Sobre os critérios de classificação socioeconômica

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Tem umas coisas que a gente não percebe, mas que vão-se entranhando sorrateiramente: no corpo, os parasitas; na alma, os preconceitos.

Quero chamar sua atenção para o forte, embora imperceptível, conteúdo ideológico das nomenclaturas das classificações sociais universalmente aceitas. Fala-se que o pessoal da classe A é isso, da classe B é aquilo. Ou que a classe economicamente superior tem tais hábitos e a inferior tem outros etc. Tudo bem, são apenas nomenclaturas.

Mas você já se perguntou porque os ricos vêm primeiro e, quanto mais pobres forem os segmentos sociais, mais tendem às últimas letras do alfabeto?

Já que há muito mais pobres do que ricos, por que eles não são, então, a classe A? Não nos esqueçamos que, culturalmente, o que vem primeiro é tido como melhor!

[um amigo já dizia que tínhamos, até há bem pouco tempo, graças ao crescimento da pobreza, a sociedade dividida em classes de A a Z, sendo esta última a turma que mora debaixo da ponte. Hoje, do jeito que vão as coisas no Brasil, já temos a classe Z-linha, isto é, a parcela da classe Z que empobreceu ainda mais e foi empurrada pra dentro d?água]

Isto acontece porque medimos e classificamos em razão do volume de moedas, não de pessoas. Mas não podemos deixar de pensar sobretudo em pessoas! Há algo de tenebroso aí.

Não nos esqueçamos da terrível desigualdade não apenas de renda, mas também de oportunidades, que se verifica neste nosso injusto-maravilhoso país, décima ou décima-primeira maior economia do mundo (ou algo por aí), mas que tem a terceira pior distribuição de renda do universo.

Nós, publicitários, acostumados a dividir segmentos econômicos da população em A, B ou C, e a aceitar passivamente estas divisões, corremos o risco de desenvolver uma certa insensibilidade social, acreditando que ?não temos nada a ver? com o aprofundamento do abismo que separa os mais ricos dos mais pobres em nosso país. Nossos anúncios voltados aos mais ricos vendem discutíveis conceitos de exclusividade, requinte, superioridade. Para os mais pobres, preferimos a gritaria antiestética, rude, mal-acabada. Temos muitos preconceitos!

Se, por outro lado, nem ao menos discutimos a razão de os mais pobres ficarem pra depois até numa simples nomenclatura, por que haveríamos de nos incomodar com nossa possível participação no aprofundamento do abismo, ao vendermos, algumas vezes irresponsavelmente, certas ?verdades? que, por via de conseqüência, representam mais um grão de areia na praia da exclusão social?

Recentemente, o CONAR resolveu que devemos proteger as crianças e adolescentes do constrangimento por seus pais não poderem comprar muito do que lhes é oferecido (às crianças).

Sugiro a extensão do conceito a todos os cidadãos, não necessariamente por normatização do CONAR, mas pelas regras das nossas consciências de publicitários. [Webinsider]

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Avatar de Zeca Martins

Zeca Martins é é sócio-diretor da Editora Livronovo.

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13 respostas

  1. Pelo que vi, na discussão entre o Zeca e a Cris, um tá falando A e o outro está entendendo B. Eu acho que o ponto de vista que a Cris quis expor nçao foi ética ou desonestidade, mas sim que a ideologia publicitária é incompativel com preocupação social etc. E eu concordo com esse ponto de vista. Alegar que isso é possível (dentro da profissão, eu digo, e não cada um dentro de sua vida pessoal) é o mesmo que afirmar que ditadura e democracia possam coexistir.
    P.S.: Eu tô em dúvida se farei faculdade de publicidade exatamente por essa razão. Minhas ideologias vão totalmente contra a ideologia do universo publicitário… =/

    Abraços,
    Lucas

  2. Carissímo Zeca!
    Putz meu, que trem doido virou essa discussão.
    Estou me deliciando por ter encontrado um material tão rico para minhas aulas. Já estivemos juntos em BH quando você esteve falando para meus alunos – sou também coordenador de curso.
    Mas voltando ao assunto e, coincidentemente hoje faz um ano que você publicou seu artigo, vejo que é algo realmente novo, quente!
    Minha turma acabou de ler o seu livro – Propaganda é isso ai – e estamos discutindo todas as virtudes da nossa profissão.
    Pelo que pude ler dos comentários e, não poderia deixar de destacar os da Sra. Cris, com todo meu respeito, mas já contabilizando meus exatos 20 anos de profissão (PUBLICITÁRIO com muito orgulho e tesão!), vejo que estamos diante exatamente daquilo que mais tenho medo que, talvez, seja o que costumo chamar de cauterização das pessoas em perceber os fatos que realmente vão tomando conta, ?que vão entrando sorrateiramente…? como você mesmo disse e muito bem.
    O que a Sra. Cris nos apresentou é o que mais me dá medo ? pensar que publicitários são ?soldados do capitalismo. Trabalham para o lucro, o umbigo e nada mais? ? SOCORRO!
    Ademais não fiz publicidade porque precisei, – sou formado em engenharia também – fiz porque quis, senti tesão, vontade de fazer parte e não estar à parte como espectador apenas.
    Parece também que apesar de ter sido citado a web 2.0, como uma forma de se mostrar ?antenada?, algo importante não deve ser do conhecimento da Sra. Cris, que nos leva a uma compreensão do que realmente percebi em seu texto como sendo seu objetivo de nos alertar para a ?discriminação? daqueles que realmente fazem a ?roda? girar. Temos índices que demonstram e comprovam que a 4ª camada de consumo é composta exatamente pelas classes D,E,F…Z, ou seja, a verdadeira classe de consumo e é exatamente para essa classe que os anúncios ?rudes e mal-acabados? são feito.
    Ora, devemos sim estar atentos à nossa responsabilidade como publicitários, como agentes do desenvolvimento social, democrático e principalmente humano.
    Outra coisa que me chamou a atenção foi ler que: ?se o assunto do seu texto fosse a criatividade dos publicitários brasileiros e o quanto eles são inteligentes e espertos, sabem fazer bons negócios etc, ela não estaria discordando de nada?.
    Isso me faz lembrar que estamos revivendo a máxima de que ?o importante é levar vantagem em tudo…? Viva Gerson?!
    Meu Deus!! Será que nesses 20 anos me tornei um ?ET? na aldeia publicitária que o mais importante é, de fato, o ?ter? em detrimento do ?ser?? Será que não podemos trabalhar nossa profissão, nossos talentos, nossos valores em prol de uma vida justa e mais humana? Ou teremos que aceitar que somos ?soldados do capitalismo. Trabalhando para o lucro, o umbigo e nada mais?.
    E para terminar: penso que ser ético, honesto, profissional não é uma grande e gloriosa vantagem, mas a oportunidade que tenho de demonstrar meus valores.
    Receba meu abraço e admiração.
    João Luiz GORI – Publicitário, Ms, Engº. Professor, apaixonado!

  3. Caro Zeca,

    Acho que este tipo de comentário é muito importante para a discussão e ampliação da responsabilidade de todos para com os próximos que estão distante dentro dos segmentos sócioeconômicos. A grande discussão situa-se nas mazelas que o sistema capitalista cria para sua sobrevivência ou perpetuação, e isto posso dizer com toda certeza, coloca em cheque as profissões quando as pessoas possuem um entendimento, no mínimo com responsabilidade social, e mais com solidariedade com os próximos que estão alijados no processo e que são muitas vezes motivos para a crescente onda de delinquência, marginalidade, em que sobram causas nas injustiças sociais.
    A Cris meu respeito, também acho que este sistema que aí está, cria esta forma de se asseverar na profissão pela necessidade da sobrevivência natural, e muitas vezes há o descortínio entre as ordens éticas e o socialmente justo. Eu também tenho uma visão socialista, porém não consguimos ser num ambiente capitalista efervecentemnte selvagem qu convivemos, porém a existência da idéia, da discussão, do debate é qu nos leva a crer que ainda pode ser alterado as rotas deste mundo.

  4. Caro Zeca, vc escreve e se expressa muito bem. Tem todo o meu respeito e bem sabe que em nenhum momento desmereci o seu trabalho. Mas continuo discordando da sua posição. E acho que não tenho preconceito. Tenho pós-conceito. Por mim a discussão está encerrada, pois já conheço sua opinião e vc a minha, né? Não concordamos. Só isso. É simples assim. E viva a democracia.

    PS: Cara tia Lêda, por favor, envie-me o manual de bom comportamento antes de eu fazer o próximo comentário?

  5. Pelo jeito, o artigo do Zeca botou lenha na fogueira da ética na publicidade e as diferenças sociais!!!… Essa é uma discussão antiga, que ainda vai dar o que falar… Não resta dúvida que a publicidade privilegia as classes sociais mais abastadas e mais consumistas. Mas, há também inúmeras oportunidades de, através da publicidade, contribuir para conscientizar os consumidores de alguns valores mais voltados para as questões sociais e humanitárias, como cidadania, solidariedade, fraternidade, respeito ao próximo e outros… Na propaganda brasileira existem inúmeros e excelentes exemplos de campanhas que defendem esses e outros valores.
    As diferenças sociais existem, sempre existiram e vão continuar existindo! A culpa não é da publicidade e nem dos publicitários… É certo que existem publicitários mais éticos e menos éticos, mais conscientes ou mais alienados… No entanto, consciência é uma coisa e fazer o que tem de ser feito é outra… A publicidade é uma profissão técnica e objetiva, e o ideal é conciliarmos a consciência e os objetivos da melhor forma possível… E é isso que o Zeca defende em seu ?polêmico? artigo…
    Em minha opinião, o ?respeito ao próximo? é a grande questão que gerou essa discussão. A Cristiana poderia ter expressado seu ponto de vista, com toda liberdade que ela tem direito, sem, no entanto, desmerecer de forma jocosa e arbitrária o trabalho de um profissional que ela mal conhece… Teríamos uma troca de opiniões muito mais ética e civilizada… Tudo é uma questão de posicionamento na convivência pessoal… A palavra ?consciência? pode até soar surreal na boca de muitos publicitários, mas, hilário é alguém pensar que um publicitário não possa ter consciência e, na medida do possível, procurar fazer de seu trabalho uma ferramenta para melhorar a sociedade… Mesmo que seu esforço represente apenas mais um ?grão de areia? nessa praia…

  6. O GANHA-PÃO

    Quando brigamos por um pão, e o despedaçamos, cada terá, no máximo, menos que um pão. Quando brigamos por idéias, e as dividimos, todos saem com algo mais do que tinham originalmente.
    Então, vejamos esta nossa discussão por um outro ponto de vista, talvez um pouco mais brando, um pouco menos emocional.
    Trabalhar em publicidade não tem, em princípio, nada de ético ou de anti-ético. A ética ou a falta dela está no uso que fazemos de qualquer ferramenta. Pode ser uma faca. Pode ser o Direito. Pode ser a Química. Pode ser a Publicidade.
    Vivemos e trabalhamos em um país tido como democrático e capitalista. Não fomos nós que o fizemos assim; nascemos nele e, por aceitarmos o modelo, continuamos vivendo aqui. Nosso país, embora imperfeito, também é livre, e podemos deixá-lo quando bem entendermos.
    Não vi a mensagem da Sra. Cristiana como uma agressão a mim, nem, muito menos, o comentário do Sr. João Machado soou-me desrespeitoso (pelo contrário, afinal ele sugeriu que eu vire jornalista, profissão que tanto admiro!).
    Porém, como eu fiz questão de dizer na resposta à Sra. Cristiana, preconceito é uma opinião sem julgamento.
    Julgar-me ou aos demais publicitários, todos como socialmente cínicos ou irresponsáveis, não é a melhor conduta. Julgou-se o todo pela parte. Nos meus trinta anos de profissão vi muitos publicitários desonestos e outros tantos, honestíssimos. Quais deles, afinal, melhor ilustram a profissão? Os honestos ou os desonestos? Os éticos ou os anti-éticos?
    A meu ver, nenhum deles, porque a publicidade, como qualquer outra profissão, está acima do bem e do mal; seu valor, insisto, está no uso que fazemos dela. As técnicas que Joseph Goebbels usou em benefício do nazismo são as mesmas que geram anúncios em prol da Campanha da Fraternidade da CNBB (como se vê, a propaganda pode ter sentido social sem se extingüir). Mas Goebbels terá sido algum samaritano enrustido? Foram os bispos católicos que venderam suas almas a Belzebu? Nada disso.
    A questão que realmente importa é: o que pode haver de imoral em dizer à sociedade que um produto licitamente produzido, que paga impostos (que contribui com todos no final das contas) e que é resultado do empreendedorismo honesto de alguém, é um bom produto, tem preço justo, que oferece este ou aquele benefício e está facilmente ao alcance de cada um?
    Céus! Que mal há em se fazer boa propaganda?!? E que mal há em sugerir mudanças sutis na nomenclatura que se dá às ?classes? sociais?
    Pergunto aos meus detratores: qual é a marca dos seus tênis, dos seus automóveis, das geladeiras das suas casas ou dos bancos onde vocês têm conta? Como vocês tomaram conhecimento da sua existência? Por que diabos vocês optaram por eles? Por que concordaram em pagar seus preços, algumas vezes mais elevados que os dos produtos diretamente concorrentes?
    Foi a voz onipresente do Altíssimo que os fez escolher assim? Ou foi algum bom e honesto anúncio concebido, realizado e veiculado por bons e honestos publicitários e anunciante?
    Quando um publicitário assume uma posição de crítica impensada à propaganda e aos colegas publicitários, sei que esta crítica é, no fundo, uma indagação que ele a faz a si mesmo, temeroso de estar contribuindo para os males tantos que o Brasil tem. E é bom que sintam isso; sinal de que estão no caminho da propaganda ética e respeitosa.
    Quando fiz o tal artigo que tanta controvérsia causou, fiz exatamente pensando em dar uma pequeníssima contribuição à responsabilidade social; um átomo em favor da redução das desigualdades. Não sou, sob nenhuma hipótese, semelhante ao personagem de Monteiro Lobato, um certo sujeito chamado Pedro Américo, salvo engano, que queria a todo custo reconstruir o mundo exclusivamente por seus pontos de vista. Sou apenas um dentre bilhões, por isso, minha contribuição só pode mesmo ser pequena.
    O Sr. João Machado também me chamou de publicitário pretensamente de esquerda. Não sou pretensamente de esquerda: sou mesmo de esquerda! Ou, melhor dizendo, sou socialista, já que essa dicotomia esquizofrênica de direita versus esquerda já não tem mais propósito desde 1989, quando da derrubada do muro de Berlim. E meu artigo, portanto, faz sentido, sim.
    Ser ?de esquerda?, hoje, é ser socialmente interessado, engajado, responsável e ético. Não preciso ?ser jornalista? para ser socialista, preciso apenas praticar minha profissão de publicitário com respeito às crenças, costumes e valores sociais, ao Código Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária, ao Código de Defesa do Consumidor, ao Código Civil, à Constituição Federal e a tantas quantas forem as leis deste país. Isto, a meu ver, é ser cidadão. Na publicidade ou fora dela.
    Atacar gratuitamente os publicitários é caça às bruxas. Isto já foi feito aqui no Brasil durante as ditaduras de Vargas e dos militares; e é, lamentavelmente, prática recorrente ainda em alguns países.
    Demonizar a publicidade ou querer ideologizá-la não leva a nada, a história já nos mostrou.
    Quanto ao que escrevi em meu blog, e que foi reproduzido no Webinsider, mantenho cada uma das palavras ali colocadas, do mesmo modo como mantenho meus votos de sucesso a todos os publicitários, concordem eles comigo ou não.

  7. O jornalismo ainda tem a desculpa de dizer que serve às pessoas. Mas a publicidade não tem desculpa. Ele serve ao dinheiro.

    Beleza. Só não vamos misturar as coisas.

  8. Pois é, Vicente, concordo com vc que hoje me dia cada vez mais há profissionais híbridos, misturas de jornalista com publicitário, principalmente na internet. Eu mesma sou um exemplo disso. Hoje e me considero uma profissional da comunicação.

    E tb concordo que eu e o Zeca temos as mesmas preocupações sociais etc.

    Agora, não acho que estou levantando a questão da ética não. Publicitários também são éticos. Ética é uma palavra flexível, às vezes. Se a usarmos sob o ponto de vista social, talvez ela mude de significado. Mas essa é uma discussão mais ampla.

    A única coisa que levanto aqui, como já citei acima, é querer compatibilizar duas ideologias incompatíveis num discurso só.

    É claro que há várias nuances disso. Um jornalista tb serve ao sistema. Mas tem consciência disso. Todos nós servimos ao sistema. Mas não fazemos discurso hipócrita.

    No dia em que a publicidade se preocupar com a desigualdade social, ela se extingue. Pois é dessa injustiça que ela vive. Ela reproduz e alimenta, diretamente, essa desigualdade. Sem dó nem piedade.

    Confesse, Vicente, vc só fez publicidade porque precisou. E é claro que já que a gente lá lá vamos nos divertir, né?

  9. Será que o que eu vi de bom no texto (tanto que o escolhi) não passou para as pessoas?

    Por que Zeca, a quem admiro, e Cris estão discutindo? No meu entender, os dois estão do mesmo lado (considerando ética, desejo de justiça social, essas coisas). Vai ver alguma coisa não comunicou bem. O que seria? Talvez a discussão aqui seja:

    Publicitário pode ter ética? Consegue?

    Não é uma discussão tola. Ainda bem jovem, antes de entrar no mercado de trabalho, sabia que poderia ser um publicitário, onde encontraria mais facilidade (do que para ser médico, engenheiro ou funcionário público). Na época eu pensei: não quero ser publicitário porque significa no fim das contas servir a um sistema do qual discordo, um sistema segregador, concentrador de renda e poluidor. Prefiro ser fotógrafo, músico, escritor ou qualquer outra coisa que aparecer, sei lá.

    Coisas de que tem 16 anos?

    O tempo passou, o acaso me empurrou para o jornalismo, especialmente a edição de textos, onde estou até hoje. Mas ao longo dos anos já fiz muitos trabalhos de publicidade. E os faço com gosto, até hoje. Especialmente aqueles que são baseados em conteúdo, como publicações para empresas.

    Mas sempre os encaro como freelas. No fundo gostei de mim quando tomei aquela decisão aos 16 anos.

    Mas na verdade sou editor de publicações e também publicitário, porque não existe esta pureza. Quando se cria uma publicação, mesmo de conteúdo jornalístico, não é preciso usar recursos de persuasão típicos da publicidade?

    Existe mesmo a distinção?

    []s do

    Vicente

  10. Eu também não entendi a razão de existir desse texto. Falou, falou, falou sobre preconceito, má distribuição de renda etc. e… não disse nada.
    Além do óbvio mea-culpa de sempre.
    Tb concordo com a moça aí em cima, nunca entendi publicitários pretensamente de esquerda.
    Não seria mais lógico ter se tornado jornalista?

  11. Caro Zeca, eu sou publicitária.

    E vc já ouviu falar em liberdade de expressão? Que eu posso falar sobre o que eu quiser, mesmo não tendo conhecimento profundo do tema? Que o espaço de comentários do Webinsider está aqui pra isso? Que comentar é um direito meu de leitora?

    Vc já ouviu falar em Web 2.0?

    Mesmo se eu não fosse publicitária e não tivesse conhecimento de causa, ainda assim eu poderia tecer minha opinião publicamente. Mesmo que essa opinião fosse apenas baseada na imagem que os publicitários passam, sendo verdadeira ou não. Eu estaria dando meu ponto de vista. Essa participação democrática é o que caracteriza a internet.

    Ou vc acha que só os publicitários podem falar dos publicitários? Nesse caso, ficará perdido em tempos de Web 2.0, onde todos têm voz.

    Por acaso, sou publicitária. Trabalho e ganho o meu dinheiro através da publicidade e da comunicação. Mas não sou ingênua nem tenho orgulho burro e alienado. Publicitários são soldados do capitalismo. Trabalham para o lucro, o umbigo e nada mais.

    Quando estou vestida de publicitária, vou lá e executo meu trabalho da melhor forma possível. Quando eu quero ser humanista não tenho a ingenuidade de misturar as coisas. Vou fazer comunicação para o terceiro setor ou escrevo um artigo para o meu blog ou para outro site.

    Eu escolhi a profissão errada? Sim, talvez. Mas é dela que sobrevivo hoje, já que estou inserida num sistema capitalista e tenho filhos para criar. Quando puder viver de outra coisa, viverei. Por enquanto vou executando meu ofício com competência.

    Também já pensei como vc um dia. Achava que podia conciliar consciência social com publicidade. Uma coisa exclui a outra. Infelizmente. Às vezes, rola um job, uma campanha comunitária, contra abuso infantil e tal. Mas é raro.

    E em nenhum momento eu falei que publicitários não trabalham decentemente, nem que não são honestos etc. Eu trabalho decentemente e sou honesta, por exemplo.

    Falei sobre ideologia burguesa dominante que a publicidade representa e que não é compatível com justiça social. Apenas isso.

    Agora, se o assunto do seu texto fosse a criatividade dos publicitários brasileiros e o quanto eles são inteligentes e espertos, sabem fazer bons negócios etc, eu não estaria aqui discordando de nada.

  12. Cristiana,
    o filósofo francês Voltaire disse que preconceito é uma opinião sem julgamento.
    Quanto você conhece, de fato, a respeito de publicitários para emitir publicamente (num site aberto ao mundo) uma opinião, não especificamente a meu respeito, mas a toda uma classe de pessoas que trabalha decentemente? Ou você acha que publicitários são aquilo que se vê nos escândalos do governo? Informe-se mais e melhor.
    Com meus votos de muito sucesso no trabalho e na vida. Cordialmente,

    ZECA MARTINS
    Publicitário (com orgulho)
    São Paulo, SP
    http://propagandaemarketing.blog.terra.com.br

  13. Caro amigo Zeca, lamento informá-lo, mas vc escolheu a profissão errada.

    Nós, publicitários, acostumados a dividir segmentos econômicos da população em A, B ou C, e a aceitar passivamente estas divisões, corremos o risco de desenvolver uma certa insensibilidade social, acreditando que ?não temos nada a ver? com o aprofundamento do abismo que separa os mais ricos dos mais pobres em nosso país.

    Correr o risco de desenvolver insensibilidade é eufemismo, né?

    …acreditando que não temos nada a ver com isso tb, né?

    Mas consciências de publicitários foi a mais hilária citação do seu texto, que tem um ótimo discurso, mas soa surreal saindo da boca de um publicitário. Heheheh…

    Na boa, vc deve ser um cara legal. Mas tá na profissão errada, então.

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