Funcionalidade matadora (do inglês “killer feature”, ou ainda “killer application”) já foi um termo muito mais comum no mundo dos profissionais de internet. Fossem startups ou tubarões, praticamente todas as empresas de desenvolvimento de produtos digitais gastavam boa parte do tempo de concepção dos projetos pensando em qual seria essa funcionalidade matadora e como ela seria viabilizada.
Naquele tempo (não muito remoto), as funcionalidades matadoras serviam como maneira de viabilizar o conceito de diferencial competitivo – ou seja, qual seria o atributo a fazer com que o produto fosse o mais comprado, acessado ou lembrado.
Nesse contexto, grande parte esforços da equipe de desenvolvimento era dedicada a fazer essa feature funcionar da melhor forma possível. Isso representaria um ganho em relação aos concorrentes, pois esses, provavelmente, demorariam a incorporar este atributo nas próximas versões de seus produtos.
Essa abordagem, amplamente utilizada, já não faz tanto sentido assim se olharmos o contexto atual do mercado. Por dois motivos:
1) Muitas vezes, dedicar tempo àquela funcionalidade matadora significa deixar um pouco de lado outros aspectos também importantes do produto – features triviais, mas que devem funcionar de maneira transparente e sem falhas em questões como usabilidade e desenho da interface, organização do conteúdo, entre outras coisas.
Algumas funcionalidades eram privilegiadas em termos de tempo e orçamento em um projeto, em detrimento da experiência como um todo no uso do produto.
2) Muitos produtos hoje não são fechados e funcionam como plataforma com a qual terceiros podem incrementar e melhorar a experiência geral. Alguns exemplos deste tipo de produto são os sistemas operacionais móveis e seus aplicativos (iOS, Android), navegadores e suas extensões (Firefox, Chrome, Safari), publicadores de conteúdo e seus plugins (WordPress, Plone, Joomla). Nesse contexto, o universo de potenciais features matadoras é muito maior e a transformação ocorre rapidamente.
Os ciclos de desenvolvimento, antes extensos (talvez não, se comparados com produtos físicos), tiveram seu tempo reduzido drasticamente. Se você tem um dispositivo iOS ou Android, é só pensar: quantas atualizações de aplicativos você faz em algumas semanas? Ou mesmo o número de novos aplicativos que abastecem as lojas todos os dias.
Isso não quer dizer (embora algumas pessoas falem por aí) que o conceito de funcionalidade matadora irá acabar. Ele é um conceito muito importante em qualquer projeto. Só precisa ser levemente adaptado a um novo contexto.
Experiência do usuário é importante
Todo projeto possui um limite de tempo e orçamento, por isso é sempre necessário priorizar. Ao definir uma ou um pequeno conjunto de funcionalidades matadoras, você define em grandes linhas o que é mais importante para o sucesso da implementação e garante um montante de esforço adequado para o cumprimento da meta. O conceito de funcionalidade matadora mantém a equipe toda focada.
É preciso adequar-se a este conceito. E alguns aspectos do produto não devem ser negociáveis em detrimento de uma determinada funcionalidade. Estes aspectos podem variar de projeto para projeto, mas é necessário que a equipe os defina logo no início do processo.
Um deles – super importante – é a experiência do usuário. Outros podem ser qualidade e organização do conteúdo, look and feel, acessibilidade, encontrabilidade ou mesmo disponibilidade. [Webinsider]
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Paulo Roberto Floriano
Paulo Roberto Floriano (paulo@neuestudio.com.br) é consultor em experiência do usuário, arquitetura de informação e design de interação. É proprietário da Neue Studio, co-autor de dois livros e palestrante.