Acabo de esvaziar minha caixa de entrada de e–mail. Como de costume, pelo menos 80% dos e–mails eram spam. Até o momento de eu terminar o primeiro rascunho deste artigo ela já estará cheia novamente.
Normalmente eu apenas limpo todo o spam sem ler nada do que recebo, mas às vezes, por uma curiosidade humana, abro algo para ver do que se trata. Nunca se sabe quando vai se encontrar um diamante entre os escombros. Certo? Não sei, até hoje não encontrei nenhum diamante nos meus sete anos com o mesmo endereço de e–mail.
Incrível como ainda hoje continua sendo extremamente comum receber “oportunidades de negócio bombásticas”.
Nelas você não precisa realizar nenhum esforço mais complicado. Em apenas uma ou duas horas já estará ganhando 5, 10 mil reais por mês. Todo o grosso do trabalho já está feito para você.
Sua caixa postal continua sendo assolada por spams nesta linha, não é verdade? E qual a diferença disso para aquele malandro carioca que nos anos 30 vendia terrenos fictícios no Pão de Açúcar para turistas desavisados?
Muito raramente surge algum serviço interessante, algum produto novo. E mesmo assim não quero nem pensar em comprar. E embora eu me encaixe na galeria dos otimistas incorrigíveis da web, aqueles que acreditam que o futuro está sim na rede, hoje me peguei perguntando: onde anda a cabeça desta gente que atola minha caixa de entrada?
E na seqüência muitas outras perguntas. O que aconteceu com a idéia de oferecer um serviço online real, verdadeiro e útil? O que acontece com a internet que faz com que pessoas, muitas vezes inteligentes, pensem que o dinheiro vai realmente entrar de forma mágica, sem nenhum esforço de sua parte?
Eles também devem acreditar em coelhinho da Páscoa, Papai Noel e coisas do gênero. Se o mundo real não funciona desta maneira por que deveria ser diferente online?
Ao contrário do que muitos parecem acreditar, um computador não se torna um caixa automático no instante em que se conecta a internet. Da forma como muitos planejam seu negócio online você poderia jurar de pés juntos que eles pensam que o computador vai entregar o dinheiro em espécie ali pela abertura do disquete.
Não quero parecer um exagerado. Em 2005 a rede oferece sinais de que amadureceu como nunca. Projetos, empresas e negócios bem consolidados já não são raridade. Os malucos e sonhadores são cada vez menos presentes e hoje a internet avança em torno de um mercado consolidado e crescente de usuários, que espera encontrar informação ampla e sem limites e também serviços concretos, onde a tecnologia entra como ferramenta facilitadora.
Mas minha caixa de entrada não me deixa esquecer. Ainda existem muitos sonhadores a espera de uma nova oportunidade milagrosa. O que estas pessoas parecem não perceber é que na internet, como na vida offline, você recebe por aquilo que investe.
A internet é só um outro meio para fazer negócios, não outro planeta. Os princípios e éticas de negócios ainda estão vivos e valem online da mesma forma que offline. Nada é de graça nessa vida. Seu acesso por aquele provedor gratuito não é de graça. Aquele maravilhoso serviço de e–mail totalmente na faixa, também não é de graça. Embutido em algum lugar você está pagando um preço por tudo aquilo que parece fazer a internet um mundo de serviços gratuitos. Pode procurar, você vai achar.
Aqueles que conseguem conciliar uma prática saudável e lúcida de negócio ao mesmo tempo em que exploram o impressionante potencial que a internet oferece são os que realmente estão colhendo os frutos deste momento. [Webinsider]