A universidade é o espaço coletivo de elaboração, reflexão, debate e disseminação do conhecimento.
É o palco de racionalização das grandes questões da humanidade em todas as suas expressões temáticas, das cientifícas às tecnológicas.
E um dos principais pilares que sustenta a singularidade desse espaço é a interação colaborativa, a troca de conhecimento e experiências, entre os seus diversos atores: professores, alunos e pesquisadores.
É essa combinação única de elementos conflitivos que permeia as manifestações criativas na universidade.
As tecnologias digitais, desenvolvidas nas duas últimas décadas, promoveram uma revolução na sociedade, principalmente na maneira como as pessoas interagem entre si. Desta forma, essas tecnologias podem ser incorporadas na universidade em todas as suas dimensões de construção do conhecimento, de ensino, pesquisa e extensão.
As novas ferramentas digitais apresentam uma extensa lista de oportunidades, como cursos não presenciais, materiais pedagógicos virtuais, acesso a bibliotecas online, bancos de dados compartilhados, interação por teleconferência, blogs e grupos de discussão. É possível, assim, vislumbrar uma trajetória de universalização do ensino superior, ingrediente essencial para o desenvolvimento de qualquer nação.
Esses novos recursos parecem servir como um elemento facilitador na difusão do conhecimento dentro da universidade, o que, em princípio, poderia aumentar a interatividade entre os diversos atores e, portanto, solidificar a instituição.
Entretanto, é premente um amplo debate sobre como as novas tecnologias serão inseridas no ambiente acadêmico, uma vez que, em muitos casos, elas podem acabar comprometendo a interação efetiva entre os seus diversos atores. Um caso que merece especial atenção é o distanciamento dos estudantes do ambiente acadêmico.
Sem debate e reflexão na sala de aula
A audiência dos estudantes nas salas de aula diminuiu consideravelmente, viraram atores virtuais, invisíveis para a estrutura acadêmica. Agora, eles buscam na internet as fontes de referência dos conteúdos programáticos das disciplinas, ignorando as oportunidades de debate e reflexão em sala de aula.
Para essa nova geração de estudantes, as aulas expositivas se tornaram desinteressantes e sua presença nesse ambiente acaba se limitando aos eventos protocolares: exames e tarefas extraclasse. Mas seria produtivo esse descolamento do ambiente acadêmico, mantendo um vínculo primordialmente virtual com a universidade?
Inserir as ferramentas
Entender esse fenômeno e procurar novos mecanismos, para que os estudantes possam explorar o ambiente acadêmico em sua plenitude, estão entre os principais desafios da universidade deste século, e as novas ferramentas digitais deverão ser inseridas nesse contexto.
O primeiro passo será entender as funcionalidades das novas mídias interativas e as consequências de seu uso nas relações sociais. Ao introduzir novas ferramentas de ensino, as antigas aulas expositivas devem se transformar em eventos de discussão, onde a participação de todos os atores será fundamental, pois não há comunicação sem todas as partes envolvidas.
A universidade é o palco onde ocorre a emancipação do estudante, onde é possível lapidar vocações, formar empreendedores do conhecimento, moldar cidadãos conscientes de suas responsabilidades socioambientais. Focar somente nos aspectos técnicos do ensino significa se restringir a um subconjunto do processo educacional.
O egresso deve ter a habilidade de interferir no conhecimento estabelecido, desenvolver novas soluções e aplicá-las de forma responsável para o bem estar da sociedade. Todos esses elementos formadores somente se tornam realidade se envolverem o estudante junto ao ambiente acadêmico.
Nesse contexto de conectividade, o educador deve assumir um novo papel no processo educacional, deve atuar como o mediador do conhecimento, não mais como o provedor do conhecimento. Aquela informação adquirida na universidade, dentro de um modelo antigo de formação, tem vida curta no dinâmico e sofisticado mercado de trabalho.
Inserção profissional
Hoje, somente o profissional pleno é capaz de sobreviver nesse mercado, e para isso deve se ajustar aos rápidos avanços em sua área. Se o indivíduo perder a oportunidade de assumir um papel de ator principal do conhecimento, dentro de sua trajetória estudantil, sua inserção profissional será muito mais difícil.
A universidade é primordialmente um espaço de criação e reflexão. Se abdicar desses dois elementos, a universidade se limita a uma biblioteca, somente um espaço de disseminação de um conhecimento já estabelecido e arquivado. Como Piaget enunciou: “A principal meta da educação é criar homens que sejam capazes de fazer coisas novas, não simplesmente repetir o que outras gerações já fizeram”.
A universidade deve estar atenta às novas tecnologias digitais, e discutir suas metodologias e práticas educacionais para atender às demandas dessa nova geração de estudantes. Não pode mais viver sob o modelo antigo, sob o risco de virar virtual e invisível para a sociedade. As novas tecnologias devem ser exploradas para servir como meios de construção do conhecimento, e não somente para a sua difusão.
A universidade foi um dos mais importantes agentes no desenvolvimento das tecnologias que culminaram com essa revolução digital, não pode agora ser ela vítima do uso inapropriado dessas tecnologias. [Webinsider]
João Francisco Justo Filho
João Francisco Justo Filho, doutor em engenharia pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), é professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.
23 respostas
O mundo virtual é muito bom para aprendizado, mas não devemos esquecer que os debates cara a cara, que fazem a diferença.
O texto leva a uma reflexão das novas tecnologias e a o papel das universidades em meios a esta nova ferramenta, visto que que a universidade foi de fundamental importância para de tais ferramentas. Conciliar a universidade e as novas tecnologias é preciso
Assim como o mundo progride, os estudos não ficariam de escanteio. O mundo virtual, é uma ferramenta importante e essencial para estudantes. A sociedade querendo ou não gira em torno de uma máquina que podemos ter em nossas mãos, fazendo bom aproveito e extraindo bons conhecimentos sem sair de casa. Praticidade.
As Tecnologias estão sendo incorporadas nas universidades para conhecimento,pesquisa e extensão com cursos a distancia, com salas virtuais, biblioteca online, interação por telecoferência, blogs e grupos para discussão, sendo assim muito mais fácil sua insersão profissional para moldar cidadãos consciente de suas responsabilidades sócio ambientais .Como piaget anunciou: A meta é criar, inovar e fazer coisas novas, não repetir para outras gerações o que já fizeram.
Com o uso de computadores, tablets e smartphone que são conectados a internet ficou muito mas fácil de fazer pesquisa e trabalhos da faculdade, com isso a frequência dos alunos diminui consideravelmente, assim abre novas portas de metodologia de ensino a distancia EAD.
O espaço digital que foi criado pelos alunos foi mérito de dedicação partilhado pelos professores,
Já teve uma época que muitos alunos vivenciavam só os livros.
As vezes não e só obrigação dos Professores. Essa limitação interpretativa para passagem da informação para o conhecimento, tem que vir de fora para dentro.
Muito bom!!! Deu o inicio da aprendizagem, receio que esse post, foi uma motivação para aqueles que não sabia, se interagir ficará mas facil de aprender, dialogar na sala de aula faz parte do estudo. E não só na sala, mas para vida profissional.
Acho que devemos criar coisas novas, não simplesmente repetir o que outras gerações já fizeram.
O futuro depende da educação de hoje. Toda tecnologia atrelada a educação é bem vinda no sentido da informação. Esta inovação é sem dúvida uma maneira de interação que surte resultados transformadores.
O estudo virtual agregou muito a nós estudantes, facilitando o aprendizado, tendo acesso a assuntos sem perda de tempo, porém o que não podemos deixar de ter é o debate cara a cara, isso nos faz crescer independente da época e tecnologia.
Hoje em dia , podemos dizer que já se quebrou a barreira do preconceito em relação as instituições que fazem uso do EAD ( Ensino a Distancia), pelo fato de não ocorrer essa troca de experiencias presenciais do ambiente acadêmico, conhecimento, falta de debate e reflexão em sala de aula. Porem, com a dinâmica e modernização do ensino superior,que juntamente com as tecnologias digitais e ferramentas novas que, funcionam como elemento facilitador do conhecimento no intuito de difundir o mesmo dentro da universidade, visa aumentar dessa forma, a interatividade dos elementos que os compõe.
apesar de que, devemos ter cuidado para que essas novas tecnologias digitais não devem servir apenas como meio de difusão, e sim, devem ser exploradas para o meio de construção e conhecimento da universidade, aumentando dessa forma, a interatividade entre os componentes deste universo.
sendo assim, podemos afirmar que o EAD elevou seus conceitos de parâmetros educacionais, conseguindo solidificar a instituição, almejando dessa forma a universalização do ensino superior.
Da mesma forma que a tecnologia se evolui, o ser humano também precisa evoluir, mais nem sempre acontece desta forma, por falta de oportunidades que algumas pessoas nao tem, e isso nao é culpa delas./ a inserção de alguns estudantes no universo virtual não é um problema, mais sim deveria existir solução para com eles.
É uma forma prática de estudar principalmente pra quem precisa trabalhar e quase não tem tempo pra estudar. Mais tenho muita dificuldade nesse novo progresso a distância preciso me adaptar muito com essa tecnologia.
na minha opinião o ambiente virtual só agrega a mas informações e conhecimentos que estão sendo dada a cada um de nos melhorando um melhor aprendizado.
a universidade é fundamental para o aprendizado do aluno, seja presencial ou virtual.
como disse lindamente Piaget: A principal meta da educação é criar homens que sejam capazes de fazer coisas novas e nao simplesmente repetir o que outras gerações ja fizeram.
É importante quê os alunos entre em contato com o mundo do estudo virtual/digital, mas também não deixar de debate-lo em sala todos aqueles conhecimentos adquirido. Não deixando afetar o possível falta de interação.
ADOREI ESSA COLOCAÇÃO: “A principal meta da educação é criar homens que sejam capazes de fazer coisas novas, não simplesmente repetir o que outras gerações já fizeram”.
Acredito que. Profossor não é apenas um mediador mas também um incentivador a uso de novos recursos, que venha propocinar um melhor aprendizado.
Acredito que bem mais que mediar conhecimento, o professor também deve incentivar o uso contínuo de novas formas de aquisição do mesmo. Tendo em vista que ele é a principal referência dentro do ambiente acadêmico.
Gratificante, uma leitura muito direta para alunos e motivador para cada um de nos, mais a tecnologia em ambos sempre precisa de melhoras. Toda informação pronunciou que a universidade foi quem formou o aluno para ter uma capacidade para desempenhar todos os acessos virtual, mais meio que limitou seu acesso.
Como o autor mesmo pronunciou, que a universidade foi quem formou esse aluno capaz de ter desenvolvido esses programas , ou seja que deu origem à esse mundo virtual, agora a universidade veio a adptar-se.
É realmente preocupante a possível falta de interação, levada pela profunda inserção dos estudantes em um universo virtual/digital,dem a busca daquilo que será palpável, assim ele ficará limitado as informações acessadas sem ter o conhecimento real, a vivência daquilo q estuda e pesquisa.