Podem me chamar de antiquada ou pessimista, mas nunca concordei com essa história de que os livros digitais acabariam com seus pares impressos e nem gosto de entrar nessas discussões, tampouco. Em tempo: continuo não acreditando nisso!
Porém o que se vê agora – apps que são de fato isso, aplicativos – é a criação um novo universo de leitura: mais rico, mais interessante, mais “interativo”! Palavra desgastada, talvez, a interatividade, muito além de uma simples animação de virada de folha que o Kindle achou que fosse suficiente, é um recurso que muda o rumo da história.
Agora a possibilidade da troca da ordem de leitura, adição de novas imagens, trilha sonora ou até mesmo de personagens por parte do leitor-ativo faz com que uma história, antes produto único e exclusivo da mente do autor, se transforme em cada dispositivo para o qual é baixado.
As diferenças são únicas desse produto! Se pensarmos só em termos de cooperação: um romance construído/transformado a muitas mãos por um grupo de amigos do Facebook; um livro didático com ordens inversas, imagens e até algumas palavras trocadas para contextualizar com cultura daquele grupo; um livro de fotos de uma cidade que vá sendo construído dentro de um site à medida que os turistas forem conhecendo e inserindo as suas fotos; um catálogo de uma loja onde a cliente pode colocar a foto da sua blusa para ver se compõe com a saia da vitrine…
Um sem fim de possibilidades que, sim, pode diminuir a atenção do livro físico.
O livro-aplicação que vemos surgir agora com esses novos lançamentos (vejam Quem soltou o Pum, da Cia das Letrinhas ou Chopsticks, por exemplo) está aí para provar que os autores e as editoras terão um pouquinho mais de trabalho agora. E nós, desenvolvedores dessas soluções, idem!
Mas o desafio está em entender COMO se dá esse novo tipo de comunicação. A arquitetura da informação, ainda que levando em consideração o crescimento e mutação constante do conteúdo bem como as possibilidades multimídias e interativas da web, ainda era vista de uma maneira bidimensional (top-down e bottom-up, como defendi em minha pesquisa de mestrado e já apresentei aqui, em AI na prática.
Agora precisa ser entendida como colaborativa, mutante não apenas prevendo o crescimento de informações, mas prevendo sobretudo a diversidade de visualizações, desconstruções, navegações e interações.
Mas o que mudou mesmo? A maneira como nos comunicamos. [Webinsider]
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O editor recomenda: leia duas histórias sobre autores publicando por conta própria:
1. Como escrevi meu e-book e publiquei na Amazon
2. Conhece a revista Orsai?
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Renata Zilse
Renata Zilse (renata@maisinterface.com.br) é designer com mestrado em design e arquitetura da informação.
2 respostas
O mundo não mudou! O mundo muda, a cada instante, pois surgem novas pessoas que criam novos hábitos e são criadas por eles, num processo de alimentação e realimentação constante, ininterrupto. O homem se faz na mudança dos tempos, porque ele mesmo gera muitas dessas mudanças. O tempo – e a História – mostrarão o que foi bom e o que foi ruim para as sociedades.
Parabéns, gostei muito do texto e principalmente dessa frase: “Mas o que mudou mesmo? A maneira como nos comunicamos.”
Acho que entender o que isso significa, entender as necessidades de interação, distribuição e compartilhamento, tirando o foco principal da tecnologia vamos conseguir gerar aplicativos muito mais acertivos, uma vez que é a tecnologia que se molda para atender nossas necessidades e não o contrário.
Parabéns.