Esta semana, em mais um evento transmitido ao vivo para todo o mundo, a Apple apresentou suas novidades dos próximos 365 dias e, como de costume, atiçou o espírito consumista de boa parte da população, seja ou não macmaníaco (fanboy, e outros).
Fazendo breve uma longa história, três pontos a destacar: um iPad com 12,9 polegadas (tamanho da tela de um Macbook Air), uma nova Apple TV e o iPhone 6s (e 6s Plus, que destacaram o que a empresa da maçã chamou de “3D touch”, ou, a capacidade da tela reconhecer o grau de pressão do dedo e, com isso, apresentar diferentes respostas de acordo com a força com que se aperta).
Cada um destes três relançamentos incorpora conceitos interessantes e que prometem guiar os novos desenvolvimentos industriais daqui pra frente. Gostaria de tratar cada um destes três em diferentes artigos, começando pelo incrível, incomparável, revolucionário (campo de distorção da realidade da Apple incluso):
iPad Pro
“Vovó, por que um iPad com tela tão grande?”
“É pra te clicar melhor, chapeuzinho…”
Não, sério, apesar dos ágeis memes, a ideia é clara: para que você precisa de um notebook? Ou melhor, onde está a fronteira entre notebooks e tablets?
Para os que defendem a extinção dos notebooks e para os que consideram um “iPadzão” limitado para as atividades que desempenham, tenham em mente que o mundo tem ‘usuários’ e ‘usuários’ de computadores.
Existem aqueles que consomem todo o poder de processamento da máquina, seja com jogos, renderizadores de vídeo e animação, programas gráficos… e existem os usuários casuais, aqueles cujo MacBook de U$ 1.900,00 (no Brasil, acrescentar um zero após o 1, algo como R$ 10.900,00) será uma bela e cara máquina checadora de Facebook.
O usuário casual tem no notebook/tablet/smartphone nada mais que uma ferramenta para atividades cotidianas similares, independente de sua área de atuação ou formação. Checar e-mails, ferramentas sociais, internet em geral e, quando necessário, usar o trio Word-Excel-Powerpoint.
Mas eu não consigo fazer isso do meu tablet
Bem, a primeira parte sim, mas quando a coisa fica mais “séria” (também conhecido como: tenho que fazer alguma coisa útil no Office), o notebook usualmente respondia melhor em questões de visibilidade (tela) e inserção de dados (teclado/mouse).
O novo tablet quer eliminar estas barreiras, o que explica a presença de Kirk Konigsbauer, da Microsoft, numa convenção de apresentação do Surface iPad Pro – ainda que com teclado vendido separadamente por U$ 169,00.
A dúvida é: não estaria a Apple correndo o risco de, ao incrementar o iPad, torná-lo um concorrente cada vez mais direto dos MacBooks de entrada (a partir de U$ 999)?
Ou a companhia de Jobs considera que estes consumidores deixarão de comprar PCs (já que os Macs eram caros checadores de status de Facebook)?
Hummmm… Dell? HP? Positivo? Alguém opina?
P.S.: Lembra da escola de Bocaiúva (MG) que usou um MacBook como se fosse um iPad? Que trendsetter, hein! [Webinsider]
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JC Rodrigues
JC Rodrigues (@jcrodrigues) é publicitário pela ESPM, pós-graduado pela UFRJ, MBA pela ESPM. Foi professor da ESPM, da Miami Ad School e diretor da Disney Interactive, na The Walt Disney Company.