Agências tradicionais distantes do consumidor online

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Uma recente matéria publicada no site BlueBus mostra em números o atraso das agências diante do novo consumidor online.

Trata-se de um pesquisa, realizada pela IBM entre 2007 e 2008, que registra de um ano para o outro o salto de 33% a 60% na proporção dos internautas entrevistados que usam redes sociais.

De 2007 a 2008 entre os entrevistados a adesão à internet móvel quase triplicou, chegando a 41%. O acesso a música e vídeo em aparelhos móveis quadruplicou, para 35%.

Contrastando com isso, 80% dos executivos de publicidade entrevistados disseram que o mercado está pelo menos cinco anos distante de uma plataforma que englobe venda, entrega, mensuração e análise da propaganda na mídia digital.

Pergunta: onde vivem esses publicitários? Na Somália?

Que o consumidor está cada vez mais na web, isso está mais do que claro, ao menos para os profissionais que trabalham com web. O problema é que para os anunciantes ? aqueles que pagam as contas – ainda não.

Para mim a declaração dos “executivos de publicidade” citados na pesquisa vem de um profissional de um tipo de empresa que não tem experiência no ambiente digital e não propõe ações em mídia interativa por quatro fatores.

  • 1. São executivos de agências tradicionais, ou seja, agências “offline” que pensam TV, rádio e jornal… como não sabem usar bem a internet como mídia, é melhor falar que não dá resultados – “quanto menos trabalho, melhor”.
  • 2. A internet está tomando audiência das mídias tradicionais; sendo assim, o futuro é que parte da verba de propaganda migre para a internet. Essas agências tendem a perder participação na verba do cliente. E quem quer perder dinheiro?
  • 3. Os anunciantes têm medo de investir na web, têm medo de não obter resultado e com isso perderem seus empregos. Somando esse medo dos anunciantes ao medo das agências em perder verba, é sempre melhor que o diretor de mídia aplique o dinheiro no Jornal Nacional do que na home do Yahoo! O Jornal Nacional já é feito há mais de 30 anos, dá resultado, para que mudar? Em time que está ganhando não se mexe…
  • 4. Agências vivem de bonificação por volume (BV). 95% da renda das agências vem dos 20% sobre a mídia. Anunciar na internet é mais barato, sendo assim, o BV da web é menor que da TV, logo, é melhor ganhar um BV sobre os 300 mil investidos nos 30 segundos do Jornal Nacional, do que sobre os 30 mil investidos em um banner na home do Yahoo! Melhor ganhar 20% sobre a produção de um comercial que custe 500 mil reais do que de um banner que custa 2 mil.

Não que as agências estejam atrasadas em relação ao consumidor digital, pois aqui no Brasil temos trabalhos fantásticos de AgênciaClick, iThink, CappuccinoDigital, A1 Brasil, Tribal, Tribo Interactive e AG2, entre outras agências. (Eu percebo que o profissional de planejamento estratégico digital ainda é pouco valorizado no Brasil, mesmo com cases fantásticos na web e em mobile também. Mas essa é outra história.)

O que eu penso dessa pesquisa da IBM é que a internet é a pedra no sapato das agências tradicionais e pode ser um grande divisor de águas na carreira de um executivo de marketing, que pode ser promovido ou demitido dependendo do quanto ele defende internet como ponto de contato.

Tomar coragem como a Pirelli em 2006, que fez pela A1 Brasil uma campanha 100% digital é difícil.

A Pirelli vendeu 30% a mais de pneus acima da meta principal em dois meses e teve um faturamento bruto cinco vezes maior do que o investido na campanha. Participei dela como um dos planners e recebi um telefonema do presidente da Pirelli no Brasil, interessado em saber mais sobre web porque ele mesmo não acreditava. A ação foi feita na web, usando a mídia tradicional da web e novas mídias (redes sociais, YouTube, MSN, e-mail, e-mail marketing…).

Anunciantes, acordem para essa realidade! Se a sua agência só pensa em Rede Globo ou Veja é porque deseja ganhar dinheiro com você e mantê-lo na casa. Ter medo de ousar é não saber se comunicar.

As pessoas estão na internet, por que você não está? [Webinsider]

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Avatar de Felipe Morais

Felipe Morais é diretor da FM Consultoria em Planejamento. Coordenador do MBA de Marketing Digital e do MBA de Gestão de Ecommerce da Impacta. Autor do livro Planejamento Estratégico Digital (Ed. Saraiva).

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18 respostas

  1. Pois é André.
    Infelizmente as agencias e empresas ainda tratam web como eu preciso estar mas NÃO SABEM ESTAR.
    Em meu livro eu abordo muito isso.
    Obrigado pelo recado.

    Abraços

  2. Felipe,

    Como você pode ter reparado na minha apresentação de webmarketing, na parte da espiral há uma elipse marcando propaganda interna.

    Aqui no mercado do interior eu posso afirmar que a situação é bem pior, pois além de acharem que internet é apenas banner. Eles acham que esse banner não deve ter custo de veiculação e coloca-os no seu próprio website.

    Resultado = 0, a principal função de um banner é comunicar seu serviço/produto em outros sites para captar clientes à partir de sua navegação.

    Aqui se trabalha com o foco na produção de peças, não há trabalho para estratégias e webmarketing. Me especializei nessa área, mas para trabalhar por aqui tive que regredir e voltar à produção de banners, emails, websites…

    É uma realidade triste, mas nunca desistiremos de mudá-la.

  3. O futuro da comunicação passa cada vez mais pela interacção em detrimento da publicidade tradicional em que o cliente se limita a receber um estímulo.

    Parece-me que o E-goi pode ser uma ferramenta útil para interagir com o público-alvo de forma eficaz, o que leva a marca a ficar no TOP of Mind do consumidor!

    A plataforma, disponível on-line, sem recurso à instalação de qualquer tipo de software tem actualizações constantes de notícias da área de negócio, particularmente e-mail marketing e mobile marketing. E o blog parece-me conter informações sobre funcionalidades técnicas.

    Ficam aqui os links para a secção notícias e blogs:

    Notícias

    Blog:
    Blog

  4. Ike.
    Esses cafés da Unica são bons. Mesmo tendo amizade com o Élcio ele nunca me chamou, sacanagem!!!

    O problema da web é que os clientes ainda acham que web = banner, logo não tem novidade, ousadia ou interação.

    Se as pessoas usam mais Redes Sociais do que e-mail, é porque elas querem ouvir e falar!!! Será que é dificil perceber isso?

    Abs

  5. Paulo.
    Quem sabe essa tendência da Inglaterra já não esteja acontecendo no Brasil, mas o monopólio da Globo não deixa que isso chegue ao mercado???

    Na minha casa, por exemplo, na hora da novela eu estou na web e minha esposa lendo…

    Abs

  6. Fábio.
    Esse livro é fantástico. Não li ainda, mas vi alguns trechos. Assim que eu acabar de ler A Busca lerei esse.

    Web é interação.
    Enquanto as empresas pensarem que web é banner, nunca vai dar resultado mesmo! É preciso INOVAR!

    Abs

  7. Leonardo.
    As agências sabem que as pessoas estão indo para a web, mas não querem investir pq o retorno delas é muito baixo.

    Os clientes tem medo, pq sabem que para dar resultado na web, tem que comprar milhares de impresões, pois eles ainda acham que internet é banner!!

    Quando os clientes se conscientizarem de que web é MUITO MAIS QUE BANNER, quem sabe os investimentos aumentam?

  8. Felipe,

    Boa noite.

    Primeiramente, parabéns pelo excelente artigo.

    Acho que sem dúvida alguma você está certo, sobretudo, quando quantificamos (não é equitativo) a verba on com offline. Tudo ainda é ínfimo, mas com o tempo isso se reverterá.

    Participei de um café da Aunica e também foi debatido esse assunto. Fico feliz que você tenha feita um artigo para elucidar ainda mais esse mote.

    Sucesso e novamente, parabéns pelo artigo.

    Forte abraço, Ike Linhares

  9. Muito bom o artigo. Parabéns!

    Internet é mídia do futuro… Na Inglaterra o investimento em internet superou as outras mídias. E no Brasil há mais pessoas navegando do que vendo a novela das 18.

  10. Olá,
    Muito legal a sua interpretação.
    Concordo plenamente com o seu ponto de vista.

    Acho que essa cultura vai partir das empresas (clientes).

    Li no Wikinomics: Colabore ou morra! O processo de produção por meio de colaboração em rede vai trazer as empresas para essa nova realidade por outros motivos que não a publicidade.

    É bom que as agências e profissionais estejam preparados.

    Abraço.

    @fabiosan

  11. Show de bola o post!
    Isso me faz questionar: por que as pessoas estão na internet ou indo para ela? Os anunciantes e agências não consideram esse questionamento?

    Me parece um medo desnecessário por parte dos anunciantes, pois se todos sabem que a internet é um caminho sem volta e de que nela é possível saber onde exatamente as pessoas estão se divertindo ou se informando, não consigo encontrar uma resposta para algum medo.

  12. Ótimo artigo, a idéia é questionar mesmo, pois a realidade é uma e alguns insistem em esconder.

    A verdade é que agência tradicional não sabe trabalhar com web, pois são focados em fazer propaganda.

    Propaganda é uma coisa, interatividade é outra, mas lógico que elas podem se completar.

  13. Simplesmente fantástico seu post.

    Uma visão realista e coerente sobre a verdade dos fatos.

    Está claro que todas mídias são importantes. O que não se pode fazer é ignorar a mídia digital.

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