A mídia, as empresas e mesmo as pessoas idolatram os profissionais que sempre se mostram acelerados, com dezenas de compromissos, multitarefas – celular, e-mail, assinaturas, cafezinho, dirigir até um cliente… Tudo ao mesmo tempo!
E, no caso das mulheres, acrescente: lanche do filho, carinho no cachorro e compras no supermercado.
Ufa! A humanidade está cada vez mais dinâmica e competente.
Será?
O ponto crucial é o velho dilema: quantidade versus qualidade.
Tudo é para ontem, todas as deadlines sempre estão estouradas. Você já fez o relatório? Cadê aquele layout? Seu filho acabou de nascer? Parabéns, mas se puder não tirar a licença, agradeço. A empresa está cheia de pepinos para VOCÊ resolver!
É possível manter a excelência, os diferenciais, o esmero criativo e a competitividade com tantas coisas para se resolver em curtíssimos espaços de tempo, principalmente nos trabalhos que dependem muito do raciocínio e criação?
Mesmo nos trabalhos mais mecânicos, a sobrecarga não pode aumentar as chances de erro?
Vale a pena fazer algo “OK”, ao invés de investir mais tempo e esforços para criar algo ótimo? E, como convencer o cliente, o chefe, o investidor que essa postura é interessante, mesmo tendo concorrentes “renomados” que adotaram a postura do R$ 1,99?
E, quem disse que a nossa sociedade precisa dessa produção massiva? Não seria o caso de reestruturar o consumo e as prioridades?
Trabalho, lazer, descanso. Essa tríade essencial para o equilíbrio e bem estar parece algo cada vez mais fora de moda no nosso cotidiano.
Vida pessoal? Esqueça isso se quiser se destacar no mercado! Por incontáveis vezes já li, vi e vivenciei isso.
Enfim, são muitas perguntas, incertezas e mesmo um pouco de filosofia, mas a questão essencial é: nesse ritmo desajustado de metas e números, o que nos separa das simples máquinas? E aqui, não tenho qualquer resposta, mas levanto a indagação para podermos debater e aprender juntos!
Uma rede e água de coco podem fazer milagres
Sempre que vou iniciar um projeto ou mesmo quando chego às etapas cruciais dos trabalhos, antes de começar efetivamente o desenvolvimento, sempre procuro reservar um tempo para, digamos, a reestruturação das minhas energias. Ok, foi um jeito romanceado de dizer ócio criativo.
Foi assim com o meu livro, é assim com os projetos de conteúdo para os clientes. E também sigo essa postura em decisões pessoais: comprar um carro, adotar um cachorro, escolher o destino de uma viagem etc.
Muitos vão pensar: caramba, Eduardo, você tem tempo de sobra!
E eu respondo: não tenho!
O que tento fazer é administrar com qualidade os momentos do meu dia, a fim de conseguir fazer as tarefas de forma produtiva. E, com isso, ter mais tempo para a minha família, meu descanso, meus aprendizados.
Por isso sou contra essa história de 40 horas semanais – para alguns casos, claro! O tempo que ficamos com a nossa bunda na cadeira não é proporcional ao rendimento! Muitas vezes, uma solução desenvolvida em três horas já “paga” o dia de trabalho. O que falta é maturidade para as empresas e profissionais entenderem e aplicarem esse modelo.
Enfim, já está na hora – já passou, aliás – de nos valorizarmos como indivíduos, com conhecimentos, identidades e visões exclusivas. E isso é bem diferente do individualismo. É simplesmente dar o nosso melhor em prol de uma evolução coletiva.
Quando estamos bem, produzimos com mais qualidade, interagimos com mais ânimo e criamos ao nosso redor um círculo de valor. Certamente diversas outras pessoas gostarão de fazer parte desse estado de espírito.
Sonho ou utopia, mas ainda acredito que as mudanças vêm de cada detalhe, à conta-gotas.
É um caminho difícil, mas a vista no final do percurso deve ser magnífica.
Vamos juntos nessa? [Webinsider]
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Eduardo Kasse
Eduardo Massami Kasse (@edkasse) é escritor, palestrante e analista de conteúdo. Subeditor do Webinsider. Mais em onlineplanets.com.br e eduardokasse.com.br.
10 respostas
Nem preciso dizer que concordo… Além das minhas horas aqui (e, sendo mulher, pode acrescentar o supermercado e o ir-e-vir de levar a filhota às aulas de dança), ainda pego no mínimo três horas de trânsito por dia, quando poderia perfeitamente fazer de casa metade das minhas atividades. Mas o chefe não entende, e se entendesse os colegas não entenderiam. Ainda assim, não deixo a peteca cair por aqui, e estou produzindo trabalhos literários que considero… hum… um pouco mais que OK. Então, vale. 🙂
Legal, só precisamos fazer os workaholics entenderem isso!
Ótimo texto, Eduardo. Vale lembrar que essa medida de hora/trabalho é um resquício da era industrial. Se pensarmos que já estamos na era do conhecimento, onde a economia criativa ganha cada vez mais atenção, pensar em hora de trabalho é realmente uma loucura.
Inovação e criatividade não combinam com jornadas extensas e estressantes. Ninguém rende nesse ritmo.
forte abraço!
É bem isso mesmo. E eu sinceramente não acredito que uma pessoa consiga produzir coisas significativamente boas e relevantes sem ter, no meio do processo, horas de descanso/prazer. Belo texto! Cheio de realidades!
Realmente, a excelencia de hj é a adversidade do amanha…o otimo é inimigo do bom…ja dizia “Sr. Rolim”
Srs. sabemos de tudo isto sim, devemos estar antenados e dispostos a todas estas mudanças, ai chegam os “outros” e dizem..vc está atrasado, vc está ineficaz, baixa produtividade…e por ai segue…
O que podemos dizer ou se cobrar sobre tal tema ?? temos sim que refletir, no mesmo espaço que tivemos para ler o texto em questão….// Sucesso a todos os queridos leitores…
Abraços de fibra ….www.kitbaja.com.br
Ótimo texto Eduardo,
Espero ansiosamente pelo dia em que as mudanças deixem de acontecer na velocidade conta-gotas e comece a ser uma torneira aberta…
Abraço!
Concordo plenamente!!! ótimo artigo!
Equilíbrio, sempre o equilíbrio.
As empresas estão, sim, precisando de gente que trabalhe o máximo, que produzam muito no menor tempo possível.
O equívoco mora na idéia que produzir muito é trabalhar atabalhoadamente.
Há um ditado que corrobora 100% com o que vc falou: “preciso terminar logo, por isso trabalho devagar”.
Cada pessoa tem seu ritmo, é necessário se conhecer, saber o que te torna mais eficiente. Malhar, ler, bordar, tudo para que na hora de por a mão na massa o seu trabalho renda o máximo.
Como falei, tudo uma questão de equilíbrio, pois não temos como dispor de muito tempo para acharmos nosso momento perfeito.
Pois é, Fábio!
Tenho visto profissionais se “entupirem” de tarefas, em prol da produtividade, e não realizarem nenhuma direito.
O pior: vejo gestores que cobram essa postura e, no final, ainda xingam os funcionários por não cumprirem as metas.
Então, é o que você falou: fazer direito para entregar em um tempo ideal.
Concordo 100%!!!