Não consigo lembrar de todas as boas publicações online que nos deixaram. Recordo apenas que não foram poucas. Sobretudo nesses últimos dois anos, com aquilo que nos acostumaram a chamar de estouro da bolha, muitos sites faliram e fecharam. Com eles, foram–se também excelentes profissionais que, talvez, tenham voltado para trás de uma bancada burocrática esperando novas oportunidades.
Alguns dos sites que continuam online, principalmente de tecnologia, notadamente perderam em qualidade editorial. Talvez por conta de seguidas reduções de equipe, não arrisco afirmar. Restringiram–se a copiar ou traduzir do noticiário internacional e fazer uso indiscriminado de releases, muitas vezes publicando–o praticamente na íntegra. E sem o devido crédito à assessoria de imprensa, mas sim com a assinatura da redação.
O Webinsider também sofreu. Com o fim da Zip.net, que pagava pelo nosso trabalho, também voltamos às bancadas burocráticas para pagar nossas contas todo fim do mês, além das dívidas que não páram de crescer na agência bancária. Igualmente, diminuímos a freqüência de atualização de matérias no site, não obstante esta ser uma questão que tentamos lutar para não acontecer tanto.
A diferença é que o Webinsider não fechou.
Ficamos ilhados, sem perspectiva à vista. Mas decidimos prosseguir, simplesmente. E percebemos que havia muita gente que gostava realmente do site, a ponto de oferecer ajuda gratuita em programação, hospedagem e simpatia. Com afinco e dedicação, o editor e colaboradores do eixo Rio–São Paulo se viram do jeito que podem: frilas, bicos, cursos, seminários, outros empregos. E eu tenho tentado me virar para o lado de cá (Recife, para quem não sabe ainda). Todos trabalhando com o objetivo comum de não jogar fora o presente que os leitores nos deram: confiança e credibilidade.
Talvez não sejamos melhores do que nenhuma outra publicação e, talvez, piores do que muitas outras publicações. Adotamos um estilo que desde o inicio foi na contramão do que se entendia de “jornalismo de internet”. Enquanto todo mundo ia de notícias rápidas e curtas, sem profundidade, optamos por dois artigos/matérias por dia, textos com mais reflexão, sem lero–lero.
Prometemos no início e tentamos cumprir até agora certas linhas editoriais, mesmo com tantos buracos no caminho: evitar o uso promíscuo de releases que nem sempre temos condições de verificar; abrir espaço para opiniões divergentes e para novos colaboradores e jornalistas; dar voz a profissionais que lidam diretamente com internet, procurar parcerias com sites e jornais para mostrar o excelente trabalho feito fora do cinturão da riqueza no Sudeste. E assim por diante.
Enfim, é possível que soe bastante piegas, mas procuramos ser para o leitor uma publicação um pouco mais humana de tecnologia. Sem automatismos, sem CTRL+C / CTRL+V, sem orgulho besta e sem verdades universais.
Não conseguimos sempre. Como toda busca, é algo que não deixa de existir. Já discordaram de nós em ocasiões passadas e certamente discordarão outras vezes. Nossa garantia aos leitores é: estamos sempre buscando seguir a mesma linha que nos caracterizou desde o início. E contamos com a ajuda de vocês.
Recebemos também críticas e até xingamentos, engraçados ou não. Do ponto de vista técnico, as críticas nos dão a certeza de que continuamos humanos. Afinal, não se pode criticar máquinas e nem traduções de releases internacionais. Queremos mostrar críticas também, idéias divergentes. Escrevam artigos que tenham conteúdo e nos mandem, como tantos outros leitores já fizeram e foram publicados.
Onde há muitas cabeças pensando (escrevendo), haverá outras pensando coisas diferentes. Sempre foi assim. E é bom que seja assim. É da diferença que nasce a ação, e não da indiferença. Pois, como já dizia um pensador que minha falta de cultura não permite lembrar o nome, pior do que um homem mau é um homem indiferente.
Novidades –
Coincidências à parte, estamos com novidades bacanas para comemorar os três anos de Webinsider:
– retornamos ao UOL, onde tudo começou*;
– vamos abrir, a qualquer momento, um novo canal/coluna de games;
– e em breve, apresentaremos um novo layout do site.
Até a próxima! [Webinsider]
* O Webinsider nasceu com a saída do editor Vicente Tardin da equipe de publicações de tecnologia no IDG, na época hospedada aqui no UOL. O Vicente criou no final de 1997 a antiga versão do Webworld, que manteve até 2000, onde comecei como colaborador de artigos esporádicos de informática. Até que surgiu naquele ano o Webinsider. São uns cinco anos, portanto. O mais engraçado é que nunca nos encontramos pessoalmente…
Paulo Rebêlo
Paulo Rebêlo é diretor da Paradox Zero e editor na Editora Paradoxum. Consultor em tecnologia, estratégias digitais, gestão e políticas públicas.