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Muito do monopólio da Microsoft hoje não se deve tanto à competência dela em reconhecer tendências (e aproveitá–las, com produtos e estratégias), mas à inépcia dos seus concorrentes que não raro insistem em ir contra a razão ou se atacar entre si.

Claro que a conduta da empresa não é exemplar – afinal, ela foi condenada por comportamento anti–competitivo nos EUA e na União Européia e enfrenta processo semelhante na Coréia do Sul – mas nem méritos (que ela tem de sobra) nem suas práticas comerciais questionáveis (que ela também tem de sobra) podem, isoladamente ou em conjunto, explicar a completa dominação do mercado que ela tem.

▪ A Digital Research deixou de vender o CP/M pra IBM porque a esposa de Gary Kildall não quis assinar um NDA (a lenda de que ele estava pilotando seu avião e, por isso, faltou à reunião é, provavelmente, apenas lenda). Quando a IBM passou a oferecer o CPM/86 como opção ao DOS, ele era tão mais caro que ninguém comprava.

▪ A IBM deixou a Microsoft vender o DOS para outros fabricantes de computadores. O mercado de clones (que terminou por fazer a IBM desistir de fazer PCs e vender seu negócio de desktops e notebooks para a chinesa Lenovo) nasceu assim.

▪ A mesma Digital Research fez o GEM, que foi lançado antes do Windows. No entanto, era quase impossível comprá–lo – para tê–lo você tinha que comprar um produto que viesse com ele ou comprar o kit de desenvolvimento do GEM. Quem usou Ventura Publisher, usou GEM. O GEM era uma GUI tão Mac–like que fez a Apple processá–los e, para acalmar a ira dos advogados da Apple, a Digital Research teve que deixá–lo menos usável ainda do que o Windows 1. Ninguém comprou.

▪ A Lotus demorou uma eternidade para lançar uma versão gráfica do 123, anos depois do LisaCalc no Lisa, do Multiplan no Mac e do Excel no Windows mostrarem como devia ser uma planilha em um ambiente gráfico (que não mudou quase nada desde então). Quando finalmente o fez, era uma versão para o OS/2.

▪ A Borland fez quase o mesmo com o Quatro Pro. Errou um pouco menos – a versão era para Windows 3.

▪ A mesma IBM, que ajudou a Microsoft a viabilizar seus competidores, vendia micros com OS/2 mais caro do que vendia micros com Windows. Eu sei porque eu quis comprar um.

▪ Essa mesma IBM tornou quase impossível desenvolver drivers para OS/2. O kit de desenvolvimento de drivers só apareceu, se bem me lembro, nos tempos do Warp e não vinha com um compilador – que tinha que ser comprado à parte, a peso de urânio enriquecido. Provavelmente era um compilador Microsoft. O OS/2 era lindo, rápido, não travava e nem imprimia.

▪ Qualquer um podia ter lançado um ambiente de desenvolvimento integrado depois da Apple mostrar como se faz um GUI builder no Hypercard, da NeXT no Interface Builder e do Whitewater Group, no Actor – todos com excelentes linguagens por trás. Mas a Microsoft fez para o Windows o primeiro IDE com GUI builder e uma linguagem meia–boca que qualquer programador com QI de dois dígitos aprende. Isso nos condenou a viver com o VB (e programadores com QI de dois dígitos) até hoje.

▪ A Apple sempre achou que seus computadores eram tão bons, mas tão bons, que se venderiam por si. Um Macintosh, até pouco tempo atrás, era tão mais caro em relação a um PC genérico que se tornou um símbolo de status. Por muitos anos, empresas que tivessem uma rede de PCs não tinham um jeito fácil de integrar Macs a elas. E vice–versa. Até os anos do System 7, se bem me lembro, um Mac nem mesmo podia trocar disquetes com um PC. Enquanto a Apple olhava pro jeito Microsoft de partilhar arquivos e gritava “Not Invented Here”, a Microsoft fazia o Windows NT servir arquivos para redes PC e Macintosh. E funcionava.

▪ Nenhum fornecedor de Unixes proprietários tentou competir seriamente com o Windows e com o OS/2 e os preços raramente desceram das nuvens – a licença de um revoltantemente feio ambiente gráfico CDE custava um rim e um olho. Por usuário. Quando o primeiro Unix–like livre e barato apareceu (o 386/BSD), o Unix System Labs resolveu processá–los, o que deixou o produto atolado em um lamaçal jurídico por vários anos. Durante esses anos, o Linux foi construído praticamente do zero, pois não seria “seguro” usar código do BSD nele até a ação acabar. Quando ela acabou, se descobriu que, na verdade, era o Unix da USL que usava código do BSD não–creditado – violando a licença BSD, que só pede isso (que se diga que foram eles que fizeram). Isso garantiu que o OS/2 e o Windows NT não tivessem nenhum competidor de peso em plataforma x86 por vários anos.

A dominação do mercado pela Microsoft é uns 20% mérito, 30% práticas questionáveis e 50% burrice da competição. [Webinsider]

Avatar de Ricardo Bánffy

Ricardo Bánffy (ricardo@dieblinkenlights.com) é engenheiro, desenvolvedor, palestrante e consultor.

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12 respostas

  1. e acho que trabalhar com a tecnologia php e software livre não deve dar dinheiro mesmo não . coitado do Mark Zuckerberg .. lol …rsrsr

  2. Herbert Moroni, se você nao tem costume de comentar é melhor continuar calado, naop considerar PHP é uma burrice.

    tem muita gente ganhando dinheiro com essa linguagem espaguete.

    Hasta Luego.

  3. Eu geralmente não comento artigos apenas acompanho, mas vai uma dica. Por pior que a Microsoft seja ela domina o mercado, porque é uma empresa capitalista, muitas vezes o que vende não é a qualidade de código e é o caso da Microsoft. Enquanto os concorrentes baterem nesta questão de meu é melhor a Microsoft vai continuar dominando. O linux não é comercial, nem tudo que é de graça é bom – não estou dizendo que é o caso do linux – mas é o que passa na cabeça de quem paga as contas. Veja o caso na Novell que investiu em publicidade para a area tecnica enquanto a microsoft fazia enventos e convidava os donos das empresas, quem paga a conta. Hoje eu trabalho com .net e o unico concorrente é o java que é muito mais pesado porque o php nem considero concorrente porque é interpretado e código espaguete. O visual Studio melhorou 500% de produtividade em relação ao mesmo na minha equipe. A microsoft investe no que precisa, no que o mercado pede para vender produtos e isso não é necessariamente o que é bom… entendem… parem de discutir o que é melhor e foquem nos produtos, é isso que vende é isso que populariza.

  4. Acredito que o (In)Vista (uma puta grana), foi uma bola fora da Microsoft. Essa opinião não apenas pelo fato de eu ser um entusiasta do movimento de software livre, mas a questão é mais profunda do que isso.

    Acho que o principal empecilho da Microsoft em emplacar no novo SO será o hardware. Os requisitos ainda estão muito além da realidade para um SO. Não só da realidade de poder aquisitivo na América Latina, mas da realidade de TI em geral.

    Um SO tem por base a função de fazer a interface entre o usuário e a máquina, disto todos já estão carecas de saber. Mas creio que as empresas e usuários já estão maduros o suficiente para ter uma idéia do que querem. E ninguém está mais disposto a gastar muita grana com equipamentos apenas para se dar ao luxo de usar a nova versão do Windows. Isso sem contar migração de aplicativos e suas possíveis incompatibilidades, treinamentos, etc…

    O cenário atual é de que todos (empresas) estão esperando alguém começar, experimentar para depois analisar se vale a pena. E os usuários domésticos, estão em sua maioria contentes com o PC com XP piratão que acabaram de pagar em 24, 36 ou mesmo 48 parcelas.

    Com um pouco de bom senso e inteligência se pode fazer maravilhas. Comprar micros velhos em instituições de caridade, e metarecliclá-los é uma alternativa barata e eficaz.

    Montar um servidor de arquivos, um roteador/firewall/IDS, e um servidor de impressão, dá conta de um escritório de 30 micros, usando SO de código aberto é uma das possibilidades.

    E antes que me sentem a pua, vale lembrar que este tipo de solução está sendo usada onde trabalho (num projeto da marinha, em parceria com a Petrobrás), onde há um cluster com 30 PCs Pentium 3 processando em paralelo um software de simulação. E tudo isso é possível graças à flexibilidade do software livre.

  5. Agora sim, depois da minha provocação, uma boa complementação do seu texto!
    Em tempo, embora não pareça, sou entusiasta do software livre, apenas acho que cada segmento atende determinadas necessidades a sua maneira. Acredito ainda que um quarto modelo de negócios para software vai surgir em breve (vejo o creative communs como um terceiro modelo além do propietário e do livre), mas isso é assunto para outra matéria, tenho certeza que Ricardo irá discorrer sobre esse assunto em breve, no WebInsider, melhor do que eu…
    Parabéns pela coluna!

  6. Eu normalmente não respondo a provocações óbvias como essa.

    Não se trata de veneração. Trata-se de uma escolha lúcida e embasada.

    Eu ouvi falar de GNU e afins muito antes de existir Linux. Inclusive doei dinheiro (eu freelava na época da faculdade, escrevendo software educacional para micros de 8 bits) para a FSF. Desde 96 eu observo o software livre criando massa crítica. Naquela época, eu trabalhava no BOL (o ISP da Abril) e meu amigo Sandro Enomoto instalou um firewall Linux. Foi naquela época que eu ouvi falar de PHP, que eu usei Perl (em Solaris, não Linux). Por muitos anos depois disso, eu usei as tecnologias da MS com um olho virado para o universo de software livre e, pragmático, como todo bom engenheiro, eu mantive os olhos em todas as opções.

    Por muitos anos eu trabalhei quase que apenas com tecnologias da Microsoft. Fui um dos primeiros MCPs do Brasil, fui um dos primeiros a tocar um projeto grande usando ASP (e defendi a solução da MS em uma Internet World, contra Cold Fusion e Java). Fiz incontáveis palestras sobre IIS, Site Server, Commerce Server, SQL Server. Tenho uma camiseta do Internet Explorer. Naquele tempo, a MS tinha a melhor solução para muitos tipos de problemas.

    Eu posso dizer que conheço a besta por dentro porque já fui engolido por ela uma vez.

    Lá por 2000, me caiu a ficha de que Windows, embora resolva um bom número de problemas, já não era a melhor solução para muitos tipos de problemas.

    E tem sido a melhor solução para cada vez menos problemas. Por outro lado, cada vez mais tipos de problemas começaram a apresentar software-livre como a melhor solução.

    Mas a argumentação pesada esses dias não foi em torno de aspectos técnicos, mas de aspectos sócio-econômicos. Desde meados da década de 90, a Microsoft vem consolidando vários monopólios, usando ums para alavancar outros (o que é ilegal). Com isso, ela se tornou, do grande inovador dos 90, no grande freio dos 2000.

    Hoje se faz necessário tomar medidas corretivas, pelo próprio bem da indústria. Essencialmente há dois cursos de ação testados na prática (a ciência da Economia é uma ciência razoavelmente madura a essa altura): Legislar incentivando modelos alternativos de negócio ou Legislar pesadas regras delimitando o que o monopolista pode ou não pode fazer. Pra você, que é um consumidor de tecnologia, isso não faz lá muita diferença (faz, mas você tem que prestar mais atenção). Eu, como produtor de tecnologia, prefiro, de longe, a primeira.

    Como se diz por aí, You can?t have your cake and eat it too.

  7. O mau humor do Ricardo Banfy em relação ao software propietário só é comparável a sua veneração pelo Linux. Na verdade, acaba sendo igual aos seus críticos, apenas virando o outro lado da mesma moeda.
    Quando descer de seu pedestal e começar a argumentar com um pouco menos de intransigência vai fazer jus a sua inteligência; os textos são bons, o que estraga é a parcialidade e o partidarismo…

  8. __Eu estava questionando isso…Me perguntando porque diabos as pessoas não usam algo tão fácil e seguro como Ubuntu ou Kurumin, o Linux para débeis mentais…E o Ricardo acabou de responder…E tudo isso, 20% mérito, 30% práticas questionáveis e 50% burrice da competição, gerou uma inércia no consumidor que se propaga até hoje. Ah, e não podemos esquecer da pirataria.

    __Meu Deus, o MS Office abre em 15 seg em meu k6II500, 1/4 de boca, o OpenOffice abre em 1,15 min. Ambos são de graça, por vias diferentes, mas são…O Netscape era o browser, mas eles se esqueceram das traduções, de polir o código, e encheram o aplicativo de lixo, se voltaram para processos contra a Redmond, resultado: Sumiu do mapa!

    __O Linux chegou atrasado,e o Firefox numa época em que todo mundo vomita nos webstandards, o OpenOffice é pesado e o MS Office é de graça, a IBM vive das sobras em serviços, a Apple de acordos com a Redmond para lançarem o MS Office pro sistema dela e dos ricos que compram seu computador e seus iPods, a SUN vive do Java e só dele, o Linux vive dos servers e dos fãs, o RealPlayer morreu porque parecia um painel publcitário e só tocava RM, aliás, ressurgiu no One player, o ICQ acabou porque não se atualizou, e a Microsoft lançou mensageiro com áudio e vídeo,…Todo mundo desabou, porque acreditou que a Internet não era futuro, porque acreditaram que jamais Hardware valeria tão pouco, ou quase nada, como acontece hoje…

    __O resultado é um sistema depadronizado, em que ninguém liga pra nada porque Microsoft é o padrão…Cheio de vírus e com concorrentes que têm código, mas não têm interface com o usuário, seja ela financeira ou intelectualmente acessível.

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