Compartilhei um link para uma matéria que mostrava que a TV não é mais a tela preferida das crianças. Junto do link, comentei que a TV tecnicamente não é mais uma TV, mas sim um computador com tela gigante, onde é possível se ver desde programação das emissoras de TV até conteúdos sob demanda e internet.
A conversa continuou com algumas interações sobre a matéria. Em meio aos comentários, uma amiga perguntou, “Mas e a Publicidade? Como ficam agências e produtores de conteúdo se a audiência está migrando?”.
Essa é a grande questão que vem tirando o sono, tanto de produtores de conteúdo quanto das agências há alguns anos: com o fim do break comercial se aproximando, como fica a publicidade.
É um problema sem dúvida para o formato comercial das empresas que ai estão, dos três lados: agências; produtores de conteúdo e anunciantes. Como fazer pra chegar a informação sobre novo produto ou serviço para as pessoas, se elas estão deixando de ver TV com breaks comerciais (e ler revistas e jornais também).
Na realidade, isso já começou a se resolver. As duas maiores plataformas digitais da atualidade, Google e Facebook, vivem de publicidade e ela não é o break da TV. Search, posts patrocinados, pre-rolls em vídeo, são os formatos publicitários que em muitos mercados já superaram o investimento em TV, para onde o dinheiro parece estar se dirigindo.
Do lado do anunciante, muitas novas empresas, produtos e serviços, vêm se firmando e conquistando as pessoas sem qualquer uso de publicidade. Quando foi que você viu algum anúncio do Uber por ai? E do Waze? Instagram? Whatsapp? Já ouviu falar do NuBank?
A fórmula do desenho de serviço e crescimento orgânico não vale para qualquer tipo de produto, mas está provado que colocar um serviço realmente relevante e bem feito é o suficiente para conquistar novos clientes (ou usuários). Eles mesmos se encarregam de contar a novidade para os demais.
Para os produtores de conteúdo, a conta tenta ser equilibrada com novas fontes de receita, seja de assinaturas ou venda unitária em multicanais de distribuição. Netflix, Hulu, AppleTV, Amazon, Net Now, são exemplos de canais que distribuem conteúdo em troca de micropagamentos. E lá você encontra basicamente os mesmos grandes produtores (Fox, Universal, HBO, etc) que apostam nas megaproduções, mas há espaço para a cauda longa também dos independentes.
Se esses novos formatos de publicidade, forma de se criar serviços, produzir e se remunerar por conteúdo, vão ou não pagar a conta, é difícil dizer.
Vão pagar alguma conta, isso é certo, mas não dá pra dizer que irão pagar as contas das empresas que hoje estão aí.
A preocupação é geral mas, tenha certeza, todas as grandes corporações já estão mobilizadas procurando alternativas. Grandes grupos de comunicação apostando em novos formatos de agência e empresas; anunciantes trabalhando em inovação; grupos de conteúdo procurando novos formatos de criação e distribuição. E novos pure players aparecendo e mostrando novas e ainda mais interessantes alternativas.
Nada mais será como antes, isso é certo. Mas que vem muita coisa nova bacana por aí, não resta a menor dúvida. [Webinsider]
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Michel Lent Schwartzman
Michel Lent Schwartzman (michel@lent.com.br) é um empreendedor serial e especialista em marcas e negócios digitais, com sólida experiência em acompanhar carreiras e aconselhar empresas. Pioneiro na indústria digital, é formado em Desenho Industrial pela PUC-Rio e mestre pela New York University. Ao longo de quase 30 anos, fundou e dirigiu agências e atuou como CMO em grandes fintechs, além de prestar consultoria para diversas empresas globais