Existe uma expressão “genius with a thousand helpers” atribuída a Jim Collins que descreve basicamente organizações onde todas as decisões são tomadas pela pessoa no topo da hierarquia (o gênio) e executadas pelo restante da organização (os milhares de ajudantes).
Não encontrei nenhum estudo que identificasse o número de empresas que operam nesse modelo, mas tirando por base o estudo encontrado no livro “Breaking the fear barrier” do Tom Rieger, que diz que cerca de 60% das pessoas não possuem autonomia nem regras claras para serem responsabilizadas por algo, o número deve ser realmente muito grande.
O problema de se ter um “gênio” na organização é que as pessoas no papel de “ajudantes” ficam eternamente confinadas à execução das ordens, impossibilitadas de contribuir efetivamente com algo. As ordens que são dadas devem ser cumpridas sem serem questionadas, pois questioná-las seria uma perda de tempo ou uma afronta ao “gênio”. A postura do “gênio” é muito bem sintetizada por uma frase atribuída a Winston Churchilll: “O que espero, senhores, é que depois de um razoável período de discussão, todos concordem comigo”.
O “gênio mal compreendido” muitas vezes se indispõe com seus “ajudantes”, pois segundo ele, ninguém oferece ideias, ninguém contribui com nada, apenas fazem “o mínimo possível e nada mais”, mas acaba por se esquecer que é ele mesmo o culpado por essa situação. As regras não se aplicam a ele, apenas aos outros, o mérito é sempre dele, a culpa sempre é dos outros. Uma das frases preferidas dos “gênios” é: “Essa empresa não seria nada sem mim!”.
Os “ajudantes” por sua vez tendem a ficar frustrados, alienados, sem razão nenhuma para buscar contribuir para o sucesso da organização e muitas vezes até passam a boicotar ativamente as iniciativas da empresa (um estudo da Gallup estima que cerca de 20% de todos os funcionários estão ativamente “não engajados”, o que custa às empresas americanas algo em torno de US$ 350 bilhões/ano).
As organizações que operam nesse modelo estão destinadas a incorrer em um fenômeno similar ao conceito econômico de seleção adversa (no qual apenas aquilo que é “ruim” é selecionado por falta de informação). Os profissionais mais jovens e com capacidade, conhecimento, interessados em realmente contribuir com algo começam a buscar outras oportunidades e começam a abandonar a organização. Aqueles profissionais que já não querem mais contribuir com nada, estão interessados apenas no salário, alienados ou sem chances de trabalharem em outras empresas – o famoso “peso morto” – são os que ficam.
Se você é ou pretende ser o gestor de uma organização (ou de um departamento, grupo etc.) preste muita atenção ao seu comportamento, pois sua “genialidade” pode custar a sobrevivência da organização. [Webinsider]
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Luigui Moterani
Luigui Moterani (@luiguimoterani) é especialista em gestão, inovação e marketing. Site: http://luiguimoterani.com.br//
Uma resposta
Isso é comum em diversas empresas de tecnologia da informação e agências web, acredito que no mercado como um todo…