Muitos são os benefícios de se ter uma empresa de tecnologia. Um deles é o tal do home office. Há muito tempo planejei ficar em um local gerenciando uma equipe que não estivesse próxima a mim, fisicamente. Imaginei que adultos centrados e responsáveis seriam plenamente capazes de executar suas tarefas e gerenciar seu próprio tempo. Básico. De forma alguma me imaginei como a “professorinha” da escola fiscalizando se a sala fez o dever.

Assim que tive a oportunidade, comecei a contratar pessoas vindas de outras empresas, algumas de gigantes do mercado de TI e claro, bem recomendadas.

Imagine a surpresa quando em poucos meses descobri o quão “furado” era esse regime, ele simplesmente não se aplicava à minha equipe e para o que eu havia me proposto a realizar.

Na teoria uma maravilha, já na prática…

Era para ter funcionado bem, levando em consideração as premissas iniciais que eu havia adotado. Eu me coloquei como padrão: meus horários são rígidos e entre trabalhar menos e trabalhar o suficiente, sempre acabo trabalhando é muito, autodisciplina sempre foi imperativo.

Não imaginava que todos os profissionais teriam uma dedicação igual a minha, mas também nunca pensei que as linhas de código seriam deixadas incompletas por aqueles que não têm a menor ideia de como fazer gerenciamento do tempo.

Quando se tem pessoas trabalhando em home office, é necessário medir o que é entregue da forma como avaliaria se estivessem trabalhando em um escritório tradicional. A diferença aqui é: as ferramentas que você usa para essas medições são duas: metas e horário de trabalho fixo.

Não confunda liberdade com libertinagem

Ao final de um ciclo de desenvolvimento, você tem que ter ou um funcionário cumprindo horário e mostrando trabalho ou atingindo as metas. O que eu fazia, era definir metas em conjunto com o time e também individualmente. Caso as metas não fossem atingidas, eles poderiam ser cobrados tendo em vista que as metas foram estabelecidas em comum acordo.

O que ocorria: muitas vezes os prazos não eram cumpridos e os integrantes da equipe que estavam trabalhando corretamente ficavam amarrados por aqueles que não estavam (pois seu trabalho dependia do grupo).

E foi aí que a ideia de uma professora do primário passando de mesa em mesa me veio à mente. Não acreditei quando percebi que teria que fazer isso com adultos. Pior de tudo: teria que deixar de vender, exercer atividades operacionais para literalmente fiscalizar um ou dois que estavam colocando todo um processo em risco.

Surgia aí o vilão do micro gerenciamento, que tantos devs odeiam. E ele de fato não existiria se a comunicação interna fosse boa e se existisse um mínimo de disciplina. O micro gerenciamento é desgastante tanto para quem o faz quanto para aquele que é gerenciado. E o tempo mais caro do time, é o seu, que vale muito mais do que o do gerenciado.

Para evitar tragédias

Se você tem uma equipe home office, deve se certificar que seus componentes conversam entre si, mesmo que não se amem profundamente. Indisciplina e falta de comunicação juntas constituem uma fórmula potente para tragédias.

Quando se adota o trabalho remoto, é necessário garantir: aqueles que fazem parte da equipe precisam ter condições de cumprir o comprometido. No meu caso, tive o desempenho de excelentes colaboradores prejudicado pelo efeito em cadeia que alguns produziam.

Não se engane, não são todos que conseguem trabalhar nesse regime. Pondere, deixe de lado a ideia se necessário. O próprio Yahoo aboliu o home office. Conheça os diferentes perfis dentro do seu time e não leve apenas em consideração a resposta à pergunta:

Você consegue trabalhar em home office?

Muitas vezes os colaboradores não fazem ideia do quão são indisciplinados e desregrados.

A existência de diferentes tipos de perfis em um time, mesmo que a atitude de alguns deles seja completamente non sense para você, faz com que o ambiente seja heterogêneo e que coisas incríveis surjam.

A comunicação sim deve ser uniforme e os colaboradores devem seguir regras, independente de estarmos falando de startups ou empresas estabelecidas, de geek ou de hipster. [Webinsider]

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Patrícia Guedes

Patrícia Guedes é graduada em Física (UFSCAR) e fundadora da plataforma de compartilhamento de conhecimento Sabixão.