Daqui a seis meses, o Windows Vista começa a ser entregue pela Microsoft para empresas e profissionais de tecnologia. Nas prateleiras das lojas, porém, chega somente no início do próximo ano, sendo a principal atualização de sistema operacional desde 2001, época do lançamento do Windows XP. Se você acha que parece muito tempo, é bom ficar atento.

Por apostar todas as fichas no produto, a Microsoft deve desenvolver − e incentivar − jogos exclusivos para a plataforma Vista, deixando para trás os milhões de usuários com Windows 2000 e XP. Seria uma estratégia simples de mercado não fosse um pequeno detalhe: mesmo daqui a seis ou nove meses, pouquíssimas pessoas terão condições de arcar com os custos de um computador digno de manter boa performance sob o novo Windows.

Não é de hoje que a Microsoft adota a estratégia de vetar o uso de softwares específicos em versões anteriores do Windows. Em geral, o argumento é de que as novidades técnicas não possuem suporte nativo em sistemas operacionais antigos, como foi o caso do Office XP (2001) que não funciona em Windows 95/98/Me − a plataforma dominante nos computadores corporativos e domésticos da época.

Hoje, já existe uma série de jogos que só funcionam em Windows 2000 e XP, devido às inferioridades técnicas (gerenciamento de memória e bibliotecas gráficas, principalmente) do Windows 95/98. No entanto, não são a maioria. Ao mesmo tempo, somente uma meia dúzia de jogos funcionam exclusivamente no XP, quase sempre com a grife Microsoft, como é o caso de Dungeon Siege 2 e Fable.

As diferenças de agora são duas: primeiro, nunca houve uma migração de sistema operacional tão drástica quanto a que deverá ocorrer daqui a poucos meses com o Vista, quando os usuários irão precisar de 1 Gb de RAM para manter uma velocidade aceitável no sistema operacional. E segundo, é que a empresa está mirando os usuários fanáticos por games, aqueles que sempre buscam o visual mais bonito e a melhor jogabilidade, com títulos famosos como Halo 2 e um novo Flight Simulator.

Versões antigas vão ficar obsoletas

Ciente de que considerável parcela de usuários e empresas pode não ver tantas vantagens assim para atualizar o computador por causa do Windows Vista, a Microsoft busca suporte em jogos de última geração, com visual cada vez mais cinematográfico, mas sem dar tiro no escuro. A finalidade é apresentar edições turbinadas ou remodeladas de jogos com sucesso provado pelo mercado e aprovado pelos fãs.

É caso de Halo, um dos melhores jogos de tiro lançados pela empresa, inicialmente para Xbox e depois para o PC. Só que Halo 2 foi lançado exclusivamente para o Xbox, sem edição para computador. Na época, houve uma grande algazarra nos Estados Unidos porque muita gente dizia, abertamente, que pretendia comprar o console de videogame somente para jogar Halo 2. Hoje, a Microsoft garante oficialmente que o game chega apenas para o Windows Vista, incompatível com versões antigas. Outra aposta é um Flight Simulator turbinado, a décima versão.

A grande sacada do Vista é o DirectX 10, a biblioteca gráfica do Windows que é utilizada por quase a totalidade dos jogos disponíveis no mercado. A cada nova versão, o usuário é recomendado a fazer o download e instalar no Windows atual. Com o Vista, o DirectX 10 será exclusivo do sistema operacional, deixando o XP e o Windows 2000 de fora. Com isso, os jogos lançados para rodar sob o DirectX 10 serão incompatíveis em Windows antigos.

Halo para PC foi pouco divulgado

Sucesso de vendas, Halo: Combat Evolved foi lançado para Xbox em 2001, mas chegou ao PC em versão adaptada somente em 2003. Mesmo depois de anos, continuou sendo vendido em boa escala para o console, fazendo com que muita gente comprasse um Xbox apenas por causa da continuação. Mesmo não sendo novidade, quem ainda não conhece Halo pode encontrá–lo em lojas de informática ou sites de comércio eletrônico, a um preço médio de R$ 49,90 na versão PC.

Para os fãs de jogos de tiro em primeira pessoa, Halo é diversão garantida. Com apenas um CD de jogo, os gráficos impressionam pela qualidade das cores e, sobretudo, pela jogabilidade que lembra bastante os fliperamas de antigamente. Não à toa, Halo é bem parecido − no enredo e nos cenários − com Unreal, de 1998. Em comum, também estão os vários prêmios de “jogo do ano” conquistados por revistas de games e sites especializados.

Você comanda o personagem Master Chief em uma batalha no espaço, visitando planetas e conhecendo (leia–se: matando) seres estranhos com uma gama de armas a laser e outras nem tão avançadas assim. Ocorre que Master Chief é um humano–ciborgue, uma espécie de super soldado. Para os amantes de ficção científica, boa parte da trama de Halo é baseada nos livros de Larry Niven, principalmente “Ringworlds”, ao tentar descrever para o jogador o que é, de verdade, Halo. [Webinsider]

Paulo Rebêlo

Paulo Rebêlo é diretor da Paradox Zero e editor na Editora Paradoxum. Consultor em tecnologia, estratégias digitais, gestão e políticas públicas.