Uma certa coisa vinha me incomodando recentemente. Rodeado de Flickrs, Facebooks e depois Instagrams, me batia uma certa angústia depois de ficar passeando um tanto pelas vidas dos meu social friends. Eu ali, olhando aquilo tudo e me sentindo meio estranho, talvez até meio deprê. Esse contato bacana com tanta gente e eu me sentindo assim. Mas por quê?
Falta de ‘amigos’?
Acho que não. Eu na verdade venho gerenciando e tentando diminuir a quantidade de contatos que tenho nestes pontos todos. Gerenciar social friends virou a necessidade mais recente, não é mesmo? Google+ querendo se diferenciar por melhores ferramentas pra organizar seus ‘amigos’.
Falta de ver os amigos pessoalmente?
Também não acho que seja o caso. Para aqueles amigos que moram longe e não dá pra ver, acompanhamos a vida um do outro, ao menos um pouquinho, pelas redes. Os que estão perto, combinamos um monte pelas redes e temos até nos visto até mais do que antes. (Sem falar que essa história de vida virtual e real separadas faz cada vez menos sentido, mas isso é assunto para outro texto.)
Excesso de informação?
Sim, pode ser. O grande vilão, a info-obesidade, a falha do filtro, o dia só tem 24 horas e todas aquelas coisas que a gente vê ou fala em palestras. Mas acho também que não…
Então o que seria? Qual o motivo dessa angústia?
Há algum tempo venho brincando e dizendo que olhar o Instagram é como olhar a revista Caras, só que melhor. São todos nossos amigos e todos estão lindos, felizes e sorridentes, em lugares incríveis e com fotos muito mais bonitas por causa dos filtros maravilhosos do programa que transformam qualquer instantânea lavada numa foto espetacular.
A partir dessa observação é que a coisa começou a clicar.
Londres, Paris, Grécia, Roma, Cannes, San Francisco, Disney. Buenos Aires. Egito, Morro Dois Irmãos, Búzios, passeios de veleiro, andar de balão, madrugada no Rock in Rio, checkin naquele restaurante incrível que acabou de abrir, checkin em todos aqueles restaurantes incríveis.
Uma festa incrível, modelos incríveis, óculos incríveis, roupas incríveis, filhos incríveis, almoço de família maravilhoso, o cachorro mais fofo do mundo, o gato dormindo ao sol, sorrisos, muito sorrisos, felicidade, muita felicidade.
Está aí a minha angústia.
Toda essa felicidade, toda essa coisa incrível e linda, todos esses lugares maravilhosos, ainda mais belos e ‘instagramados’ era o que estava me deixando angustiado.
Mas o que estaria acontecendo comigo? Recalque? Inveja disso tudo? Por que isso me deixaria angustiado e não feliz? Não seria legal ver essa felicidade toda dos meus amigos?
Se a vida fosse assim o tempo todo, seria legal sim. Mas vista pela lente da social media, a vida se transformou numa edição distorcida positivamente de si mesma e é isso que vem me incomodando.
Quando foi que você viu uma foto de alguém de pijama no Facebook? Não uma foto sexy, de pijama sexy. Uma foto sem graça, mal iluminada de alguém de pijama velho? Um vídeo de 5 minutos de alguém passando fio dental e escovando os dentes sem nenhuma mensagem ou sacadinha? Uma discussão realmente sem importância de um casal? Uma foto sem filtro de uma caixa de sabão em pó? Um checkin na escola de alguém que foi deixar o filho de manhã na escola? Alguém dizendo que comeu pão de forma com margarina no café? Comemorando que está indo de ônibus trabalhar naquele dia? Foto da oficina mecânica onde o carro foi fazer uma revisão regular?
Na edição da vida em que transformamos a social media, não há espaço para o comum, o mundano, o regular, o cotidiano, ou se quisermos radicalizar, para a ‘vida’ como ela realmente é: às vezes boa, às vezes ruim, às vezes péssima, outras fantástica.
A vida vista pela social media é feliz, linda e instagramada em lugares incríveis, 98% do tempo (nos outros 2% estamos xingando no Twitter). Só mostramos aquilo que gostamos demais, os momentos demais, as comidas demais, através de fotos demais com os filtros mais bacanas. É basicamente uma edição bacana da realidade que deixa de fora justamente tudo o que não é lindo e incrível.
E como não acompanhamos isso tudo com um disclaimer na cabeça que diz “Os fatos e fotos aqui apresentados representam apenas o lado bacana da vida das pessoas, mas todo mundo tem seus bons e maus momentos”, a gente facilmente acaba por achar que a vida de todo mundo é 100% perfeita, menos a nossa, e isso certamente é motivo pra qualquer um se angustiar demais.
Porque não importa o quão bacana seja a sua vida, ou o que você tenha feito de legal num determinado dia. Nada do que você fez, tem ou é poderá nunca se comparar com todo esse mundo perfeito, incrível, de gente feliz e lugares extraordinários que é o coletivo de informações que chegam dos nossos social friends.
É preciso se dar conta que todo mundo tem o seu lado normal mas que simplesmente prefere não mostrar porque considera que não tem graça. E com razão, afinal qual é a graça de publicar um vídeo de alguém passando fio dental?
Talvez o Facebook e, principalmente, o Instragram realmente devessem colocar o disclaimer. Certamente ajudaria a diminuir essa angústia.
‘Desencana’ você vai dizer. ‘Você é que está estressado demais.’
Aham, pode ser. [Webinsider]
Michel Lent Schwartzman
Michel Lent Schwartzman (michel@lent.com.br) é um empreendedor serial e especialista em marcas e negócios digitais, com sólida experiência em acompanhar carreiras e aconselhar empresas. Pioneiro na indústria digital, é formado em Desenho Industrial pela PUC-Rio e mestre pela New York University. Ao longo de quase 30 anos, fundou e dirigiu agências e atuou como CMO em grandes fintechs, além de prestar consultoria para diversas empresas globais
35 respostas
Desencana rapaz, você está estressado demais. :o)
Brincadeiras à parte, gostei do texto. Mas acho que o maior impacto das “publicações -otimistas-positivas” é mesmo para a própria pessoa. Olhar o próprio Instagram e o próprio Feacebook, é como fugir por um instante do mundo real.
Eu mesmo já removi da minha timeline gente que só reclama da vida.
Não acho que isso seja de todo ruim. Estamos apenas nos adaptando a uma nova realidade.
abraço,
Fabricio Braga
Caro Michel,
Concordo que as pessoas, em grande maioria na rede social se expõe de acordo com o melhor da vida!
No Facebook, por exemplo, marca que está com o amigo em tal restaurante ou balada ou cidade turística!
As fotos são filtradas e logo adicionadas as mais bonitas, pois não pode ficar com uma imagem ruim na rede.
Sinto que seja extremamente angustiante os que se expõem demais, os que cada passo da vida fica ‘postado’ ali… Aqueles que só reclamam… Porque é assim, não me deparo só com foto bonita, comentários sobre baladas e viagens perfeitas, depoimentos de amizades sinceras e exposição de relacionamento perfeito!
Me deparo com pessoas pessimistas que reclamam de tudo e todos… Com fotos sem um pingo de noção… Posts sobre amizades e amores perfeitos, uma hipocrisia desmedida!
Sinto que twitter, facebook tornou-se uma válvula de escape para as pessoas exporem pensamentos, sonhos, desabafos, indiretas e até mesmo para colorir sua vida que é vivida em preto e branco…
Porque tem casais que falam de uma felicidade sobrenatural… Quem é muito feliz e se sente completo não tem necessidade de se expor tanto, me parece uma necessidade absurda de postar coisas do gênero para “crer nessa felicidade”!
E os casais que eu conheço que vivem uma relação bacana, não declaram isso na rede.
Acho que tem é que colocar fotos legais mesmo, postar comentários divertidos, alegres porque diariamente nos deparamos com tantas tragédias, notícias ruins, a mídia e alguns programas específicos só falam sobre crimes, acidentes, é tragédia sobre tragédia… A energia que esse tipo de notícia causa é péssima… Então, sou a favor de falarmos de coisas boas, evitarmos reclamações, problemas… Pois, quanto mais falamos a respeito de coisas ruins, mais energia envolvemos nas mesmas. Isso não significa que não iremos lidar com o mesmo, mas desnecessário expor.
E ainda assim me deparo com reclamações e comentários ruins no facebook.
Eu tenho problemas, você tem problemas, todo mundo tem problemas! Todo mundo sofre altos e baixos!!!
Mas, se depois de um dia longo de trabalho, stress, chateações, se entro numa rede social para dar um oi a um amigo, ver atualizações recentes, tudo que eu não quero é ler ou ver coisas tristes, porque eu sei da existência da mesma, mas para vivermos tudo isso, é necessário se desligar um pouco desta densa realidade!
Penso que…
• Cobrar a irmã o valor que a mesma deve da fatura do cartão pelo post do facebook ou scrap do Orkut;
• Colocar a foto do carro importado novo aberta ao público;
• Avisar a todos, inclusive amigo de amigos, que saiu o financiamento do apartamento;
• Adicionar fotos do quarto de motel que conheceu no último fim de semana;
Isso entre outras coisas que eu vejo considero totalmente desnecessário! Assim, como colocar vídeo passando fio dental…
Agora deixar de colocar uma foto que estou bonita, maquiada, arrumada para colocar uma de pijama velho vamos combinar que não tem sentido! Até porque os meus amigos não costumam me ver de pijama. Agora uma foto natural, descontraída, muitas vezes fica mais bonita de se admirar do que uma tirada no último grande evento que aconteceu na cidade.
Eu sou a favor de participar de rede social sim, desde que a pessoa saiba dosar, adicionar pessoas que realmente conhecem, colocar certas informações e dar acesso a alguns, ter álbuns privados com público selecionado, afinal nem todo mundo que você conhece, conversa, tem um grau de ‘amizade’ precisa ter acesso a fotos de todas as suas viagens ou momentos, se policiar ao escrever, ao enviar recadinhos, pois em toda rede social tem um meio de mandar assuntos particulares de forma privada. Eu faço parte, eu compartilho mensagens, vídeos de músicas, fotos, seleciono quem as vê, brinco, mas tudo dentro de um limite que eu mesma imponho.
Vivemos num mundo os as pessoas estão carentes de amigos verdadeiros, sinceros e bons.
As pessoas necessitam externar o que lhe dói na alma, seja através de mensagens, desabafos, críticas ou projeções.
A verdade é que as pessoas não tem muita paciência para lidar com pessoas reclamonas, deprimidas ou que falam muito, e até mesmo as que estão felizes, conquistando coisas e sendo feliz. Até porque as pessoas querem falar mais e ouvir menos.
Querem curtir, não querem lidar com problemas.
Então a rede social acaba sendo mais parceira que amigo, família, cônjuge… E o mundo de fantasia os aliviam ou os deixam mais doente frente a vida, ao mundo contemporâneo que a cada dia ‘inventam coisas’ que agregam ou não… e cada individuo tem uma estrutura e um olhar frente a essas invenções.
Concordo com 100% das palavras ditas!
Pensando dessa forma fica até mais fácil entender porque muita gente (me incluo nesse rol) não consegue fazer ‘sucesso’ na web. Pessoas comuns, que tem enxaqueca uma vez por mês, sofrem com a sobra do mês no final do dinheiro, dormem mal e acordam cansados não ‘vendem’, não são retuitados, não são indicados, etc.
Ninguém quer ter na sua lista de amigo um cara de pijama velho com furo embaixo do braço…
Pois é,
já me peguei nessas deprês tbem!
Mas daí, nós encontramos textos como esses na internet, que nos fazem ir ao youtube e procurar um vídeo de fio dental. E olha o que encontramos: http://www.youtube.com/results?search_query=fio+dental&aq=f&aql=f
Viva a vida normal e chata!
Só pra alegrar!
Abs
Concordo com o texto, mas não é basicamente isso que acontece no dia a dia das pessoas? Quem quer compartilhar vivências pessoais ruins com todos seus contatos (disse contatos, não amigos), tanto via face quanto na vida real? Quando muito, confidenciamos para alguém próximo. Acredito que ninguém quer se expor negativamente, dizendo q esta passado por um momento ruim/triste. As poucas vezes que vejo isso no face, eu particularmente não gosto de ver, e passo batido (da mesma maneira que vemos um mendigo na rua e fazemos questão de não enxergá-lo). É a tal da “ realidade filtrada de forma distorcida para o lado positivo” que vc mesmo citou.
O face é aquilo que queremos ser: esportistas, legais, bonitos (instagramados), piadistas, enturmados, intelectuais, num mundo sem mendigos. Concordo com a Carol, que diz: “…acho preocupante que isto tenha virado uma necessidade, principalmente quando a realidade não correspondo à imagem virtual”. Sabendo disso, basta saber lidar com o face, sabendo que as pessoas não são sempre felizes em todos os minutos de suas vidas e que sim, existem mendigos nas ruas…
Imagine se todos os seus contatos postasses cada briga, descontentamento que vivencia…. seria o “Muro das Lamentações Online”!! 🙂
Eu já fiz check-in ao deixar meu filho na escola! Mas queria ver alguem fazer check-in na cozinha do escritório, esquentando a marmita! hahaha
Na minha opinião todo mundo caga cheiroso nessas redes sociais. Chega a ser deprimente ver como as pessoas se esforçam para parecerem cool…são verdadeiras vítimas dessa vida idealizada e inatingível que todos fingem viver. Isso gera angústia e ansiendade.
Acredito que isso nem tem a ver com Social Media, mas como as pessoas querem ser vistas ou melhor, identificadas nesse nosso mundo cheio de signos em que você é quase obrigado a ter uma identidade, mesmo que seja virtual.
Há sim uma ditadura do “identifique-se”, uma ditadura do “você precisa ser reconhecido” ou, pior ainda, “é preciso buscar seus 15 minutos de fama”.
É preciso se identificar, mostrar seus movimentos, mas é preciso ser bem visto. É preciso fazer daquele momento ou do seu perfil, uma extensão daquilo que você queria que fosse. Claro, nem todo mundo é assim, mas virou um padrão cultural de comportamento. Isso não é “mostrar” as coisas boas, mas como você quer visto ou entendido.
O problema também é o modelo de vida que aceitamos. Todo mundo aceita que para ser feliz ou ter momentos inesquecíveis é preciso fazer uma viagem a New York, ser fotografado ao lado da Betty Faria, estar dentro de um Air France rumo a Suiça, estar almoçando no Barbaccoa com o boss, etc. São maneiras de às vezes querer definir momentos como bons, mas que não necessariamente o são. E como disse o Lent, é um visão distorcida de si mesmo.
Não creio que é um problema de Social Media e isso é apenas uma extensão do padrão de comportamento que achamos que é.
“Eu em Paris. Eu no Rock in Rio. Em Londres”. Mostre-me uma foto sua no Acre comendo côco e aí eu vou me impressionar – fala de um colega no Facebook.
Nelson Rodrigues explicaria isso de uma maneira bem interessante.
Olá michel de fato concordo com você que a maioria das pessoas só apresenta nas midias sociais seus momentos perfeitos, lindos e maravilhosos, e que uma repetição disso por milhares de pessoas que la estão acaba por representar a vida como ela não é rsrsrs ao menos o não a realidade da vida para a grande maioria, no entanto ja vi gente criticando quando alguém coloca algo trivial do dia a dia como vc mesmo citou nimguém dar chequin no foursquare quando vai a oficina ou leva o filho a escola, na verdade isto é um reflexo do mundo em que vivemos ond todos querem imitar a arte, ou o ideal de vida pregando pela TV, pelos comerciais onde vc é bacana se só faz coisas legais se vai a lugares lindos etc… e ai sera que isso tem remédio ?
No meio de tanta informação ruim (que é o retrato de 98% do que vemos na mídia, os outros 2% ainda estou tentando entender se valem a pena) nada mais justo do que criar, mesmo sendo um inconsciente coletivo, uma esfera de relacionamentos e fatos da vida que valem a pena não só viver, mas compartilhar. Abraço!
Michel, minha opinião é que as pessoas estão cada vez mais necessitadas da empatia e da aprovação alheia (leia-se “likes”, “follows”, “retweets”, “+1s”, …) e acabam, muitas vezes de forma exagerada, fazendo campanha integral delas mesmas.
Eu compartilho desta sensação contigo e confesso que muitas vezes, me vejo assistindo a um horário político, onde todo mundo tem boas intenções, todo mundo é honesto, todo mundo usa maquiagem… enfim, todo mundo está em busca de votos positivos.
Mesmo assim, sinceramente, é algo que, ainda, não me “apurrinha” tanto assim, pois acredito que isso tudo ocorra apenas pelo fato das pessoas, agora, terem a oportunidade de “sair do anonimato”.
Quem nunca quis ser superstar? 😉 hehehe
Mas sinto, realmente, que as pessoas precisam aprender lidar com isso e serem mais imperfeitas, para não deixarem de ser humanas 😉
Excelente texto, Michel.
O meu ponto de vista sobre o Facebook _ mas só um ponto de vista mesmo _ é que as pessoas tornaram-se viciadas em mostrar o tempo todo esta “tal felicidade”. E pior, precisam da aprovação dos outros para garantir esta felicidade.
Conheço vários casos de pessoas que parecem viver no país das maravilhas do Facebook mas que ao mesmo tempo estão vivendo crises pessoais enormes que não correspondem nem um pouco à imagem que se esforçam tanto pra exibir na rede social.
Não tenho absolutamente nada contra fotos felizes e gente alegre. Adoro. Mas acho preocupante que isto tenha virado uma necessidade, principalmente quando a realidade não correspondo à imagem virtual que a pessoa tenta manter a todo custo.
Michel achei esse texto através do Hoje Vou Assim da Cris Guerra. E concordo que nós “floreamos” a vida, porque não há nenhuma graça em mostrar o feio, o triste. Enfim, não discordando também do seu ponto de vista sobre a “ditadura” da tal felicidade que existe em pequenos momentos da vida, e só existe porque obviamente existe o fim temporário dos momentos de tristeza.
Mas, engraçado é que tenho um vídeo com meu filho usando o fio dental. Nos 35 seg. do mesmo eu tento escovar os dentes dele, e convencê-lo a deixar o fio dental de lado…. rs!
http://www.youtube.com/watch?v=gIOkh6lTzRs
Dizem que as fotos são a representação, a lembrança daquele momento. Mas então, pq sempre nos pedem para sorrir, mesmo q vc não esteja feliz?
Qual o problema de sair em uma foto com a mesma cara de um minuto atrás? Eu não gosto de tirar fotos e qd isso acontee raramente estou sorindo e feliz da vida…. e isso causa sempre os mesmos comentários: nossa como vc estava séria… brava… cara de epoucos amigos… Mas pelo menos saí como realmente sou !
É isso aí..as vezes angustia mesmo, tanta perfeição.. e isso nos leva a achar que a vida alheia é super fácil também, e que o nosso cotidiano é meio mágico.. mas o mundo nos traz a todo momento a realidade e por fontes virtuais.
Concordo. Acho o twitter um pouquinho mais democrático – já que lá, pelo menos, protegida pelo anonimato de um nick, e seguindo e sendo seguida por desconhecidos, eu podia xingar, ser feliz e chorar sem medo de ser feliz – no máximo, perdendo alguns seguidores, nada que me tirasse o sono. Apesar disso, um dos únicos conhecidos que me seguia me repreendeu na timeline, dizendo que eu tava sendo a ‘garota enxaqueca’. (Mandei ele às favas, lógico! To deprimida sim, sei que estou triste, chata, e se a única coisa que vc pode fazer é me criticar, prefiro que cale a boca). No facebook, como todos são conhecidos, e muitos colegas de trabalho, não dá pra xingar o chefe nem ser deprimida. Daí que o facebook pra mim é como a Vila Olímpia, a Rua Amauri, onde todo mundo é feliz e todas as mulheres têm cabelo liso (já viram alguém de cabelo crespo/enrolado na Vila Olímpia? eu não). O twitter parece um pouco mais a Rua Augusta – permite uma mistura diferente de tribos, xingar muito e ficar um pouco deprê bebendo umas no balcão do bar. Por essas e outras, sempre achei o twitter mais legal.
Viviane, o objetivo do texto era dividir a angústia e compartilhar a constatação de que a social media, que poderia ser um stream da vida das nossas pessoas, é, na minha percepção, uma realidade filtrada de forma distorcida para o lado positivo e que isso pode ser angustiante se você olha de forma desavisada.
Sem maiores pretensões… 🙂
Excelente leitura! Não só concordo como debato esse tema constantemente com meus colegas.
Minha opinião é que lutar pelos pequenos momentos de alegria é extremamente válido, todavia acreditar que esses são uma constante na vida de terceiros é uma catástrofe para a auto-estima!
Obrigado por trazer novos insights ao tema! Parabéns!
Oi Michel,
Estou aqui pensando e ainda não entendi o objetivo do seu texto, sinceramente. É claro que as pessoas não vão colocar seus momentos ruins nas redes, pelo menos não em fotos. Acho natural até. E se elas colocarem tudo o que as acontece de comum no dia a dia aí sim seria insuportável. Lógico que são seus highlights, momentos que elas consideram interessantes e que merecem ser compartilhados. Se elas realmente estão sendo sinceras ou verdadeiras é outra história. Concordo com o que o Daniel disse acima: “ninguém quer mostrar o que não atrai, o que não gera comentários, o que passa despercebido e é considerado comum demais.” Mas isso não é normal? Ou isso é ruim ou errado?
Enfim, não entendi direito a sua angústia. Talvez pela mudança rápida no modo como as pessoas estão se relacionando, se mostrando? Acho também que todos nós estamos aprendendo como fazer isso da melhor maneira possível…
De qualquer forma, valeu pela reflexão e fez pensar…ainda que eu não tivesse entendido o objetivo ou não tivesse concordado ou muito pelo contrário! 🙂
Abraço
Lent,
Gostei do artigo e me reconheci em muito do que você diz. Tive uma reflexão sobre o assunto esses dias, por conta de uma situação negativa que me aconteceu. Na vontade de desabafar, me perguntei se valeria a pena fazer isso em uma rede social ou se isso só deixaria essa energia negativa mais forte. Achei melhor não compartilhar e continuei, aos olhos dos meus amigos virtuais, a viver uma vida feliz.
Isso me lembra a história de regressão: pq em outras vidas as pessoas sempre foram nobres, eruditos, faraós…tou pra ver alguém que foi vagabundo, bobo da corte, ladrão de diligências. Ou então que simplesmente não teve outra vida, esta é sua primeira encarnação. Mas aí não tem graça contar né. 🙂
Vai vender cachorro quente amigo, acho que é a melhor coisa, por que nunca fez nada para o mercado de social media =)
Acho que as redes são como uma vitrine: ninguém quer mostrar o que não atrai, o que não gera comentários, o que passa despercebido e é considerado comum demais. A intenção das redes na internet (atualmente) é transformar a vida de todo mundo num catálogo bem acabado. Se os modelos não forem suficientemente interessantes, o cenário e o contexto dão conta.
A maioria das pessoas hoje adotam o mesmo tipo de “filtro” instantaneamente. Em poucos minutos temos um mais-novo-recente-inédito-mundo incrível que todos participam #hámuitossegundosmenoseu, incorporam rápidamente modelos fugazes e rasos para a mais nova felicidade (#updateontem) e esquecemos de viver de fato o momento, a festa, os amigos, o lugar, o por-do-sol. Cadê a foto no facebook? Se lá não estiver é quase como se não houvesse acontecido.
Interessate que isso hoje nos incomode, posto que nada mais é do que a popularização do que a alta sociedade fez durante anos, em revistas, livros e programas de TV (Amaury que se cuide!).
Não me surpreendo com essa evolução do faz-de-conta, acho que ser humano sempre precisará desse recurso. Mudam os canais e os recursos. Permanece o vazio e a necessidade de ser o que não se é.
Gostei do texto, Michel. A reflexão é boa, mas se formos parar pra pensar, é quase redundante. Esse fenômeno da ‘edição’ da vida não é uma característica de Social Media. A vida pública das pessoas, em geral, já é uma edição. E acho que isso tem tudo a ver com a nossa querida relevância. O fio dental, o momento pijama, a espera no ponto de ônibus ou a 15ª discussão de um casal sobre aquele mesmo assunto de sempre não são ‘relevantes’ aos social friends. A gente não vê isso porque não é isso o que se quer ver. Até Reality Show tem que ser editado pra ter graça.
Excelente o termo “info-obesidade”, é seu? Vou pegar emprestado =)
Só fechando meu pensamento, a vida que a gente registra é uma grande edição dela mesma. É muito material bruto e privilegiamos os momentos de pico, sejam bons ou maus. Um exemplo disso é aquele clichê de brindes, réveillons e viagens em que sempre alguém vaticina: “Gente, isso aqui é o que a gente vai levar dessa vida! Saúde!” Nós somos diretores, editores e finalizadores natos. Até aí, tudo bem, porque nunca vamos conseguir ser roteiristas e acabar com o milagre do instante único.
Abraço e obrigado pela leitura ‘incrível’ que vou compartilhar com meus social friends!
Ai, será que essa gente toda não cansa de ser tão “feliz” o tempo todo? Só a minha vida não é superbacana? Você tem toda razão, é angustiante, mesmo! Muito bem colocado.
bem colocado, concordo é claro… alem disso, para mim é muito cansativo e entediante o tal de curtir, e só curtir, os posts e comentários e quitais…sempre clamamos por um dislike button, mas nunca veio… e o curtir contribui para as pessoas botarem as fotos lindas, os posts legais, as caras sorridentes, etc, “fishing for compliments”, ou seja, mais gente curtindo, mais comentários de “fofo, lindo, gostoso, que bom, genial, etc etc etc”… tiro a opção curtir, ou agrega a dislike, e as caras vao ser menos sorridentes… eu acho, mera opinião
Pois é, acredito que grande parte dessa angústia está na ansia por novos conhecimentos! As novas mídias influenciaram muito na nossa necessidade de auto-realização. Isso também é reflexo da era exponencial que estamos vivendo!
confordo perfeitamente com vc Lent, é foto na praia, em outro estado, outro pais, e onde fica o cotidiano?
Tenho o mesmo sentimento de angústia e me identifico com cada palavra, o que percebo é uma maquiagem, mostrar o lado bonito e feliz da vida faz parecer que somos 24 horas felizes, acho que é um desejo do ser humano, a busca do sonho realizado, é como a garota que sonha com seu príncipe encantado montado em um cavalo branco. Fiz alguns anos de psicoterapia (para tentar entender essa tal felicidade que via nos outros e não em mim), fiz uma pausa e voltei. A pscoterapia Freudiana me ajudou enxergar que felicidade não é ser feliz o tempo todo (cito Freud não por ser o melhor, mas o que tem funcionado comigo), felicidade no meu ponto de vista é aproveitar os bons momentos e saber contornar os problemas sem se abater ou se entregar. A vida é um gráfico de altos e baixos, cada um tem o seu uns mais altos outros menos e todos sobem e descem, acho que é mais feliz não quem tem os melhores momentos mas quem sabe aproveitá-los e solucionar os problemas que ocorrem no dia a dia, as intempéries da vida que ocorrem sem distinção de classe social, sexo ou etnia. É mais feliz quem sabe viver com todas suas alegrias, tempestadades e momentos comuns.
Bom no meu ver é isso, achei o seu post Michel.
Abraço e felicidades.
A publicidade também nos cerceia com esse ideal de felicidade por todos os lados. Famílias felizes, viagens incríveis, sucesso profissional, carros sensacionais e por aí vai. No caso do Instagram e Facebook as pessoas querem compartilhar coisas boas com seus amigos. Os usuários sabem que a vida ali tem um filtro positivo. Eu particularmente prefiro ver só coisa boa, o dia a dia já é problemático demais.
Meu amigo, uma vida editada, é uma sem graça…a vida tem graça com os imprevistos e erros…abraço grande, de um amigo distante, mas sempre por perto!!
Concordo muito!!! Inclusive isso me incomoda há tempos, ainda na epoca do orkut criei a comunidade “orkut = revista caras popular” onde todos são felizes, ricos e bonitos. Sim, isso cansa.. E Nao, Nao é recalque! Viva o banal! 🙂