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Semana passada, a maior parte dela, ao menos, eu participei do FISL 7.0 (a sétima edição do Fórum Internacional de Software Livre).

Para quem está chegando tarde a esta discussão, software livre é um fenômeno social e econômico tanto quanto é um artefato tecnológico. Ele tem permeado mais ou menos todos os campos da atividade humana que empregam, de alguma forma, computadores. Isso se reflete tanto no número de palestras quanto com a sua variedade.

Aqui há assuntos para todos os gostos e atividades. Desde micropalestras sobre TurboGears (um framework para desenvolvimento rápido de aplicações web) e do acompanhamento de vários projetos governamentais (em termos de escala, governos fazem grandes empresas multinacionais parecerem uma pequena mercearia de bairro), passando por TV digital e HDTV e pelo uso de Linux em computadores embarcados (nunca deixa de me impressionar o fato de que o mesmo sistema que roda na maioria dos 10 maiores supercomputadores do mundo também consiga operar um computador que cabe em uma caixa de fósforos e que funcione com duas pilhas palito), por brinquedos com microcontroladores e luzes e pelo envolvimento de empresas como Sun e Google.

Fenômeno econômico

Uma das formas de se descrever os efeitos do software livre é que ele está comoditizando segmentos inteiros do mercado de software, forçando–os a igualar suas características. Já não faz mais tanta diferença que programa específico você roda, ele, provavelmente, consegue funcionar junto com os outros. Muitos deles são livres e podem ser estudados, modificados e redistribuídos.

Mais do que isso − várias empresas estão liberando seus programas antes proprietários. A Sun, com o OpenSolaris, é um exemplo que me vem à cabeça (você pode baixá–lo daqui). Não confunda isso com generosidade. Trata–se de uma luta para permanecer relevante.

Servidores RISC rodando Unix já foram, ao seu tempo, parte obrigatória de qualquer data–center. Se você quisesse que seu software fosse usado, ele precisava rodar em Solaris, HP–UX, IRIX e em AIX. Isso significava compilá–lo com compiladores e bibliotecas diferentes e testá–lo em várias plataformas.

Se o Linux é o inimigo número 1 do Windows, ele é muito mais ameaçador para os vários Unixes proprietários. O mercado de servidores RISC de pequeno porte parece ter desaparecido, substituído por máquinas x86 rodando Linux. Acho que ninguém mais faz workstations com processadores RISC. Ao menos não esperando vendê–las. É por isso que a Sun teve que abrir o código do Solaris. Não bastou nem mesmo ser grátis − ele é grátis desde, acho, 2000. Ser livre é pré–requisito para se beneficiar de esforços colaborativos − se ninguém rodar Solaris em seus computadores, vai ser a Sun que vai ter que gastar dinheiro garantindo que os programas rodem bem nele, em vez dos produtores de software. Se o software não rodar mais no Solaris, é o Solaris que fica irrelevante, não o contrário.

Fenômeno social

Aliás, produtores de software é muito anos 90… Hoje somos todos co–produtores e consumidores de software. Mesmo que você não escreva uma linha de código, o simples ato de rodar o programa em seu computador e enviar um bug–report (ou um crash–report), mesmo automático, faz parte do processo de desenvolvimento. Meu notebook era mal–suportado pelo Ubuntu 5.04. Na instalação, ele me pediu para mandar um relatório (que ele mesmo monta) da configuração de hardware dele. O resultado disso é que a versão 5.10 suporta ele muito bem e o beta da 6.06 suporta os recursos dele melhor do que o Windows XP (que já não está instalado há vários meses −

Avatar de Ricardo Bánffy

Ricardo Bánffy (ricardo@dieblinkenlights.com) é engenheiro, desenvolvedor, palestrante e consultor.

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