial – tornar a informação livre e acessível ao maior número de pessoas – e transformado em informação restrita novamente, sendo vendida sem crédito aos seus autores e rendendo lucros a quem não mexeu uma palha para compartilhar idéias e conceitos.
Mas peraí… copyleft não é livre? Por que citar o autor (ou a fonte)? A chave do entendimento pode estar nesta simples dúvida, que acomete a todos no primeiro contato com a idéia do copyleft. Informação livre, conhecimento livre, divulgação livre, mas vindos de algum lugar. Alguém pensou primeiro, depois pesquisou, discutiu, reuniu dados, cruzou informações e gerou conhecimento. Portanto é autor da obra. Seja um simples texto até um livro, tudo que tem autor tem fonte. E no ambiente digital e hipertextual (internet, para ser mais claro), tem link.
O cerne está na fonte (e no link). Quem é autor pode abrir mão de lucro direto vendendo a obra, mas não abre mão da reputação. É ela quem garante ao autor o reconhecimento de seu trabalho e leva à contração para aplicar seu conhecimento: uma consultoria, uma pesquisa direcionada, um artigo, um treinamento, aula, curso, palestra ou qualquer forma de trabalho que traga indiretamente o retorno pelo copyleft praticado.
Isto não significa que praticar copyleft seja procurar fama. Se for entendido assim, não foi entendido. O copyleft é, acima de tudo, o domínio público do conhecimento. [Webinsider]
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“Os investimentos em conhecimento geram os melhores dividendos.” (Benjamim Franklin)
Rafael Rez
Rafael Rez (@rafaelroliveira) é fundador da Nova Escola de Marketing e professor em mais de oito pós e MBAs de marketing digital.