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Ainda estou digerindo a morte de Aaron Swartz; a princípio me incomodou a “heroicização” dele. Me incomodou a imediata transformação dele em mártir, uma espécie de Robin Hood do ciberespaço, vivendo escondido nos ecossistemas “florestais” livres da internet – a associação entre sustentabilidade ambiental e da cultura não é minha, veja aqui – vivendo para a causa, tendo aberto mão da riqueza, etc.

Eu nunca tinha ouvido falar dele, me impressionou a quantidade de pessoas, principalmente do grande panteão da internet dos EUA, se manifestando sobre ele, de Lessig, apontado como uma espécie de mentor (ou “pai” ideológico) a Doctorow, Boyd, etc – aqui um resumo das declarações.

E hoje me surpreendi com o obituário dele na Economist, indicando que a morte repercutiu muito além do nicho dos ativistas do mundo digital.

Li algumas coisas que, se não reduziram o meu incômodo, me deram a dimensão do comprometimento que ele demonstrou ter pela causa que defendeu praticamente desde sempre – veja obituário acima. Entendi a dimensão da tristeza dos que, como ele, compartilham esses ideiais. Abaixo incluo uma pequena lista de conteúdo feito sobre ele que eu encontrei e alguns comentários / pensamentos que esses conteúdos me provocaram.

  • As lágrimas do professor Lessig nesta entrevista televisiva (abaixo); “nós podíamos ter feito mais, não estávamos à altura dele”.

  • O ponto chave da história, o que contextualiza e explica o suicídio, é que Aaron, além de ter sido um ativista renomado, foi preso ao baixar artigos acadêmicos no MIT no mesmo momento da prisão do Manning, o ex-soldado que passou os documentos confidenciais do governo dos EUA para o Wikileaks, e também da perseguição ao Assange do próprio Wikileaks. Havia um interesse do governo americano de tornar o caso do Swartz em exemplo para intimidar os que tentassem fazer igual.
  • Me chamou a atenção Lessig mencionando que a família do Aaron estaria tendo que vender a casa para pagar por advogados. Circulou uma declaração de um ex-advogado dele dizendo que teria avisado aos representantes da acusação que Aaron tinha tendências suicidas, frente ao que eles teriam respondido cinicamente que “ele estaria seguro na cadeia”.
  • Li um texto que não consegui recuperar para linkar aqui, de alguém mencionando que o “tráfico de artigos científicos” é a coisa mais comum no mundo acadêmico, mas ele acontece por debaixo dos panos. Esse texto falava de ter conhecimento de professores de Harvard que repassam artigos para quem quiser por seus pen-drives. Isso me lembra também a declaração de um parlamentar sueco que admitiu baixar músicas e que convidava seus colegas a “saírem do armário” e se revelarem como baixadores de conteúdo irregular. Independente da vontade de governos e corporações, dada a natureza do funcionamento da rede, acho complicado esse tipo de compartilhamento não acontecer.

Haverá um ponto em precipitar o que parece ser inevitável, ou seja, que a indústria baseada nos direitos autorais sobre informação seja extinta ou se reinvente?

Cartas para a redação. [Webinsider]

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Avatar de Juliano Spyer

Juliano Spyer (www.julianospyer.com.br) é mestre pelo programa de antropologia digital da University College London e atua como consultor, pesquisador e palestrante. É autor de Conectado (Zahar, 2007), primeiro livro brasileiro sobre mídia social.

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Uma resposta

  1. Talvez consolidar a imagem de Swartz como mártir seja inevitável. Por um lado, será perigoso se usado como forma de intimidar (pelo Estado) ou de legitimar atos (pelos grupos cyberativistas).
    Por outro, serve para a sociedade em geral como um alerta para a mudança de paradigma nas relações entre as instituições e as pessoas.
    No entanto, os governos ainda mantém uma visão conservadora destas relações, em alguns pontos digna da Caça às Bruxas, vide as últimas declarações de Janet Napolitano e de Leon Panetta, temerosos por um ataque cibernético com proporções comparáveis a um 9/11 ou a um Pearl Harbor.
    Infelizmente, da mesma forma que Alan Turing perdeu sua vida por uma postura (íntima, a bem da verdade) reprovável pelo Estado, e agora Aaron Swartz, muit@s outr@s também serão sacrificados em nome desta ordem.

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