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Sou um dos raros exemplares que começou a trampar com internet logo no início (1995) e ainda está no Brasil. Como sou muito chato, meus pares não me agüentaram e foram trabalhar em agências lá fora. Por isso tenho facilidade para conhecer outras metodologias e conseguir algumas informações interessantes. Resolvi então fazer uma pequena comparação perguntando qual o prazo médio que as agências (gringas e brazucas) tem para fazer um site médio; um hotsite; um banner e uma campanha de mídia.

Pedi os prazos totais em dias corridos, da entrada na agência à entrega, contando com tudo: planejamento, arquitetura de informação, criação, produção, controle de qualidade, etc. O famoso ?de cabo a rabo?. No caso dos brazucas, mais no rabo que no cabo.

A pedido de alguns respondedores, não divulgarei os dados em aberto nem os nomes das agências. Falei com 16 agências sendo oito brasileiras, uma canadense, quatro inglesas e três americanas. Todas grandes e reconhecidas.

Pedi os prazos mais comuns, ignorando aquelas bombas (que aparecem mesmo lá fora, principalmente em concorrências) ou projetos abastados.

Claro, não é nenhuma pesquisa cuja metodologia seria aprovada por alguém sério, mas o objetivo era apenas dar uma idéia do tamanho da diferença. Os valores comparando agências do mesmo país foram bem parecidos, o que aumenta a credibilidade. Além disso, os valores variaram menos nos projetos que poderiam ter entendimentos diferentes.

Por exemplo, um banner é um banner, mas um site médio pode ser diferente no entendimento de cada profissional ou cada agência.

Observação: dos valores abaixo, “menor prazo” e “maior prazo” são referentes aos valores médios passados pelas agências (gringas e brazucas) e não o menor ou maior prazo que a agência teve alguma vez em determinado projeto.

Banner

  • menor prazo: algumas horas (que transformei em 1 dia)
  • maior prazo: 45 dias
  • os americanos tem 20 vezes mais prazo que os brasileiros
  • os ingleses tem 5,67 vezes mais prazo que os brasileiros
  • a única agência canadense pesquisada não passou prazo
  • os gringos tem 11,81 vezes mais prazo que os brasileiros

Campanha de mídia

  • menor prazo: 3 dias
  • maior prazo: 60 dias
  • os americanos tem 10,26 vezes mais prazo que os brasileiros
  • os ingleses tem 10,26 vezes mais prazo que os brasileiros
  • a única agência canadense pesquisada não passou prazo
  • os gringos tem 10,26 vezes mais prazo que os brasileiros

Hotsite

  • menor prazo: 5 dias
  • maior prazo: 120 dias
  • os americanos tem 7,94 vezes mais prazo que os brasileiros
  • os ingleses tem 5,48 vezes mais prazo que os brasileiros
  • a única agência canadense tem 5,71 vezes mais prazo que os brasileiros
  • os gringos tem 6,43 vezes mais prazo que os brasileiros

Site médio

  • menor prazo: 15 dias
  • maior prazo: 180 dias
  • os americanos tem 3,76 vezes mais prazo que os brasileiros
  • os ingleses tem 3,29 vezes mais prazo que os brasileiros
  • a única agência canadense tem 3,76 vezes mais prazo que os brasileiros
  • os gringos tem 3,53 vezes mais prazo que os brasileiros

Esta diferença é reflexo de uma realidade bem mais complexa e que vai além da questão dos prazos.

Não fiz esta pesquisa para alguém ficar reclamando da vida, mas não deixa de ser um tapa na cara. Tirando uma média burra total, os americanos têm dez vezes mais prazo que os brasileiros. Isso nos faz melhores ou piores? Deixo essa discussão para outra ocasião ou para os comentários de vocês. [Webinsider]

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Avatar de Ricardo Cavallini

Ricardo Cavallini é profissional de comunicação interativa, autor do livro O marketing depois de amanhã.

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13 respostas

  1. Definitivamente, se faz necessário que os profissionais sejam sensatos, em tudo, ou, senão, o mercado nunca dará o devido retorno à classe.

  2. Nós, brasileiros que trabalhamos com criação principalmente, estamos aptos a trabalhar em pastelarias e feiras livre.

  3. Gostaria que você desse um exemplo prático, pelo que entendi se uma agência brasileira tem um prazo de 1 dia, dez vezes mais prazo seria 10 dias… É isso mesmo?

  4. Se com tão pouco a gente faz o que faz, imagina: Cannes viraria mandioca ou alguma outra palavra mais brasileira, de tanto prêmio que ganharíamos….

    (obviamente que isso é uma piada. Com três dias fica difícil produzir peças de qualidade)

  5. Legal essa pesquisa, seria interessante se o Ricardo Cavallini fornecesse a média de preços em R$ (não precisa divulgar o nome da agencia, apenas a média em geral para cada serviço – banner, hotsite etc..).

    Acredito que muita gente aqui gostaria de saber isso.

    Parabéns pelo artigo.

    Jura

  6. O problema esta nos clientes brasileiro que querem o produto final o mais rápido possível, não importando se o produto final é o melhor ou não, o que importa e ter algo em mãos, qualidade que deveria ser o primeiro item acaba ficando em ultimo, a final depois nós damos um jeito e como todos sabem tudo acaba ficando da mesma maneira, a coisa ruim não melhora, até que decidam refazer o produto, e o pior se você propor um prazo real um pouco mais demorado aparece outra pessoa com um prazo menor que o seu e acaba roubando o cliente, e no fim todos acabam se sujeitando a prazos malucos, mas este é o mercado brasileiro do bom, barato e rápido. Claro que nem todos estão neste jogo. até…

  7. Edy, estou com você. Hoje só inicio um projeto caso ele tenha um valor claro pra mim e para o cliente. Somos tão empenhados quanto qualquer engenheiro, arquiteto, advogado, etc, que merecemos o tanto quanto. Penso assim: o mercado está promíscuo? Está. Mas pelo menos eu faço a minha parte.

    Se não for pra receber um valor justo pelo que faço mudo de profissão – mas óbvio que luto pra que não seja o caso.

  8. Gostei da pesquisa. O nível de exigência dos clientes é semelhante?

    Vc conhece pessoas que trabalham com desenvolvimento de software também para fazer uma pesquisa dessa? Fiquei interessado nisso.

  9. O valor pago pelos brasileiros é muito pequeno.

    A galera precisa pegar um zilhão de projetos para pagar as contas, que são maiores (taxas e impostos cobrados pelo governo e etc). Então, precisa-se de um prazo maior para entregar as coisas.

    As agencias brasileiras (a maioria delas: pequenas e médias) tem sempre vários projetos correndo ao mesmo tempo e a desorganização (preguiça?, jeitinho brasileiro?) ajuda a atrapalhar e a atrasar as coisas.

    Os gringos, tem uma média salarial melhor, recebem melhor, tem menos impostos… eles sobrevivem pegando um projeto por mês. Ele vale o quanto custa e paga as contas da empresa.

    Eu, especificamente, não costumo pegar projetos que o cliente não está interessado em pagar o quanto ele vale.

    E valor não é só grana a se pagar pelo projeto. Valor é, acima de tudo, qualidade no serviço feito, no tempo necessário pela complexidade do projeto.

    E tem mais, temos que lembrar que no Brasil (principalmente) temos uma bela e grande parte de profissionais leiloando os menores valores do mercado.

    Ai fede pro nosso lado mesmo.

  10. Você tem 3 variáveis importantes: preço, qualidade e prazo. Normalmente quando escolhemos duas a terceira vai para o brejo. No Brasil os clientes não querem abrir mão da qualidade, e podem pagar pouco… então o prazo vai para as cucuias… Nos Estados Unidos, não se abre mão da qualidade, nem do prazo… então o preço vai para as cucuias…

  11. Será por isso que a maior parte da mão de obra especializada -ótimos diretores de arte e programadores- caiu fora do Brasil?

    Muito legal o artigo. Seu estudo mostra que somos bem competitivos mas gostaria de mais dados comparando o retorno das campanhas X prazo. Aí sim, saberemos se esses prazos são tolices ou tem alguma relevância.

    [s]

  12. Interessante sua pesquisa, mas eu queria entender quem você está considerando como gringos, pois para mim esse é um termo utilizado inicialmente pelos mexicanos, referindo-se aos norte-americanos. Logo, gringo para mim é norte-americano. Mas esses você já citou…
    Mais interessante ainda é notar que nossos trabalhos não deixam nada a desejar, comparando-se aos demais, e provavelmente nosso orçamento é bem mais escasso.

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