Se você é como eu, acaba você mesmo sacando seu iPhone ou câmera sempre que vê uma oportunidade de capturar uma imagem para ilustrar textos em seu blog ou nos projetos de seus clientes.

Ou seja, tem consciência de seu limites, sabe que é um quebra galho, mas que de vez em quando acaba acertando a mão e consegue imagens que valorizam sites, blogs e layouts.

Muitos fotógrafos profissionais, bem mais sérios e talentosos, também criam fotos assim – com a intenção de montar um portfolio ou estoque de fotos que logo vão encontrar um bom uso – na capa de um CD, no artigo em uma revista, na ilustração para um post e por aí vai.

Então é importante acertar. O fotógrafo amador deseja fazer fotos boas, que possam ser usadas sem susto em seus projetos e o profissional quer ter mais trabalhos vendidos. Pensando nestas duas personas, tive a oportunidade de conversar com Andrew Rich, que é fotógrafo e inspetor de qualidade da iStockphoto nos Estados Unidos.

Andrew veio ao Brasil para o evento que a iStockphoto e o Museu da Imagem e do Som promoveram dias 30 e 31 de outubro, em São Paulo, o iStockalypse Brasil. Vem justamente para tratar deste assunto – o que um fotógrafo deve considerar quando está produzindo para um banco de imagens.

Não é um trabalho pessoal ou artístico, não é uma encomenda, é criar imagens que os clientes vão querer comprar, em oposição a fotografar de forma mais solta, intuitiva – e também despreparada.

As dicas servem para todos nós, no sentido de conferir se nossas fotos passariam em um hipotético teste de qualidade ou adequação, até que sejam consideradas boas para uso profissional, em sites, livros, revistas ou anúncios. As fotos e os comentários são dele.

– O que o faz rejeitar ou aprovar uma foto?

– O inspetor baseia seu julgamento no todo e não em uma lista de qualidades desejáveis, um cheklist. Quando comecei a trabalhar como inspetor em 2007, nós prestávamos mais atenção em defeitos técnicos como artifacting (pouca definição, imagem com baixa qualidade) ou aberrações cromáticas. Hoje as câmeras e a tecnologia avançaram imensamente. Também evoluímos e já não somos tão severos no aspecto técnico – temos uma visão mais para o conjunto e para a “vendabilidade” do arquivo, para as chances dele ser escolhido pelo cliente.

Quando examino um arquivo, eu confiro a imagem em 100% e vejo se há defeitos técnicos que vão aparecer numa impressão. Quando a imagem passa na técnica eu então olho o seu valor artístico (iluminação, composição, usabilidade, vendabilidade) e aí vem a decisão.

Se uma imagem tem defeitos técnicos menores, mas é obviamente boa e tem beleza, está aprovada.

Às vezes, nas fotos que recebo, percebe-se que o autor precisou usar efeitos para aproveitar uma imagem mal iluminada na origem. Penso que não adianta muito. É melhor iluminar bem o assunto da foto e assim evitar os defeitos que podem (e vão) aparecer quando se usa uma imagem mal iluminada.

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– O que o fotógrafo ou produtor de conteúdo deve ter em mente ao fotografar para um banco de imagens?

– Primeiro e antes de mais nada – a “vendabilidade”.

É legal tirar fotos do gato ou do cachorro, das flores e do quintal, mas os clientes não usam este tipo de imagem.

Pense como um designer. Tente encontrar temas ou assuntos que vão vender. Use a imaginação para decidir o assunto que você vai fotografar. Abra os olhos, veja o mundo com os seus próprios olhos, desenvolva a sua marca. Acompanhe o trabalho dos outros – mas jamais copie.

Crie a partir de suas próprias ideias; isso vai ajudar você mais adiante.

E, igualmente importante, não tenha medo de tentar coisas novas. A maior parte do meu sucesso e crescimento aconteceu porque precisava avançar e forçar meus limites. Há tropeços, mas sempre aprendo uma coisa nova que me fortalece. Minhas melhores imagens apareceram nestes momentos, quando se ultrapassa seus limites. Não há melhor sentimento do que ver o resultado quando você ousou ir além do que você achou que poderia.

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– Quais itens poderiam compor um checklist de forma a alcançar esta qualidade?

– Eu não tenho propriamente um cheklist no papel mas há muitas coisas que considero automaticamente antes de apertar o botão. Aqui estão itens que sigo (não necessariamente nesta ordem):

• Pesquise sobre o tema. Não vá despreparado na esperança de que no final vai dar tudo certo.
• Estilize a foto como um profissional faria, inclusive roupas, acessórios e maquiagem adequadas. Seja inteligente na execução.
• Confie no seu instinto. Se não parece bem, não está bem. Mas na hora de bater a foto, não fique em dúvida porque talvez não tenha uma segunda chance. Resolva o problema e vá em frente.
• Descubra e pesquise as locações perfeitas e os modelos para valorizar o seu tema. Pegue o carro e vá conferir antes, use o telefone, dê uma volta a pé no local para descobrir exatamente o que você está procurando, pois sempre vai valer a pena.
• Faça uma lista de fotos desejáveis para que você possa completar a locação. Isso vai ajudá-lo a manter a cabeça no lugar quando uma variável inesperada aparecer, para que sua cabeça não dê um branco neste momento.
• Minimize as distrações na sua composição.
• Pense na luz. É o elemento mais importante na fotografia. Ângulo, preenchimento, cor, sentimento.
• Certifique-se que sua imagem ou assunto esteja bem iluminada. Isso é essencial. Eu prefiro luz ambiente. Esteja preparado para lidar com o clima (sol, chuva, nublado) e a luz que você terá.

Quando eu sigo estes passos, percebo que a qualidade de minha imagem aumenta e diminui o tempo necessário para editá-la.

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[Webinsider]

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Vicente Tardin

Vicente Tardin (vtardin@webinsider.com.br) é jornalista e criador do Webinsider. É editor experiente, consultor de conteúdo e especialista em gestão de conteúdo para portais e projetos online.