Uma situação frequente é um amigo ou algum conhecido me chamar para almoçar ou tomar um café porque teve uma grande ideia e quer empreender. Normalmente o script que se passa é quase sempre o mesmo: “preciso falar contigo urgente. Tive uma ideia fantástica e gostaria de ouvir sua opinião”. Será que uma simples ideia deveria ser motivo para alguém criar um negócio?
Ter o negócio próprio tornou-se o principal sonho dos brasileiros de 18 a 64 anos – é o que revela uma pesquisa realizada em 2012 pela Global Entrepreneurship Monitor (GEM) em parceria com o SEBRAE. A grande questão que fica é quantas dessas pessoas realmente possuem uma real motivação para empreender e não estão seduzidas apenas por uma suposta ideia genial.
Nenhuma pessoa deveria empreender, porque odeia o chefe ou a empresa em que trabalha, ou porque simplesmente gostaria de ter horários mais flexíveis de trabalho ou ainda em busca de um maior equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Também não pode ser motivo para alguém ser um empreendedor simplesmente por querer provar algo para si mesmo ou para os outros. Por fim, talvez um dos piores motivos para empreender é simplesmente seguir o modismo atual de se tornar um empreendedor, que a imprensa tanto contribui para difundir.
O melhor caminho para empreender não é pensar em ideias e sim em oportunidades. Uma boa oportunidade pode se basear em uma nova ideia ou em uma ideia já existente, que pode ser executada de outra forma, ou implementada de uma mesma maneira, porém em um lugar diferente. O Peixe Urbano trata-se de um bom exemplo: a ideia de um negócio de compras coletivas já existia e tinha sido desenvolvida com êxito nos Estados Unidos, porém ninguém tinha executado aqui no Brasil. Coube ao oportunismo do Júlio Vasconcelos aplicá-la no país.
Outra armadilha sobre as ideias é imaginar que todo bom pensamento será um bom negócio. Infelizmente isso não é verdade. O que tem valor é a forma que a ideia adquire. O segredo está na execução. Lembre-se: mais vale uma ideia medíocre bem implementada, do que uma ideia genial mal aplicada. Logo, se você quer ser um empreendedor bem sucedido, avalie se você é um bom executor. Todo empreendimento de sucesso teve uma execução impecável. Se você não estiver a fim de colocar a mão na massa ou não possui tanta habilidade em implantar planos, é melhor desistir de empreender. A sua ideia não tem valor se você não souber executar.
Talvez a falácia mais comum sobre as ideias é o novo empreendedor não querer contá-la para ninguém ou quase ninguém. Normalmente quando encontro com essas pessoas que vivem tendo ideias, muitos pedem sigilo absoluto sobre nossa conversa. Se o segredo está na execução, não tenha medo de alguém roubar sua ideia. Certamente outras pessoas já pensaram nela antes de você. Ocorre que dificilmente uma ideia surge totalmente pronta para ser implementada. Conversar com mais pessoas vai ajudá-lo a lapida-la. A sua visão de negócio precisa ser clara o suficiente para qualquer pessoa compreendê-la em poucos segundos. Logo, quando mais pessoas conhecê-la, mas rico será este processo de amadurecimento.
Certamente, a lição mais importante que tive sobre as ideias é que elas cegam. Às vezes é preciso maturidade para reconhecer a diferença entre um bom insight e um bom negócio. Uma boa maneira de saber se você está cego por ela é se perguntar: “se eu não tivesse essa grande sacada, estaria motivado para empreender outro negócio?” Se a resposta for um “não”, certamente você está seduzido pela ideia e não possui motivações intrínsecas suficientes para empreender.
Portanto, a resposta para a pergunta que fiz no início deste texto é clara: não basta uma boa ideia para ser um empreendedor de sucesso. [Webinsider]
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Leandro Ramos
Leandro Ramos (@leandrohramos) é administrador de empresas e sócio-fundador da agência Javali Digital e da rede de indicações Indike.
Uma resposta
Legal esse texto, compartilho desse mesmo pensamento……