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Explorar, conhecer, descobrir… com o SoulSeek

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Uma das formas de classificar os seres humanos hoje é: colocar de um lado aqueles que já descobriram as ferramentas de compartilhamento de arquivos P2P e do outro, aqueles que apenas ouviram falar disso.

Os do primeiro grupo tendem a criar certa dependência a essa atividade e fortalecem os vínculos de amizade com seus pares. Já os do segundo são dispersos e parecem achar tudo aquilo interessante… e só.

Quem olha de fora tende a perceber a questão tendo como referência o que sai na imprensa. Eles sabem que as pessoas copiam arquivos entre si, geralmente de música, e que isso é ilegal, é pirataria. Um dos motivadores desse fenômeno é a disparidade entre o valor do produto industrializado e o do caseiro.

Hoje você paga hoje em média R$ 40 por um CD na loja e esse CD proporciona aproximadamente uma hora de entretenimento. Mas a maioria das crianças e adolescentes e uma parte dos adultos de classe média já podem em poucos minutos queimar um CD que vale R$ 1 para gravar nele cerca de dez horas de áudio. Ou seja, você pode pagar R$ 1 para adquirir o que está sendo vendido oficialmente a R$ 400 (40 x 10). Para se ter uma noção da diferença de preços, faça a seguinte comparação: se ao invés de um CD de música, você estivesse comprando uma BMW, o preço dela na loja seria R$ 40 mil e a feita em casa, apenas cem reais.

Em busca de um novo modelo
Isso explica o porquê das gravadoras estarem assustadas, mas não justifica o fenômeno do “file sharing” em si. Apenas uma parte das pessoas usa esses programas para ouvir o que está nas prateleiras das lojas. O que atrai a comunidade de “heavy users” não é o valor do produto, mas a oportunidade de obter conhecimento – fruição estética, filosófica, espiritual.

Levar esse dado em consideração pode ajudar a indústria do entretenimento “que até agora vem tentando freiar judicialmente e sem sucesso a troca de arquivos” a repensar seu modelo de negócio, atentando para novas demandas que estão surgindo associadas à tecnologia P2P.

Esse componente de ferramenta que promove o desenvolvimento individual, por exemplo, pode ser visto em termos econômicos, mas é mais difícil medir quanto vale a experiência e quem está saindo prejudicado.

Se por um lado, sim, o usuário que baixa um álbum esgotado da Aracy de Almeida interpretando Noel (Ao vivo e à vontade), está copiando um trabalho com direitos reservados, por outro, ele não teria outra forma de chegar a essa informação, porque não está nas lojas. O artista não está sendo lesado, nem ninguém. E existem produtos e serviços que podem ser desenvolvidos para atender às pessoas que usam o P2P como instrumento educativo.

Decifra–me ou devoro–te

Talvez essa explicação esteja abstrata para quem nunca usou algum dos programas herdeiros do Napster, ou o próprio. Hoje, os mais populares são Kaazaa, EMule e SoulSeek. Todos eles são bons e promovem o comportamento de experimentação. Mas o SoulSeek tem uma característica técnica diferenciada: ele permite que os usuários vasculhem os arquivos compartilhados uns dos outros.

Isso quer dizer que se estiver procurando uma canção de um artista, você pode entrar no diretório de músicas da pessoa que tem esse arquivo para ver o que mais está lá. E assim, encontrar também os trabalhos de artistas que você não conhece e que poderia gostar se tivesse tido acesso a ele.

Pense também no seguinte: se eu vou a uma corrida de Fórmula 1 e conheço uma pessoa lá. Quais as chances dela gostar de automobilismo? Altas. Se eu procuro pelo SoulSeek gravações de Walter Smetak – um compositor de música experimental que viveu e trabalhou na Bahia nos anos 60 e 70 – as pessoas que tiverem arquivados álbuns dele provavelmente terão discos de outros artistas com as mesmas características. E o fato de eu não conhecer um nome ou outro é a melhor razão para eu experimentá–los. (Na loja tende a acontecer o contrário: se você tem dúvida em relação a um produto, o senso comum sugere que você adie a compra e se informe melhor.)

Dessa forma, dá para se perceber que o estímulo real do P2P vai além da pirataria. Ele é uma ferramenta que dá vazão à curiosidade e produz conhecimento atendendo os interesses do usuário de forma mais eficiente que os varejistas hoje.

Que fique claro

Antes de prosseguir, um esclarecimento: este artigo não faz a apologia da pirataria e nem visa estimular sua prática. O objetivo aqui é trazer elementos novos para a discussão sobre o P2P, considerando que uma fração significativa do que se troca não pode ou não vem sendo suprido pelos canais existentes de comércio, como sustenta o autor deste artigo publicado na revista Wired (em inglês) no ano passado.

Dicas para começar a usar

Você pode baixar o programa e comprovar por si mesmo. E para ter um estímulo extra, aqui vão algumas dicas:

Regra número um: não vá com muita sede ao pote. Aprenda, observe. Para possibilitar que todos tenham oportunidades de baixar é que existe um consenso informal para o número de álbuns a serem baixados por vez do mesmo usuário: apenas dois.

Isso ocorre porque o SoulSeek é mais que um lugar para a troca, é um canal de relacionamento, uma comunidade de “almas irmãs” afinadas pelo mesmos gostos musicais. Nesse sentido, é importante que muitas pessoas tenham acesso aos seus arquivos. Se o mesmo usuário monopoliza o acesso à sua pasta de música, outros desistem de baixar de você.

Uma pessoa que se interessa pelos seus arquivos é uma pessoa que provavelmente tem arquivos que te interessam. Se ela consegue baixá–los de você, provavelmente vai te incluir na lista de contatos dela para voltar outras vezes para baixar novos discos. Isso é vantagem para ela, porque vai poder ver quando você está conectado, e vantagem para você, que passa a ter acesso preferencial aos arquivos dela. Enquanto um usuário que não está na lista tem que esperar a vez para chegar aos arquivos, você terá uma entrada VIP.

Como em toda comunidade, esta tem usuários assíduos, temporários e parasitas. Este último tipo, no caso do ambiente P2P, é composto por pessoas que não disponibilizam nada para trocar. Eles encontram o que estão procurando, carregam, não oferecem nada em troca e não deixam a informação recebida disponível para as outras pessoas.

Se todos fossem como eles, não haveria comunidade; por isso, esse tipo de egoísmo é combatido com veemência pelos assíduos. É comum encontrar nas pastas o seguinte aviso: “share or be banned”. Significa que caso você copie alguma coisa de fulano sem oferecer contrapartida, você será incluído na lista dos banidos, e conseqüentemente não poderá mais carregar arquivos dele.

Um segredo que faz a diferença

Finalmente existe uma dica especial para os interessados em adotar o programa: disponibilize o que é diferente, raro, especial. Digamos que você goste de MPB e tenha uma coleção extensa. Você ripa (quer dizer, converte o arquivo do formato WAV do CD para o MP3) a maioria deles e coloca no ar discos que muita gente tem: Milton Nascimento, Caetano Veloso, Roberto Carlos, Tom Jobim, entre outros. O resultado é que você terá procura de usuários com acervos difusos e diminuirá a chance de achar o que realmente tem apelo para você.

Então tente, ao contrário, colocar poucos discos, apenas os daqueles artistas que não estão nas lojas, ou porque ainda não chegaram, ou porque têm baixa procura e não vão chegar, ou porque seus trabalhos estão esgotados. A conseqüência é você ser visitado por um público mais segmentado para esse foco de interesse. E dessa forma pode ir direto ao assunto, que é: explorar, conhecer, descobrir e experimentar.

À procura do espírito

Para você aproveitar o SoulSeek, deve estar a fim de garimpar. É um processo que pressupõe paciência e interesse no assunto. O conhecimento não tem fim e o legal está no que você ainda vai descobrir. Diferente da loja, o SoulSeek permite que você baixe um disco e se não gostar ou se gostar médio, apague ele sem sentir dor na consciência.

Você pode experimentar tudo até chegar àquilo que nunca tinha ouvido falar, mas que é como se sempre estivesse esperando para conhecer. O processo é oposto ao da compra na loja. Lá você leva o álbum conhecendo a faixa que ouviu no rádio; paga caro por uma ou duas músicas boas. Pelo P2P, você encontra o que não está na prateleira e fica com a parte que quiser; não tem compromisso com a obra.

Novas oportunidades de negócio

Uma das conseqüências dessa dinâmica de promoção do diferente é o favorecimento de artistas com trabalhos com menos apelo às grandes audiências. Inclusive porque serve de veículo de divulgação viral para ele, que dessa forma pode ser contatado e requisitado para fazer performances.

Outra conseqüência é a modificação da forma como consumimos a música ou o arquivo de áudio em geral. É impossível escutar tudo o que você baixa de novo da mesma forma como você escutava um CD há dez anos. Antes a quantidade de música era restrita; raramente alguém chegava em casa com dez discos novos. E essa é uma rotina não é incomum para os usuários do SoulSeek. Mas apesar das mudanças tecnológicas, continua sendo inviável viver em sociedade e escutar dez discos novos, faixa por faixa, então…

Seguindo essa tendência, a memória dos tocadores de MP3 está inchando exponencialmente. Agora, ouve–se música assim: você carrega uma porção de CDs no tocador e liga no shuffle – não é por acaso que uma das versões do Ipod se chama “Shuffle”. É melhor do que rádio, porque não tem comercial e você decide o que quer ouvir, mas sem conhecer a seqüência das execuções. A quantidade de opções é grande a ponto de você não ter faixas repetidas durante dias. E quando aparece alguma coisa que chama a atenção, uma música especial de um artista que você não conhece, você registra o nome para procurar mais daquilo na rede.

E para completar o pacote, tem ainda o PodCast, que são blogs em formato de áudio, ou seja, conteúdo informativo que você pode você levar para a rua junto com a música. Junte SoulSeek e PodCast e veja nascer um jeito novo de fazer rádio: portátil, sob medida, livre de comerciais, instrutivo e se não é grátis, é bem em conta. [Webinsider]

Avatar de Juliano Spyer

Juliano Spyer (www.julianospyer.com.br) é mestre pelo programa de antropologia digital da University College London e atua como consultor, pesquisador e palestrante. É autor de Conectado (Zahar, 2007), primeiro livro brasileiro sobre mídia social.

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12 respostas

  1. porque gosto muito de filmes antigos que para mim e tudo de bom e as tv de hojem em dia nao passam mais e e muito dificeis , e por isso

  2. Achei o soulseek o maximo porém preciso de ajuda para usar não achei em nenhum site de busca algo como um manual em portugues como baixar e copiar para cd mp3.Se alguem souber por favor me mandem algo por emal.

  3. Sou recm chegado em soulseek,nunca vi nada igual, penas que e tudo em ingles, e nem sei futucar muito nela mas mesmo assim está otimo prabêns SOULSEEK.

  4. Olá pessoal , eu só queria é,receber uma orintação de como usar perfeitamente o soulseek estou quebrando a kbeça…Quem se disponibilizar algum conteudo só encamir por emeio.desde ja agradeço.

  5. LEGAL ESTA PÁGINA!!
    COMO DIZ O NOBRE COLEGA:VIDA LONGA AO SOULSSEK!!
    AINDA MAIS EU Q PRECISO DO BOM E VELHO ROCK P/ COLOCAR EM MEUS EVENTOS.

  6. Ótimo comentário. Mostra bem qual a real finalidade do Programa: ter acesso a músicas e artistas que provavelmente nunca iríamos encontrar .

    Vida Longa ao Soulseek!!!

  7. Eu uso o SoulSeek ja faz quase 3 anos,nunca encontrei nenhum outro que chegasse aos pés dele.
    Eu aconselho…além de baixar raridades vc pode
    fazer amizades com todo tipo de gente,mexicanos,norte americanos,chilenos,noruegueses…e brasileiros claro.

    Quem tiver afim de vasculhar minha pasta me adicionem como Thi_LoKo podem fikar avontade
    Meu soulssek é o mais recent o 157 test.

    Abraços a todos!

  8. Gostei muito do artigo (Explorar,conhecer,descobrir…com o soulseek,Tudo q foi dito é a realidade do q acontece, mas q parece q não querem enchergar nem se adaptar.Quanto ao cd,vcs imaginem o custo dele se não existisse a pirataria e mesmo o compartilhamento na internet.Resumo,eles colaboram também com uma parcela de burrice.
    Mudando de assunto,gostaria de saber pq não temos tipo um manual do soulseek em português? Abççs!!!

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