Imagine a seguinte cena: você acaba de chegar ao seu trabalho numa segunda-feira pela manhã. Seu chefe lhe chama à sala dele e, chegando lá, você descobre que foi demitido.
Sua reação foi uma mistura de surpresa, frustração e insegurança. Enquanto você percorre o caminho de volta à sua casa, um filme começa a se materializar na sua mente e suas sensações passam a ser de raiva, medo e vergonha.
Comunicar isso à família não é uma atitude tão simples assim, pois existem notícias de que algumas esposas de profissionais demitidos sugeriram a eles ajuda psicológica.
Na verdade, para esse profissional já havia indícios de que algo estava errado com ele, pois o desgaste emocional já começava a fazer efeito para ambos.
Na primeira reunião ele ficou meio arredio, não se abria com o psicólogo e, em vários momentos, até acabou escondendo informações relevantes.
Porém, com o tempo, o analista acabou ganhando a sua confiança e, após alguns meses, seu diagnóstico foi inusitado: “O seu problema é que você não sabe trabalhar com chefes autoritários”.
Quando uma pessoa se recusa a pensar nos motivos da sua demissão – seu estilo gerencial, novas competências que deveriam ser desenvolvidas ou um aprendizado que necessitasse incorporar – ela deixa intactas as causas da doença que o atingiu.
Não basta apenas descobrir, é necessário reconhecer que o problema existe, pois quando o profissional descobre seu ponto fraco e decide melhorar, 50% da solução foi alcançada.
Mas, o profissional em questão decidiu seguir caminhos diferentes, abrindo sua própria empresa e evitando assim futuros chefes autoritários.
Ele acabou abrindo mão da carreira de executivo de que tanto gostava – não que essa fosse a solução ideal para todos, mas foi a melhor para ele naquele momento.
Vamos agora fazer um exercício de imaginação e mudar de lado; ou seja, o papel de quem demite. Para quem tem a ingrata tarefa de demitir um executivo vai aqui um alerta: a demissão é como o divórcio.
O tamanho da ferida dependerá de como você comunica a separação.
Não é uma questão de ser bom ou mau, mas é principalmente uma questão de justiça. Pois todas as vezes que demitimos alguém temos – de certa forma – uma parcela de culpa, assim, como nos divórcios.
Talvez o erro tenha sido no processo de seleção, na falta de treinamento ou na falta de acompanhamento desse profissional.
Não importa. Romper uma relação profissional ou afetiva é uma tarefa das mais difíceis, pois a última impressão é a que fica – para ambos. Lembro-me de uma demissão que presenciei onde a relação entre a empresa e o profissional foi longa e benéfica, para ambos.
Mas, no dia que esse profissional voltou à empresa a fim de pegar de volta seus objetos pessoais, o diretor pediu a ele para abrir a pasta e mostrar tudo o que havia dentro.
Naquele momento a ferida aumentou de tamanho e, pelo que sei, ela continua aberta até hoje e jamais foi curada completamente. Sendo assim, saber usar a pitada adequada de sal na sua comida, pode ser a linha divisória entre ficar saborosa ou salgada.
E, ao contrário do que muitos pensam, a demissão – assim como o divórcio – pode ser a melhor coisa que acontece na vida de um profissional demitido, de quem demite ou até de quem foi casado muito tempo.
Compartilhe suas experiências conosco! [Webinsider]
…………………………
Leia também:
- Encontre novas oportunidades para a sua carreira no LinkedIn
- Sete dicas para evoluir a sua carreira
- Sobre cenouras, burros e motivação para seguir adiante
…………………………
Acompanhe o Webinsider no Twitter e no Facebook.
Julio Cesar Santos
Julio Cesar Santos (@profi59) é professor, consultor e palestrante. Autor do livro: “Qualidade no Atendimento ao Cliente” e coautor de "Trabalho e Vida Pessoal - 50 Contos Selecionados". Blog: Profigestão.