Cultura organizacional e excesso de tecnologia

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Alexandre Figueiredo

Ultimamente um assunto me chama muito a atenção. Depois de passar por algumas empresas privadas e do governo, percebi algo em comum, que atinge principalmente a área de Tecnologia da Informação.

O tópico em questão é a cultura organizacional.

A discussão já pegou fogo na lista WI Intranet. E na semana anterior o mesmo tema foi abordado no curso que eu estava fazendo.

No curso a turma foi dividida em grupos, cada um com um assunto a escolher. Um colega trouxe um assunto inusitado: a influência (negativa) da tecnologia sobre o conhecimento empírico. O grupo trouxe um vídeo sobre a mecanização das casas de farinha, onde o narrador enumerava conseqüências negativas da chegada do motor na região.

Para você entender melhor, o que vi foi o seguinte: o narrador era o operador da máquina de moer a mandioca. Ela ficava no centro da casa de farinha. Ao redor dele homens e mulheres descascavam a mandioca que depois seria moída.

Mas aquele também era o lugar onde as pessoas se encontravam para conversar, trocar experiências, flertar e contar os “causos”. Ou seja, a casa de farinha era o centro das atenções da comunidade. O lugar da socialização (conhecimento tácito para conhecimento tácito). O lugar onde os namoros tornavam–se noivados e casamentos sérios.

Infelizmente, o lado “sentimental” do processo foi quebrado com a frieza da mecanização. O narrador perdeu o emprego e a comunidade perdeu a sua comunhão. O “comer sal” juntos. Era disso que ele sentia falta e o fazia amaldiçoar o barulhento motor que o substituiu.

Agora, trazendo para a nossa realidade, a “pirotecnia” que se encontra cada vez mais na empresa não está ferindo ou sobrecarregando o usuário?

A tecnologia é importante, sim. Mas não deve ser aplicada com tanta frieza na empresa. O trabalho pode até ser “mecanizado” (note: o usuário fazer por fazer não agrega conhecimento à empresa), mas o trabalhador deve saber como fazê–lo melhor e mais, saber que a tecnologia vem para ajudá–lo e não substituí–lo. Uma máquina veio fazer o trabalho “braçal” para que homens e mulheres se tornem trabalhadores do conhecimento.

Tudo bem, sou um profissional da área de Rede de Computadores, mas sei que atrás das máquinas há pessoas que pensam. A rede de pessoas que você deve perceber também. Já vi implantações de soluções falharem por causa da cultura organizacional e, pior, nem memorandos da alta administração conseguiram mudar alguns hábitos ainda.

As práticas de gestão do conhecimento só podem ser aplicadas com eficiência e eficácia se as pessoas forem levadas com consideração. O conhecimento pertence a elas. E se não forem tratadas com apreço, o conhecimento vai e volta, em suas cabeças, todos os dias. Ou seja, não ficam na empresa como se deseja.

Compartilhar é preciso, não só recursos computacionais – como nas redes de computadores – mas conhecimentos tácitos e explícitos. Pense nisso. [Webinsider]

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Artigos de autores diversos.

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