Por volta de 1997 tive meu primeiro emprego relacionado à internet: trabalhava como “webdesigner” em um provedor de internet de São Paulo na região da Vila Mariana, onde além de prover acesso discado, esse provedor também hospedava e vendia serviço de criação de “Home-Pages” (sim, naquela época vendíamos Home-Pages e não sites completos).

A “Home-Page” que vendíamos nada mais era do que uma página simples, com o logotipo do cliente (alguns, nem isso tinham, então era texto puro mesmo), uma ou duas fotos com as informações mais básicas da empresa ao lado (serviços), etc… Na parte inferior ia endereço, telefone e raramente um endereço de e-mail para contato com a empresa.

Em 2002, eu escrevi um artigo aqui mesmo no Webinsider (Planejar website? Isso é perda de tempo!) que falava sobre a importância do planejamento na construção de websites. Naquela época, pouco se ouvia falar sobre planejamento e os websites corporativos eram construídos de forma bastante “artesanal”.

Desses 15 anos para cá, muito da internet (e do mundo) evoluiu, vários paradigmas foram quebrados, tendências vieram e foram e a internet já não é mais uma promessa, e sim um mundo completamente novo onde empresas interagem entre si e com os consumidores.

Tamanha foi a evolução, que muitas das grandes empresas existentes no dia de hoje são empresas 100% baseadas na internet (Google, Facebook, Submarino, Netshoes…), gerando milhões, bilhões de receita e assustando as empresas tradicionais, que cada vez mais se veem obrigadas a modificar ou adaptar seus modelos de negócio.

Muito do planejamento dos meios digitais evoluiu nesses 15 anos. Em 1997 eu jamais imaginaria que as empresas de hoje teriam departamentos de planejamento digital! Gerente de mídias sociais! Enfim, sim, estamos em um bom caminho no amadurecimento das empresas com esse fim, mas ainda temos muito a trilhar.

Entender e reagir às mudanças é cada vez mais fundamental, em um mundo onde um vídeo viral pode ser visto por milhões de pessoas em questão de dias ou horas, reclamações dos consumidores são recebidas online por meio das redes sociais e grandes empresas podem simplesmente sumir em questão de meses.

Administrar corretamente também a infinidade de dados que são gerados através dos diversos canais também é de suma importância, e aí que entra a “inteligência analítica”: sem o correto planejamento de como organizar e extrair informações desses dados, as empresas deixam de aproveitar e utilizar o potencial dessas informações como inteligência competitiva.

Os dados coletados através dos meios eletrônicos, através dos e-mails, redes sociais, navegação nos websites podem e devem ser corretamente coletados e catalogados para que a empresa consiga utilizar esses dados de forma satisfatória.

A convergência digital e os diversos canais de acesso à internet que hoje possuímos também são outro desafio à parte: qual estratégia de mobilidade da sua empresa? Que tipo de interação com os clientes sua empresa terá através dos dispositivos móveis?

Copiar os americanos

Enfim, todas essas perguntas devem ser corretamente respondidas e planejadas, dentro de uma estratégia maior, corporativa. Os meios digitais não podem mais simplesmente serem utilizados de forma reativa por meio das empresas, que muitas vezes aqui no Brasil acabam por adotá-los de forma reativa ou copiada de nossos “brothers americanos”.

Está na hora das empresas brasileiras ousarem e inovarem mais, e deixar um pouco de lado o conservadorismo no que concerne aos meios digitais. Está mais do que comprovado que investir em publicidade digital muitas vezes traz muito mais retorno do que investir nos meios tradicionais, mas de nada adianta simplesmente investir sem planejar, investir sem ter uma correta visão da estratégia que suportará esse investimento.

Gosto muito de usar o exemplo do Submarino, que seguidamente tem tido problemas logísticos e recentemente foi impedido de vender por não estar entregando corretamente: isso é um claro exemplo da falta de planejamento e da falta de antecipação e conservadorismo que nossas empresas vivem, sempre correndo atrás do prejuízo ao invés de conseguirem evitar esse tipo de problemas. Enfim, como eu disse no título desse artigo, planejar sua estratégia digital não é perda de tempo. [Webinsider]

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Guilherme Schneider

Guilherme Schneider (@guilhermebarcha) é executivo na área de consultoria e tecnologia da informação e mantém um blog pessoal.