Fato: o e-commerce nos Estados Unidos representa menos de 5% das vendas do comércio. Está crescendo a taxa de roedor, mas a Amazon já tem quase 18 anos de vida.
Fato: 80,6% de todo trafego referenciado do e-commerce, nos Estados Unidos (alguém clicou em um link para chegar em uma loja) se origina no Google enquanto que apenas 9,7% vem do Facebook.
Mais e mais gente está comprando mais e mais coisas na internet e as lojas físicas muitas vezes não passam de um showroom. Vamos às lojas físicas para ver, tocar, cheirar e compramos online pelo menor preço, não necessariamente na versão online da loja que visitamos.
Por que será que o comércio virtual não ultrapassou ainda o comércio de rua? Excetuando-se a justificativas surradas – falta de posse de computador / acesso à internet ou falta de confiança nos sistemas de pagamento / segurança / privacidade – talvez exista uma razão que está no DNA da sociedade de consumo: comprar é um prazer sensorial e comprar na internet é eminentemente um comportamento racional.
Por isso, o Google, uma ferramenta robotizada, é tão importante para referenciar sites de e-commerce. Por isso, o Facebook, um ambiente de relacionamento, tem pífia participação no referenciamento. Quem quer comprar não procura o Facebook, vai para o Google.
Mas isso evidentemente não significa que para que o comércio eletrônico cresça mais rapidamente, o Google precisa ficar mais sexy ou que o Facebook tenha que ser mais (mais ainda?), digamos, feio.
Significa sim que as iniciativas de e-commerce tem que evoluir sensivelmente na experiência de compra, se pretendem substituir o comércio off-line (mais caro, mais arriscado, etc etc).
Comprar na internet pode ser muito eficiente, rápido, competente, mas raramente é uma experiência que dá tremedeira consumista, aquele reflexo incontrolável que devasta contas de cartão de crédito.
Uma loja de rua investe muito mais energia para permitir que o consumidor interaja com o produto do que com o check-out. Já uma loja de e-commerce parece investir mais energia na operação comercial. Por melhor que seja a iniciativa de tornar a experiência de compra online sexy, perto de uma loja física, parece brincadeira de criança.
A tecnologia de manipulação virtual de produtos em exposição está cada vez mais sofisticada assim como as bandas de acesso a internet não param de crescer. Mas talvez, para além desse aspecto técnico, faltam duas outras prioridades que podem fazer o comércio eletrônico crescer mais rapidamente.
Uma de natureza filosófica não prioriza, nas lojas virtuais, as inúmeras possibilidades de fazer com que a experiência de compra seja sensorial. O que interessa é levar o comprador para o caixa.
Outra prioridade é o gosto. O bom gosto. O mau gosto estético parece ser uma diretriz na grande maioria das lojas virtuais.
Na Medina de Fès, no Marrocos, as lojas se atropelam umas às outras, ofertando praticamente a mesma mercadoria. O que faz uma pessoa comprar as babuchas de seus sonhos em uma loja em detrimento da outra não é o preço ou o tamanho da fila no caixa. É a experiência de entrar numa caverna de Ali-baba, tomar um chá de hortelã com o dono e ser assaltado por uma profusão pornográfica de estímulos sensoriais. Você queria babuchas e acabou comprando tapetes, copos de vidro, móveis marchetados, lustres coloridos e aquele indispensável suporte de tenda berbere. [Webinsider]
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2 respostas
Perfeito! Tenho muitos clientes que ficam sabendo, pelo Jornal Nacional, que e-commerce dá dinheiro e acham que ter uma loja de aluguel basta para ficar rico. A coisa é um pouquinho mais complicada e toca eu a dar consultoria de graça…
Creio que o eCommerce não é resposta em todos os casos, assim como temos hoje várias formas de pagamento que usamos conforme nossa comodidade, a escolha do meio de compra sempre será uma escolha subjetiva.
Julio Vicente
Diretor
BestSoft.com.br