A publicidade tradicional, principalmente aquela criada para os veículos de massa, desenvolve-se a partir do conceito da “big idea”.
Na prática é a sacadinha que o diretor de criação ou redator estagiário tiveram durante um momento de reflexão.
Pois é, durante muito tempo a procura por esta sacadinha pautou o desenvolvimento e o estudo publicitário. Desde os anos 60 o publicitário busca desenvolver “conceitos” capazes de render prêmios e glória.
Não discordo, pois para o modelo de mídia de massa, a big idea é mesmo uma boa solução. Se você tem 30s para impactar um consumidor, apenas uma boa ideia pode fazer isto para você. Imagine um outdoor, panfleto e rádio? O tempo é curto e o impacto é necessário.
Mas tudo no mundo muda (ainda bem)… De uma época onde os espaços para comunicação de empresas eram poucos e negociados a um alto valor, passamos para uma nova realidade em que qualquer um ganha seu espaço, cria seu twitter (me add @raphaelac) e com poucos recursos consegue maior visualização do que muito horário nobre de televisão.
A quantidade de informação gerada é gigantesca e os consumidores que antes achavam a big idea até legalzinha começam a anulá-la, pois é apenas mais uma informação, que na maioria das vezes não vai trazer benefício nenhum para quem escuta.
Saturado de tantas informações, o consumidor fica mais seletivo e sai à procura de algo que realmente atenda seu perfil, largando o produto massificado que os meios de massa fabricam.
Alguns defensores da big idea, não entendendo que a mudança é mais profunda, usam um modelo de comunicação integrada, que pega determinada ideia e a repete em diversos canais.
A repetição continua não gerando resultados, pois se o usuário anula na TV a informação, na internet ela também será anulada. Não adianta encontrar mais canais para disseminar a big idea, quando na realidade o problema é ela. E agora, o que se faz?
A dupla big idea + mídia relevante perde espaço para algo bem mais simples, a ?estória relevante?. Para ter a atenção do consumidor neste novo espaço é preciso contar uma estória que tenha importância na vida daquela pessoa. A rede trouxe uma grande mudança para nossa sociedade; ao contrário do que muitos pensam, a internet não é um ambiente de tecnologia, mas sim um ambiente de pessoas.
Pessoas gostam de estórias e de compartilha-las. Os itens mais utilizados na internet são redes sociais, e-mail e messengers e isto não é à toa.
No tempo e espaço limitado das mídias de massa é impossível compartilhar algo, por isto algumas agências usam um novo modelo de integração, onde cada espaço conta um pedaço da estória. A mensagem que antes era finita, em determinado espaço, passa a desencadear um movimento do consumidor em direção a outros espaços, onde a estória vai se desenrolando.
Coloque na sua estratégia um VT de televisão e um hot site, mas não repita a mensagem e não coloque o vídeo do VT no hotsite, pois ninguém quer ver a informação duas vezes. Crie dois ambientes que se complementem, mas que ao mesmo tempo não tenham nada parecido. [Webinsider]
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Raphael Lacerda
Raphael Lacerda (raphael@mercadobinario.com.br) é sócio na empresa Mercado Binário, agência de automação e leads de venda
3 respostas
Muito legal essa relfexão. Lembrei-me dos vasos comunicantes. Ou mesmo das bonequinhas russas: uma contém outra e outra e outra. Parabéns pelo texto.
Obrigado pelo comentário.A internet mudou a propaganda e esta tendência foi confirmada em Cannes09.
Belo texto!
Web é mto mais que replicar msgs! É relacionamento com pessoas!