Criar e manter um portal corporativo não é tarefa simples. Afinal, a proposta é em si mesmo ambiciosa, uma vez que um Portal pretende criar, em última instância, um local de vivência para o trabalhador do conhecimento.
Na WI Intranet, lista de discussão que modero, volta e meia debatemos esta questão. E já é lugar comum dizerem por lá que, para alcançar sucesso em intranets e portais, as definições tecnológicas não são as mais importantes. Muitos outros pontos, principalmente os que envolvem as pessoas e os processos, surgem como mais complexos do que a escolha do software que vai estruturar o Portal, não resta dúvida.
Entretanto, o justo destaque a estas questões não–tecnológicas não deve ofuscar o fato de que também pelo ponto de vista de TI os portais são um grande desafio.
Legado: o passado é uma bola de ferro
O primeiro grande peso que qualquer portal corporativo tem que carregar é o dos dados e sistemas legados. A analogia com aquelas bolas de ferro, presas às pernas dos presidiários nos desenhos animados, não é exagerada, garanto.
Basta lembrarmos que a evolução da informática foi vertiginosa nos últimos vinte anos. E não é nada fácil arrancar dados dos velhos mainframes – os computadores de grande porte – para serem utilizados nos atuais sistemas web–based. Vem daí as tentativas no sentido de “empacotar” dados, tornando–os intercambiáveis, com destaque para os webservices e a dupla XML–SOA.
Talvez você possa estar se perguntando se não poderíamos simplesmente deixar o legado no passado. Na maioria dos casos, a resposta é uma só: não. Basta lembrar que o portal corporativo pretende concentrar o acesso dos colaboradores aos dados e sistemas estratégicos, principalmente. Como os legados, por definição, estão ligados ao histórico das companhias, quase sempre este viés estratégico está presente, tornando–os indispensáveis.
Estruturação e compartilhamento
Outro enorme desafio está em conciliar uma complexa estruturação dos dados e informações, aliada a um também complexo processo de compartilhamento.
Analisando o gráfico acima, podemos ver com mais clareza esta questão. Considerando estas duas variáveis – grau de estruturação e grau de compartilhamento –, o ponto zero é a computação pessoal (1). Ao avançarmos no sentido de uma maior estruturação, ainda que com compartilhamento reduzido, chegamos aos sistemas departamentais (2), consideravelmente mais complexos. Da mesma forma, complexos são os sistemas gerenciais institucionais (3), que têm estruturação menor do que os departamentais, mas devem atender a toda a companhia. No último degrau da escada, alcançando a todos e oferecendo, ao mesmo tempo, grande estruturação, estão os sistemas corporativos (4) – e um portal é um belo exemplar desta classe.
Vale ressaltar que esta complexidade é o que marca uma das maiores diferenças entre uma simples intranet e um portal corporativo (também chamado de “intranet de terceira geração”)
Ameaça ou oportunidade?
Como se vê, montar um portal Corporativo “não é bolinho”, como diria o nosso editor. :o)
De um lado, uma das maiores missões de um portal é colocar ordem no caos. Isso se dá por meio de uma forte estruturação, de modo a facilitar o acesso aos arquivos que realmente interessam – inclusive os legados. Não por acaso o interesse pela área de arquitetura da informação cresce a cada dia.
De outro, um portal só é portal se alcançar um grande número de colaboradores. Assim, o compartilhamento, via rede, está na sua raiz. Aliado à estruturação, ele assume o papel de filtrar o mar de informações – que tanto nos imobiliza –, entregando aos colaboradores aquilo que é mais relevante para o desempenho de suas funções e facilitando o seu acesso a tudo que possa contribuir para seu crescimento profissional.
Não bastassem estes dois grandes desafios – o legado e a dupla estruturação/compartilhamento –, ainda existem muitos outros problemas exclusivos da área de TI para a criação de um portal corporativo, que requerem não só talento, mas também grandes investimentos.
Some–se a isso questões tão ou mais complexas, ligadas a administração, motivação, mapeamento de processos (e até filosofia de gestão), e teremos um grande problema pela frente – ou um grande desafio, tão estimulante quanto complexo. [Webinsider]
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Amigos, se as questões envolvendo os portais são complexas, nada melhor do que um grande evento, reunindo não só cases de sucesso, mas também vários dos melhores profissionais especialistas na área. É isso que vai acontecer nos dias 17 e 18 de março, na 3a Conferência Nacional sobre Portais Corporativos, promovida pela IBC, em São Paulo. Nos encontramos lá? Se eu fosse você, não perderia.
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A principal missão desta coluna é ampliar a compreensão sobre as intranets e portais corporativos, formando massa crítica sobre o segmento. Como complemento deste trabalho, ministrei, no ano passado, workshops intitulados “Ampliando o poder de sua intranet – do repositório de dados ao portal corporativo”.
Assim, nada mais natural do que ampliar este compartilhamento: estou disponibilizando aos interessados o PowerPoint que utilizei como base para o workshop de São Paulo, realizado no final de 2003. Trata–se de um arquivo com 1,3Mb, contendo 66 slides. Evidentemente, esta apresentação não consegue traduzir tudo que é dito no curso, já que serve de apoio. Mas pode ser útil como guia, acredito.
Os pedidos podem ser enviados para rsaldanhaf@ig.com.br. Basta que você me diga, no e–mail, onde trabalha e porque se interessa pelo segmento de intranets e portais, ok?
Ricardo Saldanha
Ricardo Saldanha é especialista em Digital Workplace e ex-presidente do Instituto Intranet Portal. Atualmente atua como Key Account na Totvs Private.