“Gestures” ou gestos, são uma forma de comunicação não verbal por meio de ações corporais e que são interpretadas por áreas especificas do nosso cérebro.
Comunicar-se através de sinais é uma característica inata do ser humano, e vem sendo estudada desde os tempos do Império Romano, no qual os gestos eram utilizados para dar mais ênfase aos discursos retóricos. Atualmente no campo da usabilidade, os “gestures” vêm se tornado uma forma de interagirmos com interfaces de maneira mais rápida, imersiva, fluida e divertida. Sejam essas interfaces visíveis ou não.
Os “gestos”, por assim dizer, quebraram o paradigma do mouse, setas, teclados e dos movimentos lineares para desempenhar determinadas atividades. Dessa forma, representam infinitas possibilidades que estão surgindo com os avanços das plataformas tecnológicas em busca dessa interação menos engessada com mais opções para desenvolver experiências imersivas, divertidas e inovadoras. Recentemente tive a oportunidade de brincar com Samsung Galaxy S3. Notei que para tirar uma foto da tela basta deslizar a mão pela mesma, como se estivesse selecionando-a por completo. O que é fantástico, pois substituíram uma combinação de botões (iPhone) por algo simples.
Identifico duas manifestações de “gestures”, uma onde existe o contato físico, com uma superfície que interpreta e decodifica os símbolos desenhados e outra etérea no qual a interface é invisível. O primeiro pode ser facilmente associado a smartphones, tablets e cada vez mais computadores. Enquanto o segundo tem como seu maior percussor o Kinect, em que ocorre um rastreamento dos movimentos da pessoa e dependendo da finalidade de cada movimento dispara uma ação e/ou reação.
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A preocupação
Mas tem um problema: os “gestures” pré-definidos que já vêm embarcados nestas plataformas nem sempre são os mais intuitivos, imersivos ou naturais e, justamente por isso, Jacob Nielsen alerta em um dos seus relatórios que os “gestures” estão se tornando um retrocesso na usabilidade.
Pode parecer um pouco exagerado ou duro demais, mas entendo a preocupação de que as pessoas estão tendo que se adaptar a estas plataformas e a formas de interação diferentes, pois além da falta de estudos mais avançados e profundos de utilização, muitas heurísticas estão sendo ignoradas. Não sou contra a curva de aprendizado, pelo contrário, mas acho que falta um estudo cross-plataforma muito maior.
Minority Report e Iron Man são dois filmes que trazem interfaces totalmente baseadas em “gestos”, no qual as pessoas conseguem interagir com as aplicações numa velocidade muito maior e manipulando uma quantidade absurda de informação, mas será que para tarefas cotidianas é realmente melhor? Acredito que ter ferramentas e possibilidades vai nos permitir desenvolver experiências muito mais condizentes com as necessidades das pessoas.
Conclusão
Enxergar esse conceito além das plataformas tecnológicas é algo complicado. Cada uma tem coisas em comum, mas também há diferenças e limitações. Temos que vê-lo como um recurso agregador, utilizá-lo de forma sadia garantido uma experiência ainda mais intuitiva e divertida. Em minha opinião o que realmente falta é a possibilidade de permitir que as pessoas customizem os “gestures” de acordo com seu modelo mental, assim as próprias plataformas seriam mais assertivas em seu produto final.
Guia de gestures
Este site traz uma lista de possíveis movimentos. O bacana é que traz também um filtro de “Gestures” por plataforma: Gesturecons.com/.
[Webinsider]
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Gabriel Pinheiro
Gabriel Pinheiro é designer de interfaces. Atualmente trabalha na Highlan Soluções Inteligentes com o planejamento e desenvolvimento de interfaces desktop, web e mobile. Mantém o blog Café Interativo e o Twitter @gabrielboco.