Nós conversamos, compramos, temos relacionamentos pessoais e profissionais, produzimos e publicamos textos, fotos e vídeos na web. Somos bilhões de usuários usando a rede de forma cada vez mais intensa e inerente à rotina de nosso dia a dia. O crescente número de usuários somado a um ecossistema digital cada vez mais sofisticado e atrativo resultou numa explosão de dados. Se já somos bilhões de usuários, já estamos deixando trilhões de informações de todos os tipos na web.
De acordo com a Intel, a internet produziu mais dados em 2010 do que em toda a sua história. Somente o YouTube tem 48 horas de upload de vídeos por minuto. O Facebook já tem 100 bilhões de fotos em seus servidores, com uma média de 6 bilhões de imagens adicionadas mensalmente.
Ao terminar de ler esta linha, cerca de 34.000 buscas foram executadas no Google (1 segundo). Neste mesmo segundo, dezenas de milhares de compras foram fechadas em sites de e-commerce, consequentemente usando principalmente pagamentos via PayPal ou cartões de crédito. Somente a VISA tem 2 bilhões de usuários de cartões.
A Web se tornou um oceano de dados, que continua crescendo exponencialmente. Logo surgem questões atreladas à viabilidade deste crescimento, tais quais a necessidade cada vez mais crítica de banda de transmissão, assim como de meios de armazenamento e força computacional. O planeta terá fome de banda nas próximas décadas, da mesma forma que hoje tem apetite por petróleo. A tão falada “nuvem” vem como uma possível solução para a escalabilidade de memória e processamento.
Mas todo esse universo faraônico de informações publicadas na internet deixa registrados traços comportamentais de seus usuários: o quê e com quem falam, o que publicam, o que compram – por exemplo. Tais dados, se extraídos com uma inteligência de marketing, podem se tornar uma mina de ouro para negócios de praticamente todos os segmentos.
Vendas e relacionamento com a marca
A capacidade de entender o comportamento de um grupo ou um indivíduo pode fornecer diretrizes precisas para ofertas, publicidade, edição de conteúdo e mesmo de relacionamentos. Da mesma forma que a engenharia genética começa a mapear os DNAs individualmente para poder sugerir a droga ideal para o tratamento daquele indivíduo, a web começa a fornecer uma quantidade de dados que vai permitir o entendimento comportamental do usuário para que empresas acertem no alvo sua comunicação, vendas e relacionamento com a marca.
Esta visão qualitativa de entendimento comportamental do usuário, a partir da massa quantitativa de dados na internet, é uma oportunidade de tal potencial que disparou uma corrida para o desenvolvimento de algoritmos que sejam capazes de extrair relevância dentro deste universo crescente de informações na web. Especialmente no Vale do Silício, existem inúmeras iniciativas de pesos pesados da indústria para chegar a algoritmos que consigam, a partir de uma base bruta de dados, realizar o mapeamento de tendências de compra, hábitos, gostos pessoais, amizades de uma determinada pessoa ou grupo.
Do ponto de vista estratégico, muitos líderes da indústria da internet ou de empresas diretamente ligada a ela (cartões de crédito, por exemplo) consideram que os dados por trás de uma transação valem mais que dinheiro.
Pode parecer radical, mas esta visão entende que, para que novas transações ocorram, é necessário que se conheça o consumidor para que este possa ser propulsionado a um novo ciclo de compras. Ou seja, quanto mais uma empresa entende o perfil comportamental de seu consumidor, mas esta será capaz de alavancar vendas futuras, que por sua vez trarão mais dados sobre este consumidor – formando um círculo virtuoso.
O domínio da gestão da informação
A preocupação natural decorrente deste mapeamento do consumidor é a privacidade. Até que ponto as pessoas querem seu comportamento conhecido e entendido por empresas? Até que ponto as pessoas querem ser previsíveis?
Certamente este debate terá fortes desdobramentos daqui para a frente. Surgem questões em que o sistema jurídico simplesmente não lidou antes, pois estamos em um ambiente novo. O próprio consumidor terá um processo autoeducacional de até onde ele/ela deseja despejar informações na web.
As redes sociais talvez sejam o alvo mais crítico das questões de privacidade, já que estas usam informações de um perfil completamente pessoal para monetizar seu negócio. É exatamente neste ponto que está todo o potencial e risco das redes sociais.
É importante lembrar que a web comercial tem cerca de 15 anos, sendo assim uma indústria adolescente em que muitas oportunidades e abalos sísmicos vão ocorrer ao longo do caminho. O que está claro é que se trata de um fenômeno de proporções globais e com uma velocidade de crescimento e evolução nunca antes vista em outros momentos de ruptura tecnológica na história.
Assim sendo, o domínio da gestão da informação por países, empresas, grupos sociais e até pelo indivíduo é um diferencial competitivo absolutamente essencial no século XXI.
Informação existe à vontade, o desafio é o que fazer com ela. [Webinsider]
…………………………
Acompanhe o Webinsider no Twitter.
Marcello Póvoa
Marcello Póvoa (mpovoa@mppinterativa.com) é fundador e diretor executivo da MPP Interativa.
2 respostas
Excelente texto. Meus parabéns, Marcello!
Olá Marcelo.
A um bom tempo acompanho seu trabalho aqui no webinsider e aprecio muito.
Desculpe-me a intromissão no seu post.
Me chamo Marcelo Franco e sou analista de Mercado da MonQi
A MonQi é uma plataforma web que possibilita a troca de conhecimento entre os usuários. Baseada no conceito de Social Learning, a ferramenta disponibiliza uma completa solução para distribuição de conteúdo, ensino a distância, videoconferência, palestras ao vivo de formas simples e eficaz.
Com esta plataforma professores poderão criar seus canais de dar aulas AO VIVO pela web para milhares de alunos de todo o Brasil.
A proposta da MonQi é reduzir as fronteiras do conhecimento e levar conteúdo e informação de forma simples e interativa para todas as pessoas. A plataforma é totalmente gratuíta.
http://www.monqi.com.br/
Fico a disposição para esclareciemntos