Ontologias fazem portal corporativo avançar

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on telegram
Share on pocket

As tecnologias empregadas atualmente na implementação dos portais corporativos ainda não exploram todos os aspectos da busca efetiva de informações pelo usuário. Uma nova geração de ferramentas e técnicas de gestão de conhecimento, baseada principalmente na próxima geração da web (a web semântica), está emergindo e a capacitação nessa área é fundamental para a competitividade das empresas nacionais.

Nos últimos anos, observou–se um enorme progresso na gestão semântica de fontes de informações heterogêneas. A peça central deste progresso é o modelo de ontologia. A aplicação de ontologias muda profundamente este cenário, apresentando outras formas de organizar o conhecimento e mudando a experiência do usuário.

Recuperação da informação em portais

Com a geração dos portais corporativos, as ferramentas de gestão de conteúdo ganharam mais recursos para suportar o gerenciamento das diversas fontes de informação das organizações. Entretanto os instrumentos de representação e recuperação utilizados não avançaram na mesma velocidade.

Abaixo, seguem alguns instrumentos utilizados nas ferramentas de gestão de conteúdo disponíveis no mercado atualmente:

  • Representação em hierarquia de pastas: este é o instrumento básico e disponível em qualquer ferramenta deste tipo. Consiste em organizar os objetos (documentos, usuários, imagens, áudio, vídeo) de maneira hierárquica, formando uma árvore, utilizada pelos usuários para navegação. Este instrumento é bastante intuitivo, dado sua aproximação do os gerenciadores de arquivos utilizados atualmente nos sistemas operacionais de interface gráfica.
  • Representação em formato de fluxo de trabalho: neste caso, o conhecimento está orientado ao tempo, pois os objetos estão conectados a partir de uma ordem de precedência. Nem todas as ferramentas de gestão de conteúdo apresentam esta funcionalidade. Consiste em apresentar, na tela, um fluxograma relacionando as pessoas, os documentos, os passos automáticos e as condições para uma determinada ação. Geralmente as ferramentas que implementam workflow trazem esta opção somente para o administrador do fluxo. Contudo, é uma maneira eficiente de representação, mas não esgota as necessidades dos usuários.
  • Busca textual: praticamente todas as ferramentas implementam algum nível de busca textual. Podemos classificar alguns níveis: a) busca nos metadados: neste caso a busca é realizada dentro dos metadados e os objetos que possuírem os campos que contenham os valores buscados serão recuperados. b) busca no texto do documento: a expressão digitada é buscada no corpo do objeto, e é criado um ranking para exibição onde os objetos que possuam maior incidência da expressão aparecem nas primeiras posições. Ampla utilização do modelo vetorial.
  • Associações por metadados: este é um recurso importante para recuperar objetos relacionados ao usuário. Ao associar o mesmo descritor a objetos diferentes, o sistema cria um relacionamento entre estes descritores, o que confere a estes algo em comum. Desta forma, o sistema é capaz de apresentar documentos relacionados para o usuário.
  • Uso de referências (links): as associações entre os objetos é outro importante instrumento de relacionamento dos objetos. Um objeto pode ter uma relação direta com outro objeto. Desta forma, o usuário pode ser informado ao acessar um objeto que deve também acessar o outro, pois estes possuem uma relação. Esta abordagem é válida mas, contudo, não é possível atribuir um atributo a esta associação. Assim, o usuário sabe que existe uma relação, mas não qual relação.
  • Uso de vocabulário controlado: disponível em algumas ferramentas, o usuário possui um dicionário para o contexto de uso e associa os documentos a palavras deste vocabulário controlado. Também é uma estratégia interessante de representação do conhecimento onde se tem um universo restrito de possíveis descritores para serem utilizados.
  • Uso de taxonomias: este outro instrumento apresenta uma forma alternativa, utilizando uma estrutura também hierárquica para representar. Entretanto, os conceitos podem ser organizados de outra maneira, dando flexibilidade ao usuário.
  • Nenhum dos recursos relacionados acima oferece a flexibilidade e os recursos trazidos pela representação por meio de ontologias.

Uso de ontologias na recuperação da informação

O uso de ontologias permite e representação de um determinado domínio de conhecimento, orientando a organização dos conceitos, e não ao tempo. Ao decidir utilizar este tipo de solução, alguns aspectos devem ser observados:

  • Criação da ontologia: sempre que possível, deve ser utilizada uma ontologia já existente para um determinado domínio. Existem, na web, repositórios especializados em armazenar ontologias definidas por um grupo formado por especialistas no assunto. Uma vez que já exista uma ontologia semelhante, o trabalho a ser realizado é estender esta ontologia, acrescentando os conceitos e relações pertinentes ao domínio em questão.
  • Representação da ontologia: existem, hoje, duas formas de representar as ontologias por meio de linguagem de marcas. A primeira é em RDF (Resource Description Framework) e consiste no uso de triplas (classe, propriedade, valor) para representar as relações entre os diversos conceitos. RDF possui limitações claras quando à possibilidade de inferência. A segunda linguagem é a OWL (Ontology web language) que se apresenta muito mais poderosa, utilizando a lógica descritiva para explicitação do conhecimento. No entanto, OWL ainda é pouco utilizada e existem poucas ferramentas e desenvolvedores capazes de lidar com esta linguagem.
  • Navegação semântica entre os objetos: a interface do sistema utilizada deve adotar recursos de navegação em grafos, onde, facilmente, o usuário tem condições de navegar para qualquer nodo, e situar–se facilmente sobre sua posição na teia.
  • Associação dos objetos aos nodos da ontologia: esta deve ser uma tarefa fácil e, para isso, a ontologia deve estar sempre disponível na tela do usuário. Contudo, além de associar um objeto a um nodo, deve–se associá–lo a outro objeto também. Desta forma, são estabelecidos dois níveis de relacionamento: um com a ontologia, identificando que aquele objeto é uma instância de um nodo da ontologia; outro com outro objeto, identificando que aquela instância se relaciona com outras instâncias.
  • Considerações

    A representação por ontologias revoluciona a experiência do usuário, organizando o conteúdo em formato de teia, assim como é representado o conhecimento no cérebro humano. Esta organização permite a navegação hipertextual no que diz respeito ao assunto. O usuário tem acesso com poucos cliques a todos os recursos relacionados a um determinado objeto.

    Implementar este tipo de solução em um portal, atualmente, pode ser uma tarefa árdua. O uso efetivo de ontologias ainda é pequeno, diante do grande burburinho feito sobre seu conceito. O amadurecimento de linguagens de lógica descritiva permitirá o surgimento de ferramentas mais poderosas, que facilitação a incorporação desta solução às ferramentas de portais. [Webinsider]

    Referências

    LEVY, Pierre. Tecnologias da inteligência.

    W3C OWL

    W3C RDF

    McGuiness, Deborah. Ontology Development 101: A Guide to Creating Your First Ontology

    .

    Avatar de Fernando Parreiras

    <strong>Fernando Parreiras</strong> é mestrando em Ciência da Informação pela ECI/UFMG e membro fundador do NETIC (Núcleo de Estudos em Tecnologias para Informação e Conhecimento). Mantém um <strong><a href="http://www.fernando.parreiras.nom.br" rel="externo">site</a></strong>.

    Share on facebook
    Share on twitter
    Share on linkedin
    Share on whatsapp
    Share on telegram
    Share on pocket

    Deixe um comentário

    O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *