Conversam o dono do site e o desenvolvedor:
– Quer dizer então que deste jeito, por causa do Ajax, toda vez que um usuário ler um texto, depois deixar um comentário, depois votar naquela matéria, depois ainda editar seu perfil… tudo isso vai contar um pageview só?
– É.
– Mas não tem outro jeito?
– Em benefício do usuário, ele só recarrega certos trechos da página.
– Só que os anúncios são vendidos aos pageviews. E o nosso patrocinador faz questão de saber isso sempre. Estamos ferrados.
…
Até agora o número de pageviews tem sido o critério mais importante para avaliar o desempenho de um site e o alcance de sua audiência. Para os sites de conteúdo, acostumados a exibir campanhas de banners, o número de pageviews é igual ao número de anúncios que pode oferecer ao anunciante.
É um critério importante, sem dúvida. Mas não vale muito para um site como o YouTube, por exemplo. Ao exibir um vídeo, que pode ser visto várias vezes e por muitas pessoas ao mesmo tempo, em incrível interação com alguma marca, tudo isso conta um pageviewzinho só.
Por motivos como esse, a Nielsen//NetRatings (no Brasil associada ao Ibope) passou a utilizar o tempo de permanência do usuário no site como critério mais importante para a mensuração de audiência (sem abandonar o pageview).
Eles entendem que os sites hoje não dependem tanto do recarregamento das páginas (o que determina os pageviews) para entregar ao usuário o conteúdo que ele deseja. E este conteúdo hoje, além de texto, pode conter rich media, Ajax e streaming – tanta coisa acontecendo e o pageview neste caso não revela isso bem.
Por esse motivo, a Nielsen começa a utilizar os novos itens Total Minutes e Total Sessions em seus relatórios. Prosseguem os dados para a média de sessões, time de permanência e pageviews, mas agora o “Total” procura refletir melhor a interação do usuário com o site em questão.
Desta forma, o número total de minutos seria melhor métrica para o engajamento, ao considerar o comportamento do usuário, independente do estilo ou propósito do site.
Alguns sites, como o Webinsider, oferecem leitura mais profunda. Outros oferecem vídeos, áudio ou jogos. Um artigo longo aqui vale um pageview, uma notícia de duas linhas em outro site também vale um pageview. Quando o pageview não dá conta para expressar esta diferença, o tempo gasto parece que mais adequado.
Lógico que para quem exibe anúncios, o pageview para a entrega de campanhas é importante. O que pode mudar é a percepção de valor do site em questão pelo anunciante em função de seus objetivos.
E neste instante acaba de chegar pelo Fale com o Editor do Webinsider uma pergunta do leitor Bruno Maciel:
“- Não encontrei o RSS do Webinsider com artigos completos. É um pouco chato ter que vir até o site do Webinsider quando estou acessando as notícias pelo meu smartphone. Isso faz realmente parte da política do Webinsider? Tentei acessar a versão wap, mas ela é paga”.
Sente o dilema: se o RSS entregar os textos completos para o Bruno ler no smartphone, não vai contar nenhum pageview para o site. Ele não verá nenhum banner, portanto é um leitor que não existe para o anunciante. Também não vai contar mais uma visita para o UOL, etc, etc.
Por outro lado, o desejo dele é legítimo – ler os textos no smartphone é algo que cada vez mais pessoas vão querer. E agora?
Do jeito como são as coisas hoje, se o leitor não entra no site, não aconteceu nada. O Bruno não existe e a fila não anda para o site de conteúdo gratuito baseado em publicidade. Por essas e por outras que o pageview já não dá conta do recado totalmente.
Poderíamos entrar em detalhes, sugerir que o anunciante pense em ações ligadas aos feeds RSS, etc, etc. Mas o anunciante sequer tem uma visão clara sobre visitas, visitantes únicos, valor do leitor de nicho… Está cedo ainda. [Webinsider]
…………………………………………………….
E para explicar ao Bruno: o Webinsider pode ser lido em smartphones e celulares através da Hands. É um serviço pago à Hands, que nos remunera com um valor inexpressivo. Estamos lá não pelo dinheiro, mas porque foi solicitado por alguns leitores.
Vicente Tardin
Vicente Tardin (vtardin@webinsider.com.br) é jornalista e criador do Webinsider. É editor experiente, consultor de conteúdo e especialista em gestão de conteúdo para portais e projetos online.
17 respostas
o RSS é mto bom pra os internautas, facilita a leitura e pra saber se o site esta sempre atualizado, sem a necessidade de entrar diariamente no site. Acredito que se o site tiver bastante conteudo e for atualizado diariament, isto não deixara o leitor de visitar o site e não prejudicara tanto os pageview pra publicidade
Achei legal o seu post, realmente é uma questão que merece ser discutida, apesar que tenho entendido, pela minha experiência em internet, tenho até postado em meu site assuntos sobre isso, são dois fatores que impulssionam a net, o tecnológico, que a criou e o livre arbítrio, que é a vontade do internauta entrar e sair, ou até de aceitar determinados site, ou tendências.
A web é maravilhosa, é a coisa mais democrática que existe, ela só exige uma coisa de você webdesigner/programador, conhecimento dela.
Não adianta espernear, grunhir, nada disso resolve, você tem que entrar nas ferramentas que existem ao seu alcance, webalizer, que poucos conhecem, google analytics, e outras mais e descobrir onde você está na web, quantas visitas teve no dia, semana, mês, período, analizar campanhas, etc.
Basta lembrar, que pouca gente sabe, principalmente o lula, que o Brasil hoje já é primeiro mundo na web, estamos de 1 a 5 para alguns sites, e até para a própria web, lembrando que o ranking do uol já esteve em 34, 38…. hoje está em 47….50.
E os outros?
Se alguém subiu, alguém tem que descer, myspace, msn, orkut, souberam se aproveitar bem da web.
E nós?
Só os grandes se beneficiaram da grande inclusão digital em curso no Brasil, o Uol com todo o seu conteúdo técnico e popular, continua na frente, o ig subiu de 305 para 106, a Globo de 495 para 108,
o Terra de 184 para 96. O melhor desempenho foi do globo, que provavelmente vai passar o Terra, que já esteve em 64.
Daí tiramos a lição, a internet precisa ser trabalhada, minuto a minuto, se não em segundos por segundos, pois ela não leva desafora pra casa.
Acho que a questão pageview vai se resolver sozinha. principalmente num ambiente desses, o próprio mercado se dará conta, pois já se foi o tempo dos hits, têm muitos sites que o utiliza ainda, mas quem está interessado em qantas visitas anda o site que ele acabou de entrar e já saiu?
O internauta quer conteúdo, interatividade, participar, logo, ou os portais brasileiros deicham de ser brasileiros e se tornam mundiais, ou vão se tornar com o passar do tempo, uma sub-categoria, meros coadjuvantes, vendo sites que nasceram ontem sem nenhuma pretenção, se tornar celebridades, roubar a cena, visitas, e o ibope nem sabe disso.
Os pequenos que não se adequaram, continuam no mesmo ranking de 1 ano atrás, até perderam, nem aparecem, e sites de empresas que faturam dinheiro
no tijolo, esses são os piores, pois só fazem crescer a turma de analfabetos em web, pois vêem a net como despesa e não como investimento.
Esta url do ul está em 51 no ranking, as principais, do index, as mais visitas e com mais tempo de vida, estão no 47, exatamente, o Uol perdeu 13 pontos no ranking.
Parabéns ao vicente, se existissem milhares de pessoas como você, questionando, dando chance do internauta se expressar, se comunicar, aprender, nós estaríamos entre os 10 mais, pois levamos o Orkut lá, o Myspace nos quer, só o brasileiro que não quer fazer nada, ele prefere fofocar no Orkut,
perder tempo no Youtube, maior utilizador do Msn, mas na hora de usar a web para aprender……..
Podemos ser o quinto país ma web, o primeiro em muitos segmentos nela, mas em termos de cultura, somos um dos últimos.
Quanto ao pageview, só o tempo dirá, mas acho que a web não está muito interessada nisso não, ela te quer, cada vez mais, você que tem de escolher por que porta quer entrar, astro principal, ou mero coadjuvante……..
A quem interessar possa, tenho alguns artigos de minh autoria em http://www.milmar.com.br
Camila,
acredito que os dados do Ibope seguem certa metodologia e não cobrem uma parte de público que acessa a internet, mas está fora das estatísticas (em lan houses, quiosques, por exemplo).
E quando tivermos mais anunciantes, os sites poderão cobrar melhor. Normalmente o espaço que os sites dispõem para banners são remunerados – o que vale é o quanto conseguem receber pelos banners que exibe, o que pode variar de quase nada a bem razoável.
Com mais gente anunciando os sites vão poder ser melhor remunerados, desde que os anunciantes vejam nele um valor em função do público que atingem.
Parabéns pela matéria Vicente. Nos faz refletir quanto aos nossos processo no trabalho e se o novo realmente é tão novo assim.
Duas questões que eu queria levantar:
1) Vcs estão falando de usuarios com uma certa intimidade com o meio, heavy user. Não se esqueçam que ainda existe uma grande massa que está se familirizando agora com a WEB e ainda esta bem receptivo a entrar num site e ver um banner. Grandes anunciantes não podem ainda migrar ou desconsiderar essa enorme fatia do bolo. O bacana dessa onda de interatividade é a mensagem publicitaria acompanhar o desenvolvimento do usuário em todos os niveis de navegação que vai de um DHTML simples até uma mensagem dentro do RSS dele.
2) Não consigo confiar 100% nos dados do IBOPE, já comparei seus dados de acesso com outras pesquisas e não batem muitas vezes. Voce tomar um planejamento através de dados somente de internet residencial, da mesma maneira, exclui uma grande massa que passa 10hrs por dia na frente de um PC no escritório.
Oi Rochester,
se o conteúdo copiado e colado em outros sites valesse pageview, os números seriam bem maiores… 🙂
Vicente, uma outra questão que lembrei agora, os caras que chupam o conteúdo. O cara copia o seu conteudo e disponibiliza os feeds dele. pronto, vc perde muitos acessos.
Definitivamente a visualização por pageview (nem a por tempo NO site deve compensar tanto considerando os feeds) está ultrapassada
Vicente, muito legal de levar esse ponto.
Sempre estou lendo sobre qual a melhor métricas para ser considerada para a área comercial digital. Tenho muitas dúvidas em utilizar os dados de tempo.
No caso da Nielsen//NetRatings utilizar o tempo de permanencia, cria alguns questionamentos tanto quanto ao Page Views, Visitor e Visits. Esta utilizando um dado já pensando na Web 2.0 e considerando a medição dos vídeos. Porém, muitos sites ainda não utilizam esse recurso e terão que se submeter a métricas desses mercados.
Enfim, creio que hoje deveria ser considerado o tipo de site que será avaliado: se é de conteúdo, se é vídeo, se é download. Cada site tem o seu perfil e o perfil de usuário, ou seja, um tempo de vídeo não é o msm tempo de uma notícia escrita.
Bem, como citei anteriormente, são muitas variáveis para serem levadas em consideração e a sua metodologia ser implementada por todo um mercado, e não por uma instituição apenas.
Essa questão do RSS não é simples msm. Estamos em um meio em que a vontade do usuário é quase soberana, podendo acessar conteúdos em dispositivos móveis e agregadores. Enquanto anunciantes não entenderem que a comunicação em si mudou, vai ficar complicado.
Vicente, parabéns pelo artigo! Este é um tema que merece uma atenção frequente.
Abraços,
Mário
Vale lembrar que é possível hoje em dia, na maioria das ferramentas Web Analytics, medir qualquer tipo de interação que o usuário faça em sua página, inclusive em páginas com AJAX ou com navegação em Flash. Dessa forma cada uma das interações passaria a ser contada como um pageview, que pode ser discriminado nos relatórios de seu site.
Há até pouco tempo atrás media-se audiência utilizando hits… Essa análise parece estar evoluindo, mas ainda de forma muito devagar, parece que é uma das coisas que não acompanhou a evolução do meu em que está (assim como os celulares que só faltam fazer chover, mas ainda têm que ser recarregados de 3 em 3 dias).
Ainda acho que estas métricas vão passar. Acredito que o melhor para o anunciante é o quanto faturou em relação ao que foi gasto. E ainda não se tem isto quando pensamos em um compra offline. Alias, eu tenho. Mas não acho um investidor neste meu projeto.
Abraços
Eduardo
eduardo.rocha@gmail.com
Eu me surpreendo em saber que o pessoal da propaganda ainda tenha uma visão baseada nos meio analógicos (maior número de exposição)… por outro lado temos que reconhecer que encontrar novas métricas é uma tarefa não trivial…
[]s
Rapaz, acho q o maior impecilio seja mesmo o RSS. MUITOS leitores nao QUEREM mais entrar no site praler, ja q podem centralizar tudo.. apenas contar qntos assinantes tem não dá uma noção muito exata do tamanho do buraco 🙂
Vicente,
Excelente convite à reflexão. Se pararmos para analisar o caso de instituições que não contam com publicidade, como as públicas por exemplo, o pageview talvez já tenha perdido parte de suas funções há mais tempo.
A métrica de tempo de permanência em uma página é uma boa solução, juntamente com a análise de sessões, taxas de rejeição etc.
Acredito que o que ocorre hoje com a web não é muito diferente do que vem acontecendo em outras áreas que dependem tanto de indicadores qualitativos, mas que ainda têm forte dependência dos quantitativos.
Esta talvez tenha sido uma herança negativa da publicidade convencional, criada na base da comunicação em massa, sem interação.
E está lançado o desafio aos novos profissionais de mídia interativa.
Vicente, não sei se a mudou pra melhor: e os sites de busca, com ficam? Nos EUA o Google cai de primeiro para quinto no ranking e o líder vira a AOL…mas adivinha quem fatura (muuuito) mais em publicidade?
Segue um bom artigo:
http://news.com.com/AOL%20up,%20Google%20down%20Not%20so%20fast/2100-1038_3-6196348.html
Há que avaliar diversos fatores e o IAB nos EUA propõs um guideline para medir rich internet applications
Link:
http://www.iab.net/standards/pdf/RIA_measurementGuidelines_050707.pdf
Realmente ainda é um pouco chato conversar com o cliente sobre esse tipo de métrica. Ainda mais quando se fala do RSS. Eles sempre querem usuarios visitando o site, a qualquer custo.