Uma imagem publicada no Daily Times de Osama bin Laden em sua casa, sentado na sala, controle remoto na mão, olhar fixo na TV, me chamou à atenção.
Publicada logo após a notícia de sua morte, a foto me fez refletir sobre os eventos de 11 de setembro de 2001 e o terrorista mais procurado do mundo, fenômeno midiático alavancado pelos seus próprios inimigos, o líder da Al Qaeda sabia que seu poder não estava somente nas armas, mas principalmente na sua capacidade de publicar e disseminar sua ideologia para o mundo islâmico.
Para isto, Osama bin Laden fazia uso intensivo da Internet, gravando vídeos, mensagens de áudio e texto. Uma guerra travada não nas montanhas frias do Afeganistão, mas nos campos binários do ciberespaço.
Na última década as tecnologias digitais ganharam intensidade em duas frentes inter-relacionadas. De um lado no desenvolvimento de sistemas e construção de hardware bélico, onde até mesmo a indústria dos games tem sua participação.
Nesse aspecto, é difícil saber se jovens que passam horas jogando Counter Strike ou Call of Duty estão se divertindo ou fazendo algum tipo de treinamento militar. Reportagens de TV mostram pequenos aviões militares pilotados à distância, os Drones (Unmanned Aerial Vehicles – UAVs), voando sobre algum vilarejo, supostamente abrigo de terroristas. Após ajustarem suas miras à laser, lançam bombas, finalizando a “missão”.
De outro lado, menos visível, mas igualmente importante, estão as tecnologias de monitoração social. Câmeras de vigilância estão por toda parte (Londres possui mais de 10 mil instaladas! ).
Satélites militares observam cidades inteiras, podendo ler a manchete de um jornal nas mãos de um soldado. Agentes virtuais vasculham a internet em busca de padrões enquanto trojan horses, spywares e keyloggers se auto-instalam em nosso próprio computador roubando nossa privacidade.
Osama bin Laden estava ciente de tudo isso. Encurralado pelos satélites militares, deixou as cavernas nas montanhas afegãs para viver nas sombras na pequena cidade de Abbottabad no Paquistão.
Lá adotou a estratégia rudimentar de usar um computador não conectado à internet para escrever seus textos. Depois, gravava tudo num pendrive. Um mensageiro encarregava-se de pegar o pendrive e, a partir de uma lan house, entrava na rede e transmitia a mensagem.
Se o ciberespaço tem um deus seu nome é Hélios, aquele que tudo vê e que tudo sabe. Basta um bit enviado, um página vista e você está marcado digitalmente. Impossível dele se esconder. Osama bin Laden desconectado, descoberto, morto. [Webinsider]
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Ricardo Murer
Ricardo Murer é graduado em Ciências da Computação (USP) e mestre em Comunicação (USP). Especialista em estratégia digital e novas tecnologias. Mantém o Twitter @rdmurer.
2 respostas
o bin era um grande palerma
Murer,
Muito oportuno o artigo. Na verdade Osama foi descoberto pelo grampo do telefone do mensageiro que recebeu um telefonema da família e assim a CIA soube qual era o seu nome completo – depois foi seguir o cara até chegar a casa do esconderijo. Verdade que para confirmar a identidade dele usaram um satélite para medir a altura do cara que passeava no jardim todos os dias e ele tinha 1,94. Era ele mesmo. De qualquer forma a perseguição foi toda digital – impossível a fuga.
Abs
Jose Americo