Leio agora a notícia sobre a intenção do Google de expandir seus negócios para as mídias tradicionais como impressos, rádio, e outras áreas. Isso me fez lembrar da primeira vez que assisti a um torneio de vale-tudo, pois fiquei muito impressionado como Royce Gracie vencia seus oponentes utilizando técnica, agilidade e velocidade (confira o vídeo). Royce vencia oponentes maiores e muito mais fortes graças as técnicas do jiu-jitsu, na época uma inovação no mundo do vale-tudo que criou uma vantagem competitiva e deu à família Gracie notoriedade em todo o mundo.
Depois de passar a guarda na Microsoft e Yahoo, o Google começa a expandir suas fronteiras muito além do mundo da internet. Quando a empresa iniciou sua operação através do seu mecanismo de busca, era muito difícil imaginar quão bem sucedida seria sua estratégia de negócio baseado principalmente na receita com venda de publicidade.
No início deste ano, o Google anunciou a compra da dMarc, empresa especializada em oferecer inserções em rádio através da web, algo que os especialistas apontam como uma tendência para outras mídias. Agora que ensaia negócios em outras áreas, o Google traz do mundo da internet o que pode ser uma importante vantagem competitiva no mercado da publicidade tradicional. Como anunciou Tim Armstrong, vice-presidente de vendas de publicidade do Google, a empresa acredita que é capaz de ajudar seus anunciantes a aparecerem em outras mídias, e eu também acredito muito nisso.
O Google talvez seja a empresa com a maior capacidade de monitorar a atenção das pessoas em todo o mundo e detectar rapidamente novos padrões de comportamento e hábitos sobre consumo, leitura, estilo de vida, comportamento social, etc. Essa capacidade está presente nos negócios criados pelo Google na internet: seu mecanismo de busca, o Gmail, Orkut, Blogger, GoogleMaps You Tube, entre outros.
A forma como o Google pretende expandir sua presença na mídia tradicional pode criar grandes transformações no mercado de mídia. Será que a empresa vai se manter somente como um veículo? Não poderá expandir seus negócios também ofertando serviços de inteligência e planejamento? Não será a chance de pequenos anunciantes criarem campanhas de anúncios no mesmo modelo do AdWords? Não será o Google o grande broker global da TV digital?
On demand
Assisti muitas lutas onde os Gracies venciam seus combates surpreendendo seus adversários ao adotar um padrão novo para a modalidade do vale-tudo internacional. O conceito era não usar a força bruta dos socos ou pontapés; o adversário era agarrado, levado para o chão e imobilizado. Lembro-me de uma célebre luta (final do UFC 4) onde Royce Gracie fica por mais de 15 minutos debaixo do brutamontes Dan Server, que tentava a todo custo socá-lo sem sucesso. De repente, de forma inesperada, o lutador de jiu-jitsu aplica uma chave que sufoca o grandalhão.
A digitalização dos meios de comunicação cria um novo padrão: a audiência on demand. Acaba a supremacia de poucos veículos e as pessoas começam a ter acesso a múltiplos canais de informação e conteúdo. Não somente consomem mídia, mas também produzem conteúdo e tornam-se atores ativos na geração de audiência e atração de atenção.
O avanço do Google no mercado de mídia tradicional já representa uma nova era para o mercado de propaganda e publicidade, e pode criar um grande vácuo no mercado de marketing e comunicação, exigindo dos players reformulações e novos modelos negócio. A modelagem já está em curso, a digitalização e convergência dos meios está ai, é um novo padrão, não tente socar e chutar… preste atenção, o Google está se movendo e vai passar a guarda! [Webinsider]
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Gilber Machado
<strong>Gilber Machado</strong> (gilber@e-brand.com.br) é diretor executivo da <strong><a href="http://www.e-brand.com.br" rel="externo">e-brand</a></strong> e consultor de inovação da <strong><a href="http://www.inbate.com.br/" rel="externo">InBate</a></strong>.
5 respostas
O google pode fazer o que quizer. Desde que saiba o comportamento das pessoas. E isso ele sabe melhor que ninguem. Vejo o google como um robo de filmes de ficção cientifica que de tanto saber o que as pessoas procuram na web ele toma vida e começa atravez de seu alimento preferido a informação… bem o resto não preciso dizer.
Grande Gilber!
Sempre com a visão de futuro ampliada.
Eu só faria uma mudança no seu texto, e tenho certeza que você concordaria:
Quando fala em se manter somente como um veículo ou oferecer também serviços de inteligência e planejamento, eu tiraria o OU.
Por exemplo: Será que o Google vai ensinar aos veículos e (por que não) agências a se comportar como prestadores de serviços completos, utilizando toda a amplitude de informações e estratégias disponíveis para atender às reais necessidades de seus clientes?
Sem dúvidas, o Google tem hoje maiores e melhores condições de fazer isso que qualquer outro, como você muito bem colocou, mas isso deveria ter sido iniciado há muito tempo.
Parabéns ao Google e parabéns pela sua visão – que não me surpreendeu.
Me lembro de uma luta onde Royce Gracie venceu seu oponente de ponta cabeça – e com um dos braços quebrados.
Gilber,
Então esta notícia é um verdadeiro armlock:
http://0br.com.br/116
É a página com a solicitação de patente por parte do Google para publicidade off line em dispositivos eletrônicos como ATMs.
Fonte:
New Scientist
http://0br.com.br/117
Grande Gilber, belo texto.
Um comentário rápido: até agora o resultado das iniciativas no mundo offline tem sido pífios. A venda de anúncios em revistas no sistema de leilão, por exemplo, tiveram retorno bem abaixo do esperado.
http://publications.mediapost.com/index.cfm?fuseaction=Articles.showArticleHomePage&art_aid=44021