O Android é um sistema operacional do Google voltado para smartphones e tablets. Já está em sua sétima versão (4.0 Ice Cream Sandwich), possui várias empresas importantes de hardware utilizando o sistema (como Sony Ericsson, Motorola, LG, HCT), inúmeras interfaces customizadas por fabricantes e operadoras de telefonia, vários tamanhos de telas tanto de celulares quanto tablets, e milhares de desenvolvedores de apps no seu Android Market.
Não é surpresa nenhuma que não exista um padrão de design definido, o que implica em dificuldades para o usuário como incompatibilidade de aplicativos para hardwares, problemas de visualização de um mesmo app entre tablets e celulares e até mesmo bloqueio de alguns apps pelas operadoras em benefício próprio e prejuízo ao usuário. Além é claro do problema estético: aplicativos com interfaces confusas, sem atrativos e com uma experiência de uso frustrante.
Estes problemas não ocorrem no seu principal concorrente, a Apple, pois o hardware desenvolvido (iPhone, iPod e iPad) possui um padrão definido e, assim como o design dos seus produtos, o software também passa por um padrão de aprovação e desenvolvimento. Este padrão torna-se mais fácil de controlar, porque a Apple, além de ser a única fabricante do software e do sistema operacional (iOS), também tem em sua loja de aplicativos, a App Store, uma fonte rentável de lucros e sabe que o usuário teria receio em comprar algo que não está totalmente familiarizado. Isto fez com que ela cuidasse desde o começo do design dos aplicativos.
Agora, o Google tenta criar um padrão para evitar a fragmentação ao lançar um manual para desenvolvedores de aplicativos. O Google criou um site onde demonstra como deve ser a criação de um app que utilize todo o potencial disponibilizado na versão 4.0 ICS. É um manual de estilo, não é algo imposto, mas para quem deseja desenvolver com seriedade e criar produtos com uma abordagem profissional, é altamente recomendável a leitura e aplicação dos exemplos do site. O manual é completo e bastante detalhado, abrangendo tudo o que diz respeito a layout, design, navegação e utilização dos recursos do sistema operacional de uma forma clara e objetiva. Os cinco pontos mais importantes do manual são:
Tema
Após de tantas versões do Android serem criticadas pela falta de estilo, o Google resolveu dar uma atenção especial e criar um tema chamada Holo. Não é somente um tema bonito e elegante, é uma imposição para os fabricantes darem a opção ao usuário de escolher entre o tema customizado da marca do hardware ou o Holo, que a partir de agora é o tema padrão do Android. Isto vai facilitar a vida de quem desenvolve, já que é uma garantia de visualização do seu app sem intervenções da camada de interfaces customizadas. A vantagem do tema Holo é a possibilidade do desenvolvedor utilizar um dos três estilos propostos, seja o claro, o escuro ou o com a barra escura e o fundo claro. Certamente isto facilitará a criação de layouts e deixará um tempo importante para o desenvolvedor focar-se na aplicação.
Notificações
Um dos pontos fortes do Android é o seu sistema de notificações e, com uma interface melhorada, o Google mantêm os dispositivos com seu sistema operacional à frente dos concorrentes. As novidades ficam por conta da utilização de notificações apenas nos momentos em que é preciso uma intervenção real do usuário, sem popups desnecessários. E nada de detalhes técnicos nestes popups que, se por um lado ajudam o desenvolvedor a depurar possíveis erros, por outro confundem muito o usuário final com informações que para ele são desnecessárias e, algumas vezes, até mesmo assustadoras. A recomendação é focar apenas no que é realmente importante para o usuário final.
Respostas físicas e visuais
Quando você toca a tela para escrever um texto, você sente que uma letra ou número foi pressionado. Esta é uma resposta tátil que o usuário gosta de ter. O manual reforça a utilização deste feedback, explicando em detalhes quando é necessário um tipo de resposta do sistema, seja visual, seja tátil. Informações como uma cor diferente no fim de uma lista indica ao usuário que não é necessário mais rolar a tela para baixo, pois ele já chegou ao final. Assim como uma vibração suave indica que um botão foi pressionado, quando não é uma opção deixar este botão com um visual diferente. Isto faz com que o usuário saiba que o botão foi pressionado, apenas pela sensação que o aparelho transmite por meio de vibrações sutis.
Interface específica Android
Com tantas versões e tantos desenvolvedores, torna realmente difícil para um usuário identificar se um app é apenas uma aplicação migrada às pressas para o sistema Android ou se não é até uma versão web que ele está usando no momento. Isto tudo por falta de uma interface mais específica. Este problema poderá ser resolvido nesta versão e com as diretrizes do manual proposto, pois o erro de imitar interfaces de outros sistemas nas versões anteriores não é mais repetido. A interface criada pela equipe de Matias Duarte prezou pela imposição de um estilo que é facilmente reconhecido pelo usuário, sem causar confusão. Se antes era fácil encontrar botões com layouts diferentes, mas que faziam exatamente a mesma coisa numa aplicação, a partir desta sugestão de práticas e utilização da nova interface, isto deve acabar.
Navegação
Se antes ficava a cargo do desenvolvedor dizer ao usuário como sua aplicação funcionava, agora é recomendável que ela funcione de forma igual para cada app criado que utiliza este manual. Isto quer dizer que, fazendo uma analogia com um sistema operacional de desktop, ao invés de existir várias navegações como em vários aplicativos, com menus e botões dispostos em locais diferentes e com ações sem padronização, a experiência do usuário será muito mais próxima da navegação web, com a qual é possível voltar para uma página anterior por meio de botões do browser. A implementação de um botão “voltar” acessível onde quer que você esteja no seu app facilita a experiência do usuário, pois será possível navegar mais intuitivamente, sem se perder entre telas. Uma implementação simples, mas que cria um resultado esperado.
O Google criou um problema para si quando lançou tantas versões de SO, quando não limitou as intervenções em seu sistema pelos fabricantes e liberou a inclusão de apps em sua loja sem maiores cuidados. O intuito claro era conseguir a maior quantidade de usuários do sistema Android e o objetivo foi alcançado.
Agora deve-se normalizar este ambiente, para que o usuário tenha o Android como uma opção eficiente e de qualidade e não faça uma escolha apenas baseada em custos. O mercado de entrada para smartphones e tablets já foi criado, cabe agora manter estes usuários fiéis e a interface do 4.0 ISC e este guia de boas práticas de desenvolvimento são os primeiros passos para uma qualidade maior. Vai levar um tempo para que isto aconteça, mas quando começar a haver resultados, o usuário será o primeiro a perceber.
Para quem quer conhecer um pouco sobre este guia de design Android, basta acessar o site http://developer.android.com/design/index.html
[Webinsider]
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Edvin Markstein Zimmermann
Edvin Markstein Zimmermann é analista programador sênior da área de B2B da Vertis, companhia especializada em soluções de negócios baseadas em tecnologia web.
Uma resposta
Parabéns pelo artigo. Nem sabia disso da Google com o Android, pensei que seguia a mesma fórmula que a Ipple, pq pra mim era meio que ‘padrão’ na mente. Mas tudo bem, espero que muitos programadores sigam isso.