Antes de começar, eu gostaria de deixar uma coisa bem clara ao leitor: muito mais do que dar respostas, a intenção do texto é provocar questionamentos e discussões sobre o tema.
Todos nós falamos de marcas, mas nunca paramos para pensar em como elas estão posicionadas nossas vidas. Vivemos cercados por elas e temos com as mesmas uma relação forte, íntima, passional e sacrossanta.
Mas, antes de entrarmos nesse mundo, faremos um exercício: pense em marcas nos segmentos de Tecnologia e Artigos Esportivos.
Pensou?
Eu imagino que tenha vindo à cabeça nomes como Apple, Samsung ou Microsoft, no segmento de Tecnologia, e Nike ou Adidas, em Artigos Esportivos. Claro que isso não foi uma pesquisa, e sim um brainstorming para visualizarmos como as marcas fazem parte do nosso dia a dia.
Martins e Blecher (1997, p. 15) conceituam marca como “Produto ou serviço ao qual foi dada uma identidade, um nome e valor adicional de uma imagem de marca. A imagem é desenvolvida pela propaganda ou em todas as outras comunicações associadas ao produto, incluindo a sua embalagem”.
Ora, partindo da visão dos autores, notamos que falar de marca não é somente laborar um símbolo gráfico com a equipe de criação. Vai além. Sua construção demanda tempo, podendo demorar meses, anos, décadas…
E até séculos!
Reputação, imagem, comunicação, projetos eficazes, diálogo com os stakeholders, fatores culturais, organização, gestão participativa, responsabilidade social e ambiental são alguns dos valores que fazem parte dessa construção.
Busca-se constantemente inovação. Aliás, essa é a palavra da moda no mundo corporativo. Inovar, inovar e… inovar! Porém, o desenvolvimento fica nas mãos do departamento de comunicação ou criação e muitas empresas se restringem à questão da semiótica, ou seja, do símbolo gráfico que a representa, e não busca inovação na essência da palavra. E por que isso?
Porque não pensam estrategicamente.
Pensar estrategicamente é tomar decisões globais, integradas e fazer com que toda a organização, em seus ambientes interno e externo, participe do processo de criação ou renovação da marca, que é o carro chefe da empresa. Não basta apenas o departamento de comunicação trabalhar exaustivamente se toda a equipe não compartilhar as ideias e percepções a respeito da construção da marca. Por isso, é fundamental o engajamento de todos.
Se a estratégia é elaborada por um planejamento minucioso, e o target é alcançado, criamos demanda e atingimos os consumidores. Em contrapartida, esses consumidores se familiarizam com a marca e se tornam clientes.
Quando a marca seduz, cativa, encanta e domina, podemos dizer que há manipulação da mente do consumidor, pois os benefícios que o produto da marca lhe proporcionará, trará sensações de afeto e carinho. E é esse envolvimento com a marca que toma a mente do consumidor. Isso sim é visão estratégica
A Nike, por exemplo, reúne amantes e inimigos ao redor do mundo. As razões são fáceis de detectar: o produto é bom, a marca é forte e é patrocinadora de grandes equipes e atletas esportivos em diversos países, porém está envolvida com a exploração de trabalho em sua linha de produção.
Por isso, eu gostaria de deixar três perguntas a respeito da Nike para reflexão:
- Será que a exploração não é uma estratégia da empresa? Ou seja, falem bem ou falem mal, falem de mim?
- A exploração ou a má remuneração dos funcionários não são uma decisão interna da empresa? Por que, então, causam tanta polêmica?
- Se pensarmos que a responsabilidade social é uma discussão em pauta na sociedade, por que a Nike se encontra na contramão disso?
A estratégia bem traçada é um meio poderoso de manipular a mente do consumidor. Por isso, manipulação da mente do consumidor também é estratégia. [Webinsider]
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Leia também:
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Rafael Souza Coelho
Rafael Souza Coelho (rafaelcoelho.consultor@gmail.com) é consultor e professor universitário.
2 respostas
sobre a imagem do bebê, gostaria de usar na minha dissertação de mestrado, para associar ao conceito de “consciência da marca”, saberia dizer a fonte da imagem?
Grato,
Daniel.
muito interessante este texto