Recebi um convite do Sebrae nacional para palestrar no Campus Party, um dos maiores eventos digitais da América Latina, com o tema “Vale a pena ter um blog para minha pequena empresa?” e resolvi também publicar o que acho por aqui.
Já adianto que a resposta para a pergunta é “sim”, na verdade, diante dos potenciais ganhos poderia até ser “SIM! Claro que vale!”. Gostaria que a explicação para essa resposta fosse simples, mas para entendê-la será necessário compreender alguns pontos.
Potenciais consumidores
Temos, segundo o Ibope, 80 milhões de brasileiros conectados através da internet; acredito que o número real de usuários, aqueles que acessam mais de uma vez por semana, chegue a 40 milhões, mesmo sendo menor do que o propagado pelo instituto, ainda demonstra um potencial enorme para geração de negócios.
Para ser encontrado por esses “consumidores” é necessário ter um espaço, podendo ser um site convencional, um blog, um portal ou qualquer outra ferramenta digital, como um e-commerce, por exemplo. O que é melhor para seu negócio? Depende do que e em quanto tempo deseja.
Trabalhe online, pense offline
Antes de decidir recomendo entender mais sobre o que os usuários fazem na web. Pense em um canal digital como um tradicional, isso te manterá no rumo certo. Eu gosto de pensar, ao montar um site, que estou abrindo uma pizzaria. Isso me lembra que devo pesquisar o mercado, os concorrentes, fornecedores, a localização e estudar bem como devo montar o ponto comercial.
Dica: quanto mais próxima a experiência do usuário for do mundo offline, maior será o retorno.
Comportamento do usuário
O comportamento do usuário mudou muito nos últimos anos – primeiro ele apenas lia o conteúdo publicado como se estivesse lendo um jornal, depois começou a produzir e hoje estamos na era do compartilhamento. Daí a necessidade de abrir espaço para comentários nos canais, bem como oferecer meios para que os visitantes enviem o conteúdo para suas redes.
Comportamento das empresas
As empresas também amadureceram – no início bastavam estar presentes na web, como se fossem um cardápio online, onde, se o usuário desejasse, pegaria o telefone e faria contato. Com a banda larga e inovações tecnológicas, os sites passaram a permitir e desejar a interação dos usuários. Contudo, toda essa interação não mostrou o retorno financeiro desejado para os investimentos realizados, o que nos levou a outra necessidade, a ativação.
Repare que as melhores páginas que você visita agora dispõem seus produtos de forma profissional, têm espaço para interação, mas sempre objetivam a comercialização, muitas delas sem a necessidade de interação humana.
Um dos problemas para quem investe é a dispersão do usuário. Diferentemente da televisão, onde o espectador assiste um canal de cada vez, o usuário da web está com o foco dividido em diversos canais, abrindo dez janelas simultaneamente. Como resolver isso para promover a ativação?
O conteúdo é a chave
É através de um conteúdo bem produzido, com informações que refletem valor, que deixamos claro o propósito e a ação desejada. É importante que a mensagem esteja disposta de forma simples. Assim, mesmo com a dispersão, o objetivo terá chance de ser alcançado.
Dica: em todos os conteúdos lembre-se de sensibilizar, motivar (dar motivos) e mobilizar o espectador.
Ganhos com mídia social: engajamento
A internet, se bem utilizada, pode se tornar uma ferramenta importante para alavancar negócios. A mídia social tem características que possibilitam:
- promover seus produtos/marcas
- pesquisar o mercado (concorrência, consumidores, influenciadores)
- agrupar simpatizantes
- promover ações de ativação
- monitorar possíveis oportunidades e ameaças
Como pode reparar, alguns dos pontos têm relação com outras mídias, mas existem elementos que mostram que o ganho principal é diferente.
As mídias tradicionais têm excelência no broadcast, ou seja, na disseminação de uma mensagem, mas têm dificuldade quando desejam o engajamento do espectador. Na televisão, por exemplo, o comportamento de quem assiste é extremamente passivo, diferentemente da internet. O ativação na web está na distância de um botão, o usuário já está no ambiente, pode efetuar uma compra ou realizar outra tarefa com facilidade.
Blogs: o meio certo para o fim
Lembrando que a internet é apenas um meio para uma finalidade, é aí que entram os blogs corporativos. Se já ficou claro que para obter êxito você terá que captar a atenção dos usuários e que, para isso, terá que fazer um bom conteúdo, os blogs são um ótimo caminho para disponibilizar o que foi produzido.
Anúncios perdem seu efeito assim que sua campanha acaba, não levando mais ninguém ao destino desejado. Porém, o conteúdo publicado em um blog permanece “encontrável” pelo tempo que for desejado. Se você entender o que seu público deseja, ele te encontrará através de alguma busca.
Já fiz alguns blogs corporativos, como o Clube do lar e o Diamond Brasil e em ambos o resultado foi muito bom – alavancaram vendas e se tornaram o principal meio de divulgação das empresas.
Tempo médio de retorno
Esse tipo de resultado leva tempo, não menos que seis meses, muito por conta da quantidade de conteúdo publicado necessária para aparecer nos resultados das buscas feitas em sites como Google e Bing. Publicando conteúdo três vezes por semana, provavelmente terá retorno em 12 meses.
Investimentos
Os investimentos para um blog corporativo variam muito, de acordo com a região onde se contrata os serviços, com o tipo de empresa contratada e com a intenção.
Autodidata. Se você tem conhecimentos digitais e quer um blog, basta entrar no WordPress.com e abrir um. Não será necessário contratar ninguém. A ferramenta é gratuita, mas se você pagar uns trocados terá direito a mexer nos layouts básicos, mais espaço no servidor e também poderá usar um endereço próprio. Não gastará nem R$ 100,00 por mês.
Free-lancers. Você pode optar por contratar um programador e um designer para desenvolver seu blog. Eles demandarão muita orientação, mas o custo não deve passar de 3 mil reais para colocar o projeto em pé.
Software houses. Ao contratar uma software house, uma empresa especializada somente em programação, em São Paulo, a conta deverá ficar entre 5 e 10 mil reais. A entrega deverá ser uma plataforma básica.
Agências de comunicação. Considero a melhor opção para quando o empresário não quer ter dor de cabeça. Geralmente as agências pensam mais em resultados e formas para chegar neles do que na plataforma tecnológica, portanto, a chance de seu canal ser bem visitado é muito maior quando projetado para isso. Mas a conta sobe: um projeto básico começa em 10 mil reais e, dependendo da complexidade e da quantidade de conteúdo que você deseja, pode chegar em 50 mil reais. A maior parte fica entre 10 e 20 mil reais.
Conteúdo. Você mesmo pode gerar seu conteúdo ou contratar um profissional para realizar a tarefa. Um texto convencional custa em torno de R$ 40,00, se for técnico deve chegar a R$ 150,00. Se resolver contratar uma pessoal em tempo integral, o salário, em regime CLT, deverá ficar entre R$ 1.500,00 e R$ 4.000,00, dependendo do nível do profissional e da região.
Conclusão
Se o blog for tratado como canal de comunicação, com planejamento, produção de conteúdo, regularidade e de olho no comportamento dos consumidores, vale muito a pena, não importando o tamanho da empresa. [Webinsider]
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Marcelo Vitorino
Marcelo Vitorino (@mvitorino_) é palestrante e consultor de comunicação, marketing digital e gestão de crise. Mais informações em seu site pessoal.