Alguém já falou que o tempo é a nova moeda. Temos uma relação de amor e ódio com prazos.
Obrigado à preguiça atávica em berço esplêndido. Ela nos deixa mais leves, mais soltos, mais abertos, receptivos, calorosos, pacientes, compreensívos e também mais à toa na vida.
Mas a preguiça entorpece e vicia tanto que a necessidade dilui-se no vazio da existência, o senso crítico esgarça-se e a criatividade atrofia.
Só o tempo que, implacável, escorrega pela vida, é capaz de despertar da deliciosa sedução do ócio. “O prazo, a data, amanhã, amanhã, é para amanhã, e agora meu Deus?” O prazo é uma construção mental que inventamos para sacudir o torpor. Um totem sagrado da criatividade.
Mas tem gente levando isso a sério demais porque o prazo também é inimigo. Ele sacrifica a paz de espírito para hipervalorizar a produtividade. “Se você não é capaz de fazer nesse prazo, você não presta”.
Se a entrega no prazo é mais importante, para que esforçar-se, começar de novo e de novo, experimentar? O bom-senso, o santo bom-senso, sumiu atrás das agendas pessoais, da ambição medíocre e da superficialidade das referências.
Só nos resta improvisar. E tudo bem porque o critério também é improvisado. [Webinsider]
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Uma resposta
O problema com a hipervalorização do prazo é que ela induz a serviços de baixa qualidade a padronização, pois a excelência, pelos menos nas áreas criativas, deriva não só dos processos mas de certo tempo de reflexão e planejamento.
Vivemos a era aonde processos são inventados a torto e a direito para otimizar e aumentar a produtividade. Mas esquecemos que qualidade, encantamento, diferenciação são frutos de uma boa reflexão e planejamento minucioso. E estas tarefas ‘humanas’ levam tempo, muita vezes indeterminado.
Hoje o conceito de ‘fast food’ se aplicou a todos produtos e serviços do mercado, e logo nos acostumando com a um tipo de qualidade industrializada e sem sal derivada da ansiedade generalizada. Somos seres pensantes, mas a produtividade é uma característica mais próxima das máquinas e dos automatos. Então o que queremos ser (ou o que o mercado quer que sejamos): máquinas que produzem ou humanos que pensam?