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O Brasil alcançou a marca de 264 milhões de celulares em março de 2013, segundo a ANATEL. Do ponto de vista quantitativo, o número significa que existe mais de um celular por habitante no país. Do lado prático, o celular mudou a maneira como nos relacionamos com a tecnologia. Antes um instrumento restrito à comunicação, com o tempo os celulares passaram a reproduzir músicas, tirar fotos, enviar e-mails e acessar redes sociais. A nova fronteira que esses aparelhos começam a revolucionar é a do pagamento digital. Novas tecnologias prometem usar o celular para oferecer maior praticidade em pagamentos do dia a dia e ainda bancarizar muita gente que está de fora do sistema financeiro. Bem-vindo à Era do Pagamento Móvel.

Atualmente três em cada três brasileiros possuem celular. Mas apenas dois têm conta em banco, segundo a consultoria Plano CDE. Nos últimos cinco anos o esforço dos grandes bancos resultou na entrada de 17 milhões de pessoas no sistema financeiro. Mas a bancarização tradicional, que exige endereço fixo, comprovante de renda e emprego e fiador, chegou ao seu limite. A nova fronteira bancária prevê a utilização do celular para alcançar mais 40 milhões de clientes. São pessoas que não veem vantagem em abrir uma conta no banco e pagar tarifa de manutenção ou ter um cartão de crédito, mas que usa o celular diariamente e precisa de serviços financeiros. A pergunta que fica é: como o celular pode ajudar?

As primeiras iniciativas de utilização de pagamento móvel aconteceram na criação de ferramentas de captura de transações. Através desses dispositivos, leitores de cartão de crédito são instalados na entrada do fone de ouvido de smartphones e assim é possível realizar o pagamento, substituindo as tradicionais máquinas de cartão, conhecidas como POS. A nova tecnologia tem se mostrado bastante útil para prestadores de serviço, como taxistas, cabeleireiros, vendedores de roupas e cosméticos e até profissionais liberais. Neste mercado, diversas startups disputam uma fatia de participação.

No entanto, as possibilidades que o pagamento móvel oferece vão muito além da captura de uma transação financeira através de um cartão de crédito tradicional. Imagine o consumidor não precisar levar dinheiro ou cartão para fazer uma compra no supermercado. É nesse mercado que as grandes empresas de cartão de crédito, bancos e telefonia estão mirando para transformar seu celular em uma carteira digital. Trata-se de um mercado que movimentou 172 bilhões de dólares em todo mundo ano passado. No Brasil, este negócio ainda é uma promessa e estamos, segundo a Mastercard, no 16º lugar no ranking dos países mais bem preparados para receber o mobile payment.

Para transformar o celular em uma verdadeira carteira digital, existem três diferentes tecnologias que estão sendo usadas mundo afora. Em smartphones mais sofisticados, a tecnologia NFC é dominante. Nesse caso, um aplicativo armazena os dados do cartão de crédito do cliente no celular e este, quando fizer uma compra, aproxima o aparelho ao terminal de pagamento para efetivar a comprar. Em aparelhos mais simples, a tecnologia de SMS pode efetivar uma transação, com uma simples mensagem de texto que confirma a compra. Ainda existe a tecnologia USSD, que associa uma conta bancária virtual ao número de celular do cliente. Com ela é possível realizar pagamentos e transferências de dinheiro.

Enquanto as diferentes tecnologias coexistem e nenhuma tenha ainda se estabelecido como dominante, os bancos, empresas de telefonia e redes varejistas tentam firmar parcerias com o intuito de construir laços comerciais. Nos Estados Unidos o Starbucks fechou uma parceria com a Square, startup de pagamento digital, para receber pagamento de cartão de crédito através de smartphones e tablets. Já o Mc Donald’s, na França, fez um acordo semelhante com o Paypal. Aqui no Brasil, começam a existir alianças dos grandes bancos com as operadoras de celular, todas em fase de projeto-piloto.

Da mesma maneira que o cartão de crédito retirou o dinheiro e o cheque da carteira das pessoas, a revolução do pagamento móvel irá transformar seu celular em um banco. O que está em jogo é a garantia de segurança nas transações, praticidade nos pagamentos e integração entre os bancos e operadoras de telefonia. A empresa que conseguir equilibrar melhor essa equação sairá na frente desse jogo. [Webinsider]

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Leandro Ramos (@leandrohramos) é administrador de empresas e sócio-fundador da agência Javali Digital e da rede de indicações Indike.

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