Revisionismo cinematográfico no home video

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“Revisionismo” é o tipo da palavra que pode ter uma conotação política e social forte e negativa, mas também se refere a mudanças, nem sempre negativas, ao longo do tempo. O “revisionismo”, com este último sentido, vem sendo sistematicamente praticado nas edições em home video de filmes de cinema, apesar de alguns protestos de fãs mais radicalmente ligados aos respectivos originais.

De fato, revisionismo nem sempre é uma coisa ruim. Nas publicações científicas, por exemplo, é absolutamente normal se fazer pilhas de revisões nos textos e até mesmo no processamento dos dados colhidos no laboratório. E nos casos de textos que serão submetidos a algum tipo de crítica ou julgamento, como nas defesas de teses de mestrado ou doutorado, as revisões são ainda mais severas e drásticas, páginas inteiras são cortadas, e longos trechos re-escritos, sempre na expectativa de diminuir a vulnerabilidade do manuscrito às críticas negativas.

No cinema, a revisão de imagem, roteiro ou trilha sonora, eu nunca vi acontecer na época do chamado ?studio system? ou mesmo após o fim do mesmo. A única coisa que aconteceu naquela época foi a re-copiagem de um determinado filme para um formato diferente, como foi o caso, por exemplo, das versões em 70 mm de filmes como “O Vento Levou”, “Sete Noivas Para Sete Irmãos”, ou”?Os Dez Mandamentos”. Em nenhuma dessas transformações, o original passou impune.

No início do home video (videodisco e videocassete), a maioria dos estúdios se limitou a adaptar seus filmes para os formatos da época. Foi assim, por exemplo, que nasceu o famigerado “pan & scan”, que consistia na varredura do fotograma widescreen, para a esquerda ou para a direita, de maneira a manter a imagem do vídeo em 4:3. Neste processo, a imagem original do filme é completamente arruinada, enquadramentos e composições das tomadas de câmera permanentemente destruídas. Nada disso, entretanto, representa revisionismo.

As razões para a revisão cinematográfica

Embora o ato de revisar filmes já tenha deixado uma significativa legião de fãs furiosa com os cineastas, o fato é que o cinema foi um dos meios de comunicação e arte que mais sofreu mudanças com a introdução do computador nos métodos de produção, e isso iria deixar marcas, invariavelmente, na cabeça de vários cineastas que sentiram que poderiam ter feito melhor, se recursos desta natureza estivessem disponíveis, na época em que seus filmes foram produzidos.

O ato de revisar filmes, apesar dos protestos dos fãs, deveria ser encarado como uma atitude perfeitamente natural, que é típica das pessoas que pensam no que fazem, e que não precisam ser necessariamente perfeccionistas. A sensação de poder ter feito diferente ou até melhor é resultado intrínseco do processo de criação: nem sempre se consegue fazer direito na primeira vez! E não admitir isso seria, no meu entender, um ato de tamanha arrogância e cabotinismo, que nenhum bom cineasta que se preze se permitiria a isso.

A revisão da obra acabada é frequentemente um reconhecimento por parte do criador que ela não é perfeita. Na revisão, ele se propõe a melhorar e tentar diminuir as falhas, e mesmo que ele não consiga, ainda assim nenhum de seus fãs ou críticos teria direito de censurá-lo, porque, assim o fazendo, não se admite que esta é uma prerrogativa de qualquer ser humano, de ter a sua liberdade de expressão e individualidade assegurada por qualquer sistema que se diga democrático.

No caso de qualquer arte, a censura ao criador, mesmo que pareça inócua, é prática condenável, a não ser que ela represente uma ameaça concreta ao bem estar e à ordem da sociedade, coisa que raramente acontece. E no ato de censura eu incluo um discurso que eu pessoalmente considero hipócrita, que é o da correção política, praticado com freqüência no corte recente de desenhos animados americanos das décadas de 1930, 40 e 50.

O formato de home video tem sido particularmente atraente para o processo revisionista, porque a possibilidade de edição do conteúdo é teoricamente ilimitada. Em home video, mesmo que o cineasta decida não incluir novas cenas, ainda sim ele pode separar cenas previamente cortadas, para a apreciação do fã ou do estudioso de cinema.

A natureza das modificações

A maioria das alterações feitas que eu já vi estão incluídas em duas categorias principais: a primeira, referente à re-inclusão de cenas excluídas quando o filme foi lançado nos cinemas, às vezes chamada de “versão do diretor”; a segunda, na retirada de efeitos especiais arcaicos, e inclusão desses mesmos efeitos, aperfeiçoados com o uso de programas mais novos de computação gráfica (caso de Star Wars IV, V e VI).

Cineastas muitas vezes cortam certas cenas, parcial ou totalmente, por acharem que elas ou não contribuem para o desenrolar da estória, ou porque elas diminuem o ritmo do filme. Note o leitor que ?ritmo? se refere à cadência da montagem, obtida na sala de edição. Cenas que, por qualquer motivo, diminuem desnecessariamente o ritmo do filme são cortadas a critério do diretor. A montagem é um processo crucial na fase de pós-produção de qualquer filme: quando bem feita pode salvar o filme, e se mal feita, pode arruiná-lo.

Neste ponto, eu acho curioso que, dependendo das circunstâncias, muitos diretores de cinema revisam suas posições quanto a cenas cortadas por redundância de narrativa. Em alguns casos, eles acabam achando que explicar um pouco mais sobre o desenvolvimento da estória não se revela tão insultuoso ao espectador mais perceptivo, e aí a cena volta ao filme.

Em outras circunstâncias, o filme é exibido para uma platéia de teste e depois remontado na sala de edição (ou até re-filmado). E, tempos depois, chega-se à conclusão de que as platéias atuais poderiam ter uma receptividade diferente da anterior, o que per se justifica uma nova versão em home video.

O “corte do diretor”, via-de-regra, é o mesmo filme com cenas que tinham sido retiradas por motivos deste tipo, e cuja exclusão não foi totalmente do agrado do diretor ou do roteirista, à época do lançamento nos cinemas. Portanto, esta versão é diferente daquela apresentada na distribuição aos exibidores, geralmente mais longa, e acaba por ser incluída eventualmente, em alguma edição de home video.

Quando o exagero toma conta dos estúdios

Senhor dos Anéis é uma trilogia exageradamente longa já no corte apresentado no cinema. Isso não impediu o cineasta de aumentar mais ainda o filme, e lançar uma segunda versão em DVD, que, segundo alguns, é melhor do que anterior. Para quem acha a trilogia cansativa, a versão estendida fica próxima do intolerável. Mas, se o cineasta decide fazer uma coisa dessas, é porque ele tem certeza da receptividade do seu trabalho, e assim quem compra a versão de cinema e não ficou satisfeito, a versão estendida se torna uma boa opção.

O caso esdrúxulo de “Terminator 2: Judgment Day”?

O Exterminador do Futuro 2 teve tantas edições em home video que eu perdi a conta. Só em DVD ela teve umas três, e em Blu-Ray ela acaba de ter a segunda, acreditem se quiser, com significativa melhora de áudio e vídeo.

O filme foi originalmente produzido pela Carolco, produtora que fechou as portas há algum tempo. Passou nas mãos de estúdios como Live Entertainment, Artisan e Lionsgate, em versões das mais variadas. Além disso, tornou-se disponível em formato VC-1, numa versão somente possível de ser tocada num microcomputador, debaixo de DRM da Microsoft. Desnecessário dizer que não deu certo.

Rodado em super 35 mm, como outras obras de James Cameron, Terminator 2 faturou uma nota na bilheteria, e é um desses raros casos onde a segunda parte consegue ser melhor do que a primeira, sem no entanto apresentar grandes novidades.

No cinema, o filme foi distribuído em cópias de 70 mm e 6 canais de áudio (surround mono), e em 35 mm e áudio Dolby Spectral Recording (Dolby SR©). Em algumas das cópias de 35 e 70 mm a trilha analógica foi retirada e no lugar dela foi inserida uma trilha 5.1, no formato Cinema Digital Sound (CDS), que foi posteriormente substituído pelo Dolby Digital 5.1, no ano seguinte.

Em home video, o filme foi apresentado com trilha Dolby ProLogic, de 4 canais e na sua primeira versão em DVD, essa mesma trilha foi transformada em Dolby 5.1, iludindo assim muita gente, que pensava que a trilha tinha sido remixada. Na segunda versão em DVD, uma nova trilha 5.1 foi inserida, mas desta vez com separação nos canais traseiros. E esta trilha continuou a ser usada até a primeira versão em Blu-Ray, já no formato Dolby Digital 5.1 EX (6.1 matricial).

Na segunda versão em Blu-Ray, lançada recentemente com o nome de Skynet Edition, a trilha sonora foi mais uma vez modificada, re-mixada, com resultados surpreendentes, para espanto de quem ouve. E, se isso não bastasse, a Lionsgate colocou a trilha no formato DTS-HD MA, liberando assim para o usuário a qualidade original do som do estúdio. O resultado é excepcional! E isso, é claro, serviu ainda mais para justificar a correção de um erro óbvio: o primeiro Blu-Ray tem vícios de autoração na imagem injustificáveis!

Na Skynet Edition, Terminator 2 tem uma imagem simplesmente impecável. Isso, porém, não poupou a Lionsgate de receber críticas pela Internet, de pessoas reclamando sobre o uso de redução de ruído para tirar a granulação original da fotografia. Embora tal fato não justifique qualquer retificação significativa do trabalho como um todo, eu sou um que não ficaria surpreso se a Lionsgate usasse essas críticas como desculpa para mais uma edição!

Os exageros não param por aí: a Skynet Edition contém nada menos do que três versões do filme: a versão do cinema, a versão do diretor e a versão estendida. Para chegar nesta última, o usuário é obrigado a conhecer a data do “Julgamento Final”, que é 29 de agosto de 1997. De posse da data, ele entra com o código “82977” (sem as aspas), que corresponde à notação, em inglês americano, de August 29th 1977. O código não aparece na tela, mas depois de digitado, a opção da versão aparece no sub-menu de escolha do filme.

A Skynet Edition tem tanta programação no disco, que alguns leitores de Blu-Ray só conseguem reproduzi-lo depois de atualizados. O disco leva vários minutos para rodar os programas nele contidos. A sensação que se tem é que o filme não vai rodar. Até a detecção de rede o disco faz, mas no final toca. Se você é tipo da pessoa que não se interessa por games ou em baixar arquivos da Internet, este tipo de recurso é quase inútil.

Com o som, o trauma da revisão é bem menor

O áudio é um recurso em constante evolução. Negar que esta evolução possa beneficiar as trilhas sonoras de filmes é uma atitude para lá de temerária. Mas, com o advento do DVD, qualquer idiossincrasia entre o público consumidor e os estúdios, foi permanentemente resolvida: a trilha sonora de qualquer disco pode ser trocada “on the fly”, a não ser que a autoração do disco impeça (censura de chaves). E com o isso, se o usuário não estiver satisfeito com uma determinada trilha, um botão do remoto o permitirá trocá-la, sem que o filme seja sequer interrompido. Os estúdios aprenderam cedo a manter as trilhas originais dos filmes, junto das remixadas, de modo a respeitar a vontade de alguns usuários.

Acontece que durante um largo período da década de 1960 e 1970, a produção de cinema jogou para o alto a possibilidade de trabalhar com trilhas estereofônicas, e isso somente mudou quando George Lucas, a Fox e os estúdios Dolby Labs resolveram a questão da mixagem em banda ótica, ao introduzir o formato Dolby MP©, ou Dolby Stereo, que é o nome comercial do som Dolby analógico ótico, de 4 canais matriciais, derivado de 2 canais discretos, para cinema.

Essa mudança foi importante, na cultura da produção de filmes. Através dela, as mixagens em estúdio passaram a explorar mais os efeitos sonoros nos canais traseiros, o que a gente chama hoje de surround sound (“o som que nos cerca”). E o mais importante, no caso, é que esta trilha está contida em apenas dois canais de áudio.

Como o processamento é matricial, esses dois canais não são apenas os canais esquerdo e direito, eles são, na realidade, canal esquerdo total (Left total – Lt, ou esquerdo mais central mais surround) e canal direito total (Right total – Rt, ou direito mais central mais surround).

Esses quatro canais, na forma de dois, passam integralmente de uma mídia para outra. E foi assim que os primeiros filmes em vídeo, com trilha Dolby Stereo, puderam ser totalmente aproveitados nas instalações domésticas. Para alcançar este objetivo foi suficiente adicionar um decodificador adequado. O primeiro desses decodificadores era passivo, e chamado de Dolby Surround. Mas na segunda versão, com o aperfeiçoamento dos circuitos integrados, o sinal é decodificado por um circuito ativo e de maior precisão, chamado então de Dolby ProLogic.

Nos primeiros home theaters, os decodificadores Dolby ProLogic foram o principal avanço. Mas, somente trilhas codificadas neste formato poderiam ser aproveitadas completamente. Com o avanço das codificações AC-3, o formato Dolby Digital passou a contemplar 5.1 canais de áudio, totalmente compatíveis com Dolby Stereo, ou até com trilhas em processos estereofônicos mais antigos, 3.0, 4.0 (CinemaScope), ou 5.0 (Todd-AO), sem falar em mono.

Aceitar modificações ou revisões é uma prerrogativa de cada um

Hoje em dia, não faz mais sentido qualquer estúdio gastar rios de dinheiro com restauração ou preservação (digital ou analógica) sem aproveitar os benefícios que apresentam.

Os formatos atuais de home video permitam uma aplicação mais do que adequada para veicular tais transformações. E enquanto melhoramentos na parte de imagem são indiscutivelmente do agrado de qualquer aficionado, o mesmo não se pode dizer de outros fatores, como as mixagens de áudio ou a modificações das chamadas versões de cinema.

A aceitação de qualquer modificação ou melhoramento dos originais fica a critério de quem usa o cinema na forma de um produto de consumo. Infelizmente, em alguns casos, os estúdios não se sensibilizam para tornar versões originais disponíveis em vídeo, como é o caso dos três episódios da trilogia antiga de Star Wars.

Existe, no entanto, um método, de relativo pouco uso em DVD, chamado de “seamless branching”, que permite pular para uma cena e voltar para outra, por escolha do usuário.

Em DVD, o método é um pouco lento, e trava algumas vezes a leitura, mas em Blu-Ray ele é rápido o suficiente, para se tornar transparente ao usuário. E será com ele que várias versões de um mesmo filme poderão estar contidas em apenas um único disco. Deste modo, estúdio algum poderá se negar, a não ser que o queira propositalmente, em fornecer a versão original e as modificadas e revisadas, ao seu usuário. [Webinsider]

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Avatar de Paulo Roberto Elias

Paulo Roberto Elias é professor e pesquisador em ciências da saúde, Mestre em Ciência (M.Sc.) pelo Departamento de Bioquímica, do Instituto de Química da UFRJ, e Ph.D. em Bioquímica, pela Cardiff University, no Reino Unido.

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7 respostas

  1. Será então devido ao revisionismo que achei estranho o dvd Quando explode a vingança, que comprei com tamanha sede de saudade gostosa de um filme tão emocionante pela trama e trilha sonora. Ainda bem que a trilha sonora não teve revisionismo. Seria ótimo se os dvds fossem construídos dos originais somente, e, se quizessem, os diretores ou outros interessados gravariam seus extras sempre à parte. De agora por diante vou prestar atenção neste detalhe do revisionismo. VALEU!.

  2. Para quem ainda não leu: http://www.blu-ray.com/news/?id=3274. notícia que diz que o bom filme policial de Michael Mann Heat vem em versão modificada em Blu-Ray. E para quem ainda não viu, o filme conta com uma cena confrontando os atores Al Pacino e Robert De Niro, com o primeiro dando uma aula de composição de personagem. Vale a pena ver!

  3. Prezado Antonio Ricardo,

    Seu convite me envaidece, e eu pretendo guardá-lo com todo o carinho. Infelizmente, eu não tenho tido tempo de dar conta de todos os meus afazeres, motivo pelo qual não posso aceitá-lo neste momento. Inclusive esta também foi a razão pela qual eu resolvi desativar o meu site pessoal, deixando assim vários ensaios de cinema sem qualquer destino.

    É possível, segundo consulta que fiz ao Vicente Tardin, editor do Webinsider, que você publique os textos destas colunas no seu blog, desde que você cite a fonte e coloque um link para a mesma.

    Eu vi que o seu blog cobre salas de cinema de São Paulo, e eu te confesso a minha admiração por este teu esforço, porque, entre outras coisas, eu tentei fazer um levantamento sobre as salas do Rio de Janeiro fechadas, sem nenhum sucesso.

    Até por causa do seu trabalho, eu gostaria de te passar informações a respeito do cinema do meu tio, irmão do meu pai, que morava em Cajuru (cidade perto de Ribeirão Preto): trata-se do Cine Theatro Yara. O cinema era equipado com um par de projetores RCA, com leitura ótica, e lentes para plano e CinemaScope. A sala foi fechada com o falecimento deste meu tio, mas segundo a minha prima, o prédio ainda está intacto. Aliás, eu pedi a essa minha prima que me mandasse fotos, se ela achar alguma, e se eu conseguir alguma coisa eu te mando por e-mail, ok?

    Abraços do
    Paulo Roberto Elias.

  4. Olá Paulo Roberto
    Parabéns pelos textos !
    Principalmente os textos sobre 70mm., Cinerama, Cinemascope, etc.
    Gostaria que você e seus leitores conhecessem os meus blogs:
    http://salasdecinemadesp.blogspot.com
    http://salasdecinemadesp2.blogspot.com
    Gostaria de lhe fazer um convite.
    Gostaria que você fosse um colaborador dos meus blogs, isto é, escrevesse textos sobre o 70mm., Cinemascope, Cinerama, mostrando a diferença entre eles ou textos falando sobre as salas de cinema.
    Seria uma honra tê-lo como colaborador.
    Muito obrigado pela atenção.

  5. Oi, Celso,

    Antes de mais nada, vou te passar um macête: depois de digital o seu comentário, tecle control + A (seleciona o texto todo) e depois control + C (copia o texto selecionado). Depois clique em enviar. Se o site falhar no envio, volte à página anterior, coloque o cursor de novo na área do texto e tecle control + V. O texto volta e depois você envia de novo. Um detalhe, caso você não tenha familiaridade com computadores: teclar control + A e teclar control, mantê-la pressionada e depois teclar a letra A, ok?

    Bem, vamos ao assunto:

    Eu concordo contigo, e realmente prefiro a projeção com película no lugar da digital.

    As pessoas se esquecem que o grande objetivo das telas de TV sempre foi o de proporcionar a quem vê uma qualidade chamada de film like, ou seja, mais próxima do filme de cinema possível. Na verdade, a construção das telas de TV sempre obedeceram aos padrões do fotograma de cinema, primeiro 4:3 (1.33:1) e agora 16:9 (1.77:1).

    Infelizmente, o espaço aqui é pequeno e esta discussão vai longe, mas basta dizer que o fotograma 35mm é a base na qual a imagem de vídeo de alta definição se espelha.

    Agora, o método de filmagem é outro assunto. As câmeras digitais tem captura de milhões de pixels, e são muito precisas. Mesmo o filme de cinema convencional é editado em ambiente digital. Mas, na hora da distribuição, ele é transformado no que se chama de digital intermediate, do qual são derivados vários formatos, inclusive as cópias que chegam aos cinemas.

    E termino dizendo que mesmo que a projeção digital fosse melhor (pode ser, para os olhos de muitos), ela não tem o mesmo apelo do que a projeção de película. Para ver imagem digital, de boa qualidade, eu não preciso nem ir ao cinema, concordas? Basta ter uma tela 1080p e um Blu-Ray player.

  6. Olá Paulo,
    Tenho tentado mandar alguns comentários, mas, na hora de digitar enviar, simplesmente desaparecem.
    Contudo, vamos lá uma vez mais:
    Gostei do artigo acima. Tenho uma cópia do Terminator 2 Blu-Ray com trilha em DTS e é ótimo.
    Gostaria de falar um pouco em cinema, abordando película e digital. Em S.Paulo, capital, contamos com dezenas de salas equipadas com projetores digitais exibindo principalmente filmes em 3D que segundo alguns será o futuro do cinema, ou seja, a película será aposentada. Quem já viu como eu pode observar que o digital não possui a mesma qualidade de imagem da fita. Essa vertente que defende o digital se esquece que dentro dessa discussão toda florece o IMAX inaugurado em SP no dia 16 de janeiro deste ano, com direito à foguetório e tudo o mais e utiliza a película 70mm.para as exibições, aliás, duas fitas no 3D, como já tive a oportunidade de comentar.
    A meu ver representa uma contradição. E mais, semanas atrás foi lançado o filme Inimigos Públicos do diretor Michael Mann, que ainda não vi. Consta que foi totalmente rodado com câmeras digitais. Argumentam que esses equipamentos são muito mais leves do que as antigas em película e dão mais dinâmica nas imagens, etc e tal. Muito bem, se foi em digital porque não está sendo exibido nesse formato? Pelo que me consta, nas dezenas de salas em SP que tem o novo equipamento, nenhuma está mostrando na nova mídia, mas, em película, significando dizer que houve uma transferência do digital para fita para as exibições normais. Para mim, reles mortal, fica dificil de entender esse embróglio todo. Com você a palavra!
    Um abraço.

  7. Com a qualidde comprometida, vejo esse movimento como uma oportunidade de assistir a filmes antigos de faroeste americano, o Gordo e o Magro, e muitos clássicos. Uma dia tudo isso fará parta de uma história viva, que apenas usou outra tecnologia.

    Gostei de seu artigo.

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