Não é de hoje que o “boom” tecnológico tomou conta da vida do ser humano. Nos últimos anos, este fenômeno cresceu em progressão geométrica e transformou as relações sociais de tal forma, que não fazemos a menor ideia do que esperar para as próximas décadas.
Porém, alguns fatores podem explicar essa transição em nossos relacionamentos: aumento de capital do consumidor, inovação, busca pelo pseudoconhecimento (consultamos mais do que estudamos), status, autoafirmação dentro dos grupos sociais, entre outros. Sabemos também que é fundamental viver vinculados, todavia, até que ponto este novo formato de relacionamento pode afetar aqueles que estão próximos de nós?
Por curiosidade, optei em um dia desses por deixar o carro próximo a uma estação de metrô e utilizar este transporte público para validar essa minha percepção. Para minha “surpresa”, presenciei uma cena interessantíssima: um casal de namorados que, ao invés de conversar, trocavam cada um em seu respectivo smartphone, mensagens com os amigos, sem ao menos, um olhar no rosto do outro.
Ora, estamos ficando ou já somos verdadeiros prisioneiros digitais?
As redes sociais aproximam daqueles que estão longe, porém afastam os que estão ao nosso lado. Trocamos os livros pelos aparelhos, trocamos o diálogo pelo monólogo digital, teclamos e não conversamos.
Sejam em shoppings, restaurantes, bares ou ônibus, lá estamos com nossos aparatos tecnológicos prontos para conectar com mundo. Pierre Levy estava certo quando afirmou que “os aparatos se tornariam extensões do nosso corpo”.
Ah, por falar nisso, eu escrevi este artigo durante meu trajeto até o médico. E detalhe: só abri a boca para comprar os bilhetes da viagem. Contudo, até que ponto isso é bom? Será que não está na hora de nos reeducarmos?
Alguns bares e restaurantes já adotam essa prática. Entretanto, seria importante uma reeducação na utilização de tais tecnologias para se evitar o distanciamento daqueles que estão próximos de nós e transformar tais aparatos eletrônicos em verdadeiras “algemas” digitais. É normal, mas devemos refletir. [Webinsider]
…………………………
Leia também:
- Reflexões (ir)reais de um mundo virtual
- Quando a nossa existência depende de cliques
- Por uma vida digital mais equilibrada para as crianças
…………………………
Conte com o Webinsider para seu projeto de comunicação e conteúdo
>>> Veja como atuamos.
Rafael Souza Coelho
Rafael Souza Coelho (rafaelcoelho.consultor@gmail.com) é consultor e professor universitário.
Uma resposta
Rafael, acho difícil dizer que é bom ou ruim, mas com certeza traz mudanças ao comportamento humano do século 20. Mas se compararmos com outros fatores, a internet não é a primeira a remexer os padrões.
A popularização da escrita e dos jornais, depois a chegada da TV…
Somos dependentes de muitas outras ferramentas, só que agora se potencializa (ou se concentra) em apenas um widget. 🙂